Dólar cai 0,6%, abaixo de R$ 5,60, com possível medida de corte de gastos do governo

Corte de gastos trouxe alívio para a preocupação do mercado com o fiscal brasileiro, e ajudou o real a ir na contramão dos pares globais

Equipe InfoMoney

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O dólar fechou em queda ante o real nesta segunda-feira (14), voltando para um patamar abaixo dos R$ 5,60, após notícias de que o governo Lula se prepara para apresentar medidas de contenção de gastos depois das eleições municipais.

O recuo no Brasil ocorreu a despeito de, no exterior, a moeda norte-americana estar em alta ante a maioria das demais divisas emergentes.

Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar comercial fechou em queda de 0,59% nesta segunda-feira, a R$ 5,582 na compra e na venda. Na semana passada, a divisa acumulou ganhos de 2,92%, enquanto em outubro a alta acumulada é de 2,45%.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) tinha queda de 0,39% no fim do dia, a 5.589 pontos.

Leia também: Dólar pode seguir se valorizando com juros altos por mais tempo nos EUA?

Dólar comercial

Dólar turismo

O que aconteceu com o dólar hoje?

Pela manhã, o dólar chegou a oscilar em alta ante o real, em linha com o avanço visto no exterior. Investidores apostavam na moeda em meio à percepção de que o Federal Reserve cortará os juros em 25 pontos-base em novembro, e não em 50 pontos-base.

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O real também era pressionado após o Ministério das Finanças da China prometer “elevar significativamente” a dívida do país para impulsionar a economia, mas sem informar o tamanho total do estímulo, o que decepcionou os agentes financeiros.

A China é um dos maiores compradores de minério de ferro e soja do mundo, dois dos principais produtos de exportação do Brasil.

Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima do pregão, de R$ 5,6530 (+0,67%), às 9h38, ainda na primeira hora de negócios.

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O principal gatilho para o recuo da moeda, entretanto, surgiu no início da tarde. A mídia noticiou que o governo está preparando medidas de contenção de gastos obrigatórios, que devem ser apresentadas após o fim do segundo turno das eleições municipais.

Segundo duas autoridades do Ministério da Fazenda, o tema é tratado com mais prioridade dentro da pasta do que o aumento da isenção do Imposto de Renda (IR) para os trabalhadores que ganham até R$ 5.000 mensais.

Um primeiro pacote deve atacar gastos específicos, iniciativa que será acompanhada de um segundo eixo, com propostas mais estruturais e “mais duras”.

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“O que elevou o dólar até a última sexta-feira foi a preocupação com o fiscal. Então hoje, com esta notícia, o mercado aproveitou para realizar lucros”, comentou à tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik. “Com o governo falando em cortar gastos, o mercado realizou e o dólar caiu, em total descompasso com o exterior”, acrescentou.

No melhor momento da sessão, às 14h47, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de R$ 5,5654 (-0,89%). Até o encerramento, a moeda recuperou um pouco de fôlego, mas ainda assim terminou em baixa ante o real, na contramão do exterior.

O real superava o desempenho de seus pares emergentes, que sofriam com a aversão ao risco no exterior, com investidores se mostrando decepcionados com notícias sobre o pacote de estímulo da China.

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A força da moeda norte-americana no exterior ainda era sustentada pela consolidação das apostas de um afrouxamento monetário gradual por parte do Federal Reserve em suas próximas reuniões, após dados da semana passada mostrarem uma inflação ao consumidor mais alta do que o esperado nos EUA.

O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,31%, a 103,19 pontos.

(com Reuters)