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O dólar operava com forte disparada frente ao real nesta quarta-feira (18), ampliando fortemente os ganhos da véspera e superando os R$ 6,25, à medida que os investidores seguem de olho na maior aversão ao risco no Brasil e repercutem também a decisão de política monetária do Federal Reserve.
O Federal Reserve cortou 0,25 ponto percentual na taxa de juros nos EUA. O custo dos empréstimos agora ficou na faixa de 4,25-4,50%, em linha com o esperado. Porém, deu várias sinalizações duras (hawkish, mostrando preocupação com a inflação) e sinalizou menores cortes de juros à frente, fortalecendo assim a divisa americana.
Uma previsão de um afrouxamento mais gradual dos juros é um fator positivo para o dólar, ao elevar o rendimentos dos Treasuries, o que dificulta ainda mais a perspectiva para moedas emergentes em 2025.
A moeda chegou a bater os R$ 6,268 durante a tarde, às 16h12.
Confira a cotação em tempo real: Conversor de Moeda
Qual é a cotação do dólar hoje?
Às 16h57, o dólar à vista subia 2,81%, a R$ 6,266 na compra e R$ 6,267 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,40%, a 6,136 pontos.
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Na terça-feira, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,10%, cotado a R$ 6,0982 – novo maior valor nominal de fechamento da história.
O Banco Central fará nesta sessão leilão de até 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
Dólar comercial
- Compra: R$ 6,250
- Venda: R$ 6,251
Dólar turismo
- Compra: R$ 6,151
- Venda: R$ 6,331
O que aconteceu com dólar hoje?
Na reta final do pregão, o dólar teve mais um fator para ganhos após a decisão do Fed, que reduziu a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual nesta quarta-feira e sinalizou que diminuirá o ritmo de corte adicional dos custos dos empréstimos dada uma taxa de desemprego relativamente estável e a pouca melhora recente na inflação.
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“Em linhas gerais, a decisão de hoje, embora em termos quantitativos tenha sido marcada por uma redução dos juros, apresentou diversos elementos hawkish por parte do FED em termos de atuação futura”, avalia Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.
Em uma conjuntura marcada por incertezas com relação à condução da política econômica dos Estados Unidos, especialmente em função da agenda defendida até aqui pelo presidente eleito Donald Trump, a interpretação que deve ser feita a partir dos dados e mensagem transmitidos é de que a instituição não se intimidará com pressões externas por parte da esfera política, e que caso a perspectiva de pressões inflacionárias a partir da implementação desta nova agenda econômica se materializem, a autoridade monetária do país estará pronta para agir e garantir que seus objetivos de longo prazo sejam cumpridos. Isso ainda que isto signifique sacrificar a trajetória de pouso suave que vinha sendo construída até aqui, avalia a economista.
Mais cedo, o foco dos investidores estava sobre a tramitação das medidas de contenção de gastos no governo.
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A Câmara dos Deputados aprovou na noite de terça-feira o texto-base do projeto que impõe travas para o crescimento de despesas com pessoal e incentivos tributários no caso de déficit primário — o Projeto de Lei Complementar 210, que faz parte do pacote fiscal.
No entanto, as notícias positivas não pareciam suficientes para impedir a alta do dólar nesta sessão. De acordo com Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o mercado deve acalmar quando todas as propostas do governo forem aprovadas nesta semana.
“A ideia é que caso (os parlamentares) consigam aprovar tudo dentro dos trabalhos legislativos de 2024, o mercado se tranquilizaria”, disse Spiess.
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Ele avaliou, no entanto, que o atual pacote do governo é “medíocre e insuficiente”, o que cria a necessidade do anúncio de novas medidas para que as expectativas do mercado sejam totalmente reancoradas.
Diante da crescente desvalorização do real, que na terça-feira encerrou o dia em 6,0982 reais — maior valor nominal de fechamento da história –, o Banco Central tem realizado uma série de leilões extraordinários, incluindo leilões de dólares à vista e vendas com compromisso de recompra.
Na terça-feira, a autarquia vendeu mais de 3,2 bilhões de dólares á vista em dois leilões, totalizando mais de 12,75 bilhões de dólares vendidos desde quinta-feira, quando se iniciou a sequência de intervenções no câmbio.
No entanto, os leilões têm no máximo reduzido temporariamente os ganhos da moeda norte-americana.
A aparente ineficiência das intervenções da autoridade monetária tem acendido alertas no mercado de que o país poderia já estar em um cenário de dominância fiscal — quando o descontrole orçamentário gera perda de efeito da política monetária e acaba por comprometer ainda mais as contas públicas.
(Com Reuters)