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Dólar (DXY) ganha força no exterior com alto rendimento do Tesouro dos EUA, mas cai no Brasil; entenda

Avanço dos treasuries yields e outros fatores fortalecem moeda americana; Real, contudo, vem ganhando força nos últimos dias

Vitor Azevedo

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O DXY, índice que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, opera desde a véspera acima dos 105 pontos, no patamar mais alto desde novembro de 2022. No Brasil, contudo, a moeda americana vem perdendo força.

Nesta sexta-feira, os mercados cambiais operam mais próximos da estabilidade, com investidores evitando se posicionar antes das decisões de política monetária nos EUA e no Brasil, na próxima quarta-feira (20). No entanto, a moeda americana (DXY) se encaminha para nona semana seguida com valorização.

Por volta das 14h30, o DXY cedia 0,16%, a 105,24 pontos. Enquanto isso, o dólar comercial opera praticamente estável, com menos 0,01%, cotado a R$ 4,871 na compra e a R$ 4,872 na venda.

“Nos últimos meses, alguns fatores vêm contribuindo para a valorização do DXY. Entre eles, podemos destacar a inflação persistente nos Estados Unidos”, expõe Bruno Nascimento, analista de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio.

DXY: Dólar acompanha valorização dos treasuries

A força da moeda americana mundialmente vem avançando na esteira da movimentação dos treasuries yields, que são os rendimentos pagos pelos títulos do tesouro americano. Os de dez anos operam na faixa dos 4,322% nesta sexta, sendo que há um mês negociavam a uma taxa de 3,70%.

Os títulos americanos são considerados os “mais seguros do mundo”. Quando seu rendimento sobe, há um fluxo de capital para os Estados Unidos, o que acaba, consequentemente, fortalecendo o dólar.

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“O mercado está fechado (apostando) em uma pausa dos juros pelo Fomc [Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês, equivalente ao Copom] na semana que vem. Uma alta de juros pode alavancar ainda mais o DXY”, acrescenta Nascimento.

Conforme a ferramenta FedWatch, da CME, há uma expectativa de 97% de que o Federal Reserve mantenha inalterado os juros nos EUA.

EUA: Economia aquecida

Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance, lembra que, na véspera, dados macroeconômicos dos Estados Unidos trouxeram sinalizações de que a economia, por lá, está mais aquecida do que o esperado anteriormente.

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A inflação ao produtor (PPI, na sigla em inglês) e as vendas do varejo de agosto vieram acima dos consensos, o que reforça a tese de que o Federal Reserve pode ser mais duro em suas ações para controle de preços.

“O dólar também surfa a onda do exterior, já que o Banco Central Europeu (BCE) chegou no seu teto de aumento de juros. Isso acontece com a economia do bloco próxima a uma recessão, fortalecendo demais o mercado americano”, expõe.

Ontem, a autoridade monetária da União Europeia elevou os juros do bloco em 25 pontos-base, para 4,50% – abaixo do atual patamar da fed funds, que está no intervalo entre 5% e 5,25%. A economia europeia, contudo, traz sinais de desaceleração enquanto a americana ainda avança.

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DXY: Alta frente moedas fortes

“O índice DXY avalia a força do dólar americano em relação a uma cesta de outras seis moedas fortes, das quais o euro representa 57%. Isso aconteceu após o Banco Central Europeu (BCE) aumentar as taxas de juros novamente, buscando alcançar sua meta de inflação”, diz Diego Costa, head de câmbio da B&T para o Nordeste.

“O ponto crucial aqui é que a Europa está enfrentando sérias dificuldades para retomar o crescimento. Enquanto a inflação é uma preocupação, a atividade econômica não apresenta sinais de recuperação”, fala costa.

Dólar versus real

No Brasil, nos últimos dias, no entanto, o dólar vem com tendência de queda, em relação ao real.

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“Vimos o dólar enfraquecer no cenário doméstico, atingindo sua menor cotação em setembro. Isso se deve a um panorama mais previsível em relação às taxas de juros no exterior e à vitória do governo com a aprovação dos jogos esportivos por meio de plataformas online no Congresso, visando aumentar a arrecadação. Isso deve melhorar o fiscal”, analisa Costa.

Evandro Caciano, da Trace Finance, vai no mesmo caminho e destaca também que o real vem se valorizando por conta da melhora – aparente – que vem ocorrendo na economia da China.

“O país asiático é um grande comprador de commodities e puxa a gente (o Brasil), com nossa balança comercial. A China trouxe hoje dados bons e isso ajuda nossa moeda”.

Mais cedo, a China divulgou uma série de indicadores econômicos, que apontaram para um leve aquecimento em relação tanto aos meses anteriores quanto às projeções de analistas.

Com consequência, o preço do minério de ferro, em Cingapura, terminou com alta de 8%, no maior fechamento semanal desde o início de junho.