Dólar alto e Ibama: Santander vê efeitos diferentes para petroleiras e cita preferida

Empresas com mais operações no onshore (explorações em terra) tendem a se beneficiar; 3R é a ação preferida do banco

Equipe InfoMoney

Foto: Reuters
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Desvalorização constante do real, que já supera os R$ 5,40, e o impacto da greve do Ibama nos licenciamentos são questões acompanhadas de perto pelos investidores em petroleiras brasileiras.

Em revisão do setor, os analistas do Santander Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz apontaram que as empresas com maior exposição às operações onshore (desenvolvidas em terra) devem se destacar em meio ao cenário atual de real desvalorizado e problemas contínuos com licenciamento ambiental em nível federal. Ou seja, 3R Petroleum (RRRP3) e PetroRecôncavo (RECV3).

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“Acreditamos que o público em geral possa ter uma ideia errada e assumir que 3R, Enauta (ENAT3), PetroReconcavo e PRIO [PRIO3] têm os mesmos modelos de negócios. No entanto, há diferenças fundamentais nos modelos de negócios e regulatórios, especialmente quando comparamos atividades de E&P [exploração e produção] onshore e offshore [estas últimas operações que ocorrem em áreas oceânicas] e estruturas de custos”, avaliam os analistas do banco.

A conclusão é que o atual ambiente de real desvalorizado e problemas com licenciamento ambiental federal colocam os players com exposição a operações onshore em posição diferenciada, uma vez que possuem receitas em dólar, a maior parte das despesas operacionais (opex) em real e dependem de licenciamento ambiental por agências estaduais, e não do Ibama (em oposição a mais despesas operacionais em dólares e licenciamento ambiental federal para operações offshore).

O banco reiterou 3R e Enauta como as suas Top Picks no Brasil, seguida pela PetroReconcavo, pois também são as empresas que têm maior exposição às operações onshore entre os players listados (cerca de 75% do valor da firma da 3R e 100% do valor da PetroReconcavo).

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Confira as recomendações do banco para as petroleiras:

EmpresaTickerRecomendaçãoPreço-alvo
PRIOPRIO3Outperform**R$ 77
PetroReconcavoRECV3OutperformR$ 23
3R Petroleum*RRRP3OutperformR$ 48
EnautaENAT3OutperformR$ 39
*Top pick
**outperform – desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra

Efeitos dólar e Ibama

O dólar mais forte beneficia as receitas de todas as empresas. Contudo, o banco vê PetroReconcavo e da 3R como as mais beneficiadas ao olhar para o efeito na relação entre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) e FCF (fluxo de caixa livre), dadas as suas estruturas de custos denominadas em reais na operação onshore.

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Em um cenário de desvalorização cambial, isso deverá se traduzir em uma expansão considerável da margem Ebitda para PetroReconcavo (90% do opex em reais) e 3R Petroleum (cerca de 75 % do Opex em reais para operações de upstream, ou exploração e produção, inferior à PetroReconcavo dada sua exposição offshore).

No lado offshore, possuir ou alugar plataformas de petróleo FPSOs também faz diferença, com a PRIO tendo cerca de 50% e a Enauta 25% do opex em reais, dado que a PRIO possui suas FPSOs e a Enauta aluga as FPSOs Petrojarl atualmente utilizadas em Atlanta.

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No caso do capex (despesas de capital), o banco observa que a maioria das empresas tem alta exposição ao dólar , embora a PetroReconcavo tenha uma participação maior (cerca de 80%) do capex em real.

“Como pano de fundo, embora vejamos todas as empresas de E&P se beneficiando de maiores receitas em reais devido ao dólar mais forte, esperamos que o Ebitda e o FCF da PetroReconcavo e da 3R se beneficiem desproporcionalmente, dada a alta representação dos custos em reais em seus opex”, avaliam.

Já os problemas com o licenciamento ambiental federal devem afetar os operadores offshore como PRIO e Petrobras (PETR4), especialmente devido a uma potencial greve no Ibama, enquanto PetroReconcavo e a 3R seguem com seus programas de trabalho conforme planejado e sem interrupções significativas em seu portfólio onshore.