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SÃO PAULO – A alta do dólar não é algo novo. Ainda no primeiro semestre, o cenário externo tirou a moeda norte-americana do patamar de R$ 3,20 para chegar a R$ 3,86, o que já teve grande impacto no resultado de diversas empresas da bolsa.
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Agora a eleição começa a gerar cada vez mais tensão, levando o dólar para sua máxima histórica, em R$ 4,20, na semana passada, e mesmo com um pequeno “alívio”, a moeda se mantém acima do patamar de R$ 4,10. Possivelmente, agora veremos um cenário de real desvalorizado pelo menos até o fim deste ano, podendo se prolongar a depender do resultado da eleição.
Mas se para quem vai viajar este é um grande problema, para algumas empresas da bolsa o cenário pode ser muito positivo. Confira abaixo as principais empresas favorecidas e prejudicadas pela alta do dólar:
Papel e Celulose (impacto positivo)
Duas das empresas mais afetadas com a movimentação cambial são a Fibria (FIBR3) e Suzano (SUZB3), principalmente pelo fato de que o preço da celulose é cotado em dólar. Por serem grandes exportadoras, a alta do dólar favorece muito o negócio delas. No caso da Fibria, mais de 90% de sua receita é em moeda norte-americana, enquanto apenas 20% de seus custos são em dólar. Isso ajuda a ofuscar o fato de que boa parte da dívida da empresa é denominada em moeda estrangeira, tornando a alta da divisa bastante favorável para a empresa. A Suzano também tem grande parte da receita lastreada em dólar, cerca de 70%, e menos de 30% dos custos na moeda norte-americana, sendo que em seu caso também há uma grande parte da dívida na divisa estrangeira. Outra empresa do setor na bolsa, a Klabin (KLBN11), possui uma parte menor da sua receita atrelada ao dólar, mas também é favorecida. Embraer (impacto positivo)
Outras da principais companhias afetadas pelo dólar é a Embraer (EMBR3), que tem aproximadamente 90% de sua receita proveniente de exportações. Enquanto isso, a companhia faz hedge e usa estratégias de alocação de caixa para mitigar os riscos cambiais em seus custos e se aproveitar de cenários de alta da moeda. “Ajustando a alocação do caixa em ativos denominados em reais ou dólares, a companhia busca neutralizar sua exposição cambial sobre as contas do balanço”, explica a empresa. Segundo o mais recente balanço da Embraer, ao final do segundo trimestre 2T18, o caixa alocado em ativos denominados em dólar era de 81%. Siderúrgicas (impacto misto)
Entre as siderúrgicas listadas na Bovespa, a Gerdau (GGBR4) é a mais favorecida pela alta do dólar, já que 70% da sua receita e 50% do seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estão atrelados à moeda norte-americana. Este cenário ocorre porque a companhia tem forte atuação no mercado dos EUA, de onde vem grande parte de seu negócio. Por outro lado, a empresa tinha, em 30 de junho, 83,7% de sua dívida bruta em dólar, enquanto 70,3% do caixa eram detidos pelas empresas Gerdau no exterior, principalmente em dólar. A holding Metalúrgica Gerdau (GOAU4) é outra que é positivamente impactada por ter grande participação na siderúrgica, refletindo assim os seus movimentos. Já a Usiminas (USIM5) e acaba sendo mais prejudicada, por ter dívida em moeda estrangeira e por conta de aumento nos custos. Em seu mais recente resultado, a companhia explicou que teve perdas de R$ 149,8 milhões no segundo trimestre por conta da valorização do dólar. Enquanto isso, em 30 de junho, 22% da dívida total da siderúrgica estava em dólar. A CSN (CSNA3), por sua vez, tem impacto cambial em seus custos. Em seu release do segundo trimestre, a companhia afirmou que “o custo dos produtos vendidos somou R$ 4,124 bilhões, 12% superior início do ano, pelo maior volume de vendas no período e ao aumento do preço das matérias primas (carvão e coque metalúrgico) em função da Por outro lado, a exposição cambial líquida em 30 de junho foi de US$ 1,035 bilhão. A empresa explica, porém, que o “Hedge Accounting” adotado correlaciona o fluxo projetado de exportações em dólar com parte dos Vale (impacto positivo)
A Vale (VALE3) é outra empresa bastante favorecida pela alta do dólar, já que é uma das maiores exportadoras do país, com quase 100% de sua receita em moeda estrangeira. Além disso, a companhia é bastante favorecida pela variação cambial no preço do seu principal produto, o minério de ferro, já que ela produz no Brasil e exporta a commodity. Na mesma linha, a Bradespar (BRAP4), por ser uma holding com grande participação na mineradora, também é impactada positivamente. A companhia não é 100% atrelada ao movimento da Vale, mas tem grande correlação, ou seja, quando a mineradora sobe, a tendência é ela também avançar na bolsa. Frigoríficos (impacto positivo)
Estas empresas costumam ter uma parcela de seu negócio envolvendo operações no exterior, seja por meio de fábricas em outros países ou exportações de produtos. Por conta disso, a recente alta do dólar tende a ter um forte impacto positivo nestas companhias. A Minerva (BEEF3) é uma das mais impactadas pelo movimento cambial, já que tem cerca de 70% de suas receitas de vendas de carnes proveniente do mercado externo. Com grandes operações no exterior, mas com menor parcela de seu resultado, ainda são favorecidas pela alta do dólar a Marfrig (MRFG3), JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3). Por outro lado, essas companhias também têm boa parte de suas dívidas em moeda estrangeira, o que reduz o impacto positivo da variação cambial. Autopeças (impacto positivo)
Em um setor que passou por grandes dificuldades nos últimos anos, a fabricante de autopeças Iochpe-Maxion (MYPK3) está ganhando um pequena “ajuda” com o dólar, já que tem cerca de 70% de suas receitas vindas do exterior. Já a fabricante de motores Weg (WEGE3) também tem muita exposição lá fora, em mercados como Estados Unidos e Europa. A empresa tem 50% de sua receita com origem no exterior. Dentro do setor, também se beneficiam da valorização do dólar a Tupy (TUPY3) e a Metal Leve (LEVE3). Sabesp (impacto negativo)
A Sabesp (SBSP3) é uma das empresas com maior exposição da dívida em dólar dentre aquelas que fazem parte do setor de utilities (empresas de saneamento básico e energia). A companhia não possui faturamento em dólar e mais de 20% da sua dívida está indexada à moeda norte-americana, encarecendo suas despesas com juros e amortizações. Gol (impacto negativo)
A Gol (GOLL4) é umas das empresas que mais se prejudica com a alta do dólar. Apesar de contar com uma pequena parcela de sua receita na moeda norte-americana, mais de 50% dos seus custos também são denominados em dólar, oriundo da compra de combustível (insumo essencial do negócio da companhia), que também tem sua cotação na divisa estrangeira. Além disso, cerca de metade de seu endividamento está exposto a variações cambiais. Ou seja, a situação financeira da companhia piora quanto mais o dólar vale em relação ao real. Petrobras (impacto misto)
A alta do dólar ajuda nas exportações da Petrobras (PETR3; PETR4), já que o petróleo é precificado em dólar. Aproximadamente 40% de sua receita é proveniente da venda de derivados, gasolina e diesel, que, foram alvo de polêmica durante a greve dos caminhoneiros. A questão envolve exatamente o repasse da variação do petróleo – e do câmbio – para os combustíveis, que vinham ocorrendo de forma diária, o que ajudava a empresa a evitar perdas com a variação dos preços. Outra questão é a dívida da companhia, que tem conseguido reduzir, mas ainda possuí uma grande parcela em moeda estrangeira. Recentemente, a Petrobras afirmou que projeta encerrar o ano com dívida de US$ 69 bilhões. Vale destacar ainda que a estatal sofre de grande impacto político, ou seja, se o dólar está subindo por conta das eleições, o peso da tensão no país acaba sendo maior do que um possível impacto positivo da alta da moeda. E-commerce (impacto misto)
A alta do dólar pode ter um impacto bastante negativo para as varejistas, em especial as de e-commerce, por conta da compra de produtos de fornecedores, o que gera repasse ao consumidor e pode levar a um efeito indireto de redução de vendas. Porém, nem todo mundo diz sofrer com esta valorização da moeda. Recentemente, o presidente do Magazine Luiza (MGLU3) Frederico Trajano, disse que o câmbio é o único elemento no cenário macroeconômico atual que pode afetar o desempenho do varejo. Ele avaliou que o ambiente de instabilidade da moeda brasileira gera incertezas e pode afetar negociações com fornecedores e os preços ao consumidor no quarto trimestre deste ano e em 2019. Esse cenário de moeda brasileira depreciada pode refletir nas próximas negociações com fornecedores. Até o momento, segundo ele, o desafio tem sido a instabilidade, algo que “trava” as negociações. Outra impactada na bolsa também é a B2W (BTOW3). Por outro lado, em entrevista ao InfoMoney, Paulo Naliato, COO (chief operational officer) da Via Varejo (VVAR11), disse que apesar do dólar ser uma pressão para todos, ele não teme tanto a disparada da moeda. Segundo ele, os patamares de estoque com que a dona das Casas Bahia e Ponto Frio trabalha criam uma situação mais confortável para a empresa se comparada à concorrência. “Comparando a Via com qualquer outro concorrente, temos negociações que já aconteceram e estamos com um estoque que nos permite negociar bem, porque estamos bem abastecidos, e gerenciar o repasse do aumento para o cliente em uma condição diferente do que os nossos concorrentes conseguem”, explica Naliato. Shoppings (impacto negativo)
A General Shopping (GSHP3) também é bastante impactada negativamente por conta da valorização do dólar. Com um endividamento de 60% atrelado à moeda estrangeira, a companhia piora bastante o seu financeiro com o atual cenário. Quer investir em ações pagando só R$ 0,80 de corretagem? Clique aqui e abra sua conta na Clear
apreciação do dólar frente ao real”.
vencimentos futuros da dívida na mesma moeda. Com isso, a variação cambial de parte da dívida em dólar fica registrada temporariamente no patrimônio líquido, sendo levada ao resultado quando ocorrerem as receitas em dólar provenientes das referidas exportações. Ou seja, a CSN faz uma espécie de proteção para evitar perdas com a variação cambial.