Dólar: conservadorismo do BC poderia trazer algum ajuste para a taxa de câmbio

Não que seja a aposta majoritária, mas corte de 25 pontos-base na Selic em junho poderia trazer alguma correção

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SÃO PAULO – Mesmo considerando alguma mudança de estratégia, as intervenções do Banco Central, seja no mercado à vista ou no de derivativos, não estão conseguindo e não deverão conseguir enxugar a oferta de dólares no curto prazo, uma vez que os influxos financeiros e comerciais não dão sinais de desaceleração.

Em complemento, a situação na qual as variações do câmbio vinham razoavelmente em linha com as quedas no risco-país simplesmente desapareceu em maio, o que indica que essa correlação continuará baixa nos próximos meses.

Ou seja, o real pode ter perdido um driver importante e, apesar do potencial de queda cada vez menor, o risco-país dificilmente funcionará como limitador para a valorização do real no curto prazo.

Não perca a oportunidade!

Correlação entre juros futuros e câmbio pode crescer

A avaliação anteriormente descrita é de Luciano Sobral, do banco Santander. O analista acredita que, se a correlação entre o risco-país e a taxa de câmbio se mostrar realmente diluída nas próximas sessões, caberá uma nova observação sobre o que influenciará a cotação da moeda no futuro próximo.

“Acreditamos que esse papel será desempenhado principalmente pelos fluxos de investimento de portfólio, especialmente em renda fixa, com os estrangeiros tentando lucrar com a normalização dos juros nominais. Devemos passar a observar, portanto, uma maior correlação entre movimentos nos juros futuros e o câmbio”.

Copom pode trazer ajustes ou ampliar valorização

A aposta é de que o real vai seguir se valorizando no curto prazo. Ainda não há sinais de um fluxo comercial expressivamente maior, mas também nenhuma indicação em relação ao contrário, e os fluxos financeiros devem continuar enquanto os preços dos ativos brasileiros continuem atrativos vis-à-vis o cenário de queda de juros precificado pelo mercado.

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Mas é exatamente este ponto, as incertezas em relação ao futuro da taxa Selic, que pode trazer algum ajuste às cotações, avalia Luciano Sobral. “Caso o Copom implemente um corte 50 pontos-base em junho, é provável que a tendência de apreciação continue”.

“Caso o corte atenda às nossas expectativas e seja de 25 pontos-base, o mercado pode passar a precificar uma queda mais lenta nos juros e realizar lucros (no mercado de ações) – nesse caso, o câmbio também sofreria uma correção”, acredita o analista do Santander.

Não é a aposta majoritária

É esperar para ver, mas, aos interessados em comprar dólar, não poderíamos deixar de mencionar que uma parcela significativa do mercado e dos analistas consultados pela InfoMoney trabalha com a possibilidade de o Copom aumentar o ritmo de redução da taxa de juros em junho.