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Dólar sobe forte e fecha cotado a R$ 5,421, renovando a máxima desde janeiro de 2023

Moeda refelte deterioração das expectativas para a economia

Felipe Moreira

Notas de dólar (REUTERS/Gary Cameron)
Notas de dólar (REUTERS/Gary Cameron)

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O dólar acelerou os ganhos ante o real nesta segunda-feira (17), com investidores repercutindo a piora nas expectativas do mercado para inflação, juros e câmbio na abertura de uma semana que terá como foco a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na quarta-feira sobre a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.


Esse movimento foi na contramão do exterior e fez a moeda encerrar a sessão em R$ 5,421 na compra e na venda, alta de 0,73%. Essa é a maior cotação desde os R$ 5,452 do dia 4 de janeiro de 2023.

Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar à vista subiu 0,73%, a R$ 5,421 na compra e na venda. Na máxima, chegou a R$ 5,43. Já o contrato futuro de primeiro vencimento avançava 0,86%, aos 5.429 pontos por volta das 17h30.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto

Dólar comercial

Dólar turismo

O que acontece com moeda hoje?

Enquanto o dólar perdeu força no exterior, com o dollar index recuando 0,21% por volta das 17h30, a moeda se fortaleceu no Brasil em meio às pioras das expectativas para a inflação e taxa de juros.
Mesmo após ter acumulado altas semanais nas quatro semanas anteriores, o dólar voltou a subir nesta segunda-feira com profissionais citando o mal-estar dos investidores com o cenário fiscal brasileiro.

A mediana das projeções para o dólar subiu em todo o horizonte da pesquisa Focus divulga nesta segunda (17), passado de R$ 5,05 para R$ 5,13 em 2024 e de R$ 5,09 para R$ 5,10 em 2025. A de 2026 avançou de R$ 5,10 para R$ 5,12 e a de 2027 passou de R$ 5,11 para R$ 5,15.

As projeções dos analistas para a inflação e a taxa Selic em 2024 também subiram nesta semana, enquanto a da evolução do PIB recuou.

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“Temos clareza que são as questões domésticas que influenciam as cotações: o desgaste político do governo, os alertas dos jornais para as dificuldades, o diálogo ruim com o Congresso e o fim do espaço de ajuste fiscal pelo lado das receitas”, citou André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online.

Segundo ele, a questão fiscal colocou nesta sessão o mercado de câmbio brasileiro na contramão do índice do dólar, que cedia ante uma cesta de divisas fortes. Ao mesmo tempo, a queda do minério de ferro — importante produto de exportação do Brasil — penalizava mais uma vez o real.

“O (real do) Brasil é visto como uma commodity currency (moeda commodity). Sempre que a China perde força, o real também perde força”, disse pela manhã Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

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“Aliás, o real já se desvaloriza mais de 10% no ano. Ele está sofrendo muito desde que começou este movimento de deterioração do Brasil, que vai completamente na contramão do que está acontecendo lá fora”, acrescentou, lembrando que a economia norte-americana vai bem.

As preocupações com a área fiscal seguiram permeando os negócios, assim como a cautela antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na quarta-feira. Na curva de juros, a precificação aponta para manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano, mas o mercado aguarda para saber se a decisão do Copom será novamente dividida.

Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que nova divisão de votos voltará a estressar os ativos no Brasil — em especial o câmbio, bastante sensível ao aumento da percepção de risco.

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(Com informações da Reuters)