Dólar bate máxima de R$ 5,70, mas ameniza e fecha a R$ 5,66 com rumor sobre BC

Banco Central teria consultado tesourarias no final das negociações do dia para avaliar o apetite do mercado por dólares à vista

Equipe InfoMoney

Publicidade

Após subir quase 0,80% no dia e ultrapassar uma máxima de R$ 5,70, o dólar a vista devolveu a maior parte de seus ganhos e fechou com uma alta de 0,22%, a R$ 5,665.

As negociações desta terça-feira (2) foram extremamente voláteis, com a moeda abrindo em queda e logo no início do dia virando para alta após novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central e a promessa de que o governo discutirá medidas para o câmbio.

Na reta final da sessão, uma nova virada fez a moeda zerar os ganhos, com rumores de que o BC estaria consultando tesourarias sobre uma intervenção.

Continua depois da publicidade

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos 

Qual a cotação do dólar hoje?

O dólar comercial fechou em alta de 0,22%, a R$ 5,665 na compra e R$ 5,665 na venda, mas chegou a bater R$ 5,701 na máxima intradia. Na B3, o contrato de dólar futuro para agosto fechou quase no zero a zero, com ligeira alta de 0,04%, a 5,677 pontos.

Leia mais: Especulação? As narrativas de Lula e BC sobre salto do dólar – e o impacto no mercado

Continua depois da publicidade

Trata-se do maior preço de fechamento desde 10 de janeiro de 2022, quando o câmbio terminou o dia em R$ 5,6723. Na véspera, o dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,653 na venda, em alta de 1,15%.

Dólar comercial

Dólar turismo

O que acontece com dólar?

Em uma sessão de forte volatilidade, o dólar começou as negociações em queda, mas virou para alta após o presidente Lula criticar novamente o Banco Central e afirmar que era preciso “fazer alguma coisa” em relação à alta do dólar ante o real. A moeda subiu a quase 0,8% e ultrapassou o preço de R$ 5,70.

Na reta final do pregão, o dólar zerou a alta em meio a rumores do mercado de que o BC teria feito consultas a tesourarias. Consultas deste tipo são comuns em momentos de maior estresse, como o atual, para que o BC possa medir o apetite do mercado por dólares à vista ou por contratos de swap.

Continua depois da publicidade

A instituição vem repetindo que somente vai intervir no câmbio, promovendo novos leilões de moeda, se perceber disfuncionalidades.

Mais cedo, o presidente evitou detalhar qual medida seria tomada em relação ao dólar, “porque senão estarei alertando meus adversários”. Lula afirmou que há atualmente um ataque especulativo ao real, acrescentando que voltará a Brasília na quarta-feira (3) e discutirá o que fazer. Ele também voltou a criticar o Banco Central, dizendo que a autarquia não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado.

Profissionais do mercado afirmaram que a possível intervenção do governo no câmbio gerava receios. Uma das possibilidades levantadas era a de mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações cambiais, para segurar a escalada da moeda norte-americana.

Continua depois da publicidade

Em Brasília, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou no fim da manhã que não há possibilidade de o governo mexer no IOF. Segundo ele, a melhor maneira de conter a desvalorização do real é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do BC.

Em 2024, a moeda norte-americana acumula elevação próxima de 17%.

“Quem intervém no câmbio é o BC, não o ministério da Fazenda”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. “O que o presidente Lula pode fazer no câmbio é tranquilizar o mercado, dizendo que vai cortar gastos. Quando o mercado acredita que o problema é de credibilidade, ações como alterar o IOF são momentâneas”, acrescentou.

Continua depois da publicidade

Nos últimos dias, profissionais ouvidos pela Reuters têm afirmado que a acomodação do dólar ante o real passa justamente pelo fim dos ataques recorrentes de Lula ao BC e por medidas que equilibrem as contas públicas.

Alvo de Lula em suas declarações, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou durante a manhã que a autarquia tem que ficar fora da “arena política” e argumentou que o tempo mostrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.

“Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir”, acrescentou Campos Neto, que deixará o comando da instituição no fim de dezembro. Ele participou de evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.

(com Reuters)