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SÃO PAULO (Reuters) – O dólar à vista terminou a quinta-feira praticamente estável ante o real, numa sessão marcada pela disputa entre investidores para formação da Ptax de fim de mês e por dados de inflação dentro do esperado nos Estados Unidos, que reforçaram as apostas de que o Federal Reserve pode começar a cortar juros em junho.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 4,9717 na venda, em leve alta de 0,01%. Em fevereiro, a moeda norte-americana acumulou elevação de 0,67%. Na B3, às 17:12 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,37%, a R$ 4,9835.
O dólar apresentou maior volatilidade na primeira metade da sessão, com a disputa pela Ptax — uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista e que serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Investidores que estavam comprados no mercado futuro forçaram o dólar à vista até uma máxima de R$ 4,9997 (+0,57%) às 10h03 — horário dentro do período da primeira coleta de cotações, pelo BC, para cálculo da Ptax.
De acordo com um operador ouvido pela Reuters, os comprados também foram favorecidos pelo fato de alguns agentes estarem comprando dólares, para proteção, antes da divulgação do índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) nos EUA, às 10h30.
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Quando os números norte-americanos saíram, o cenário mudou. O Departamento de Comércio dos EUA informou que o índice PCE subiu 0,3% em janeiro e que o número de dezembro foi revisado para baixo, mostrando aumento de 0,1%, em vez do 0,2% informado anteriormente. Nos 12 meses até janeiro, a inflação do PCE foi de 2,4%. Esse foi o menor aumento anual desde fevereiro de 2021 e seguiu-se a um avanço de 2,6% em dezembro.
Os números foram bem recebidos por estarem dentro das projeções dos economistas. Profissionais consultados pela Reuters previam que o índice PCE subiria exatamente 0,3% em janeiro e 2,4% em base anual. Como não houve surpresas inflacionárias no PCE, o mercado avaliou que aumentaram as chances de o Fed iniciar o processo de corte de juros em junho, o que imediatamente pesou sobre as taxas dos títulos norte-americanos e, em paralelo, sobre o dólar ante as demais divisas.
No Brasil, o dólar à vista chegou a saltar para o território negativo, marcando a mínima de R$ 4,9622 (-0,18%) às 12h32.
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“O dólar se manteve em alta até sair o PCE, que veio em linha com o esperado. O dado mostrou que a inflação está dentro do que se espera nos EUA e que pode não haver um novo adiamento do corte de juros pelo Fed”, comentou Matheus Massote, especialista de câmbio da One Investimentos.
À tarde, definida a Ptax (em R$ 4,9833 para venda), o efeito da disputa entre comprados e vendidos desapareceu e o dólar à vista passou a oscilar muito próximo da estabilidade.
Isso ocorreu a despeito de, no exterior, o dólar recuperar parte da força do início da sessão e sustentar ganhos ante uma cesta de moedas fortes.
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Às 17:12 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,19%, a 104,130.
Durante a tarde, o Banco Central informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 2,317 bilhões de dólares em fevereiro até o dia 23. Pelo canal financeiro, houve saídas líquidas de 4,231 bilhões de dólares e, pelo comercial, entradas de 1,914 bilhão de dólares.
Pela manhã, o BC vendeu todos os 16.900 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.