Dividendos atraentes ou avaliação barata: qual é a melhor ação de energia na Bolsa?

Elétricas podem passar por mudanças que limitariam dividendos; veja recomendação de analistas

Camille Bocanegra

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Poucos setores da Bolsa oferecem uma combinação tão atrativa para investidores quanto o de energia. Isso acontece tanto por fatores como a distribuição atraente de dividendos ou pelo fluxo de caixa mais consistente, por ser um serviço essencial e concessionado.

Mas, em meio a tudo isso, qual melhor critério para escolher uma ação de energia na Bolsa? Vale buscar por ações que paguem dividendos atraentes ou que tenham uma avaliação (valuation) barata? Confira a seguir o que especialistas, consultados pelo InfoMoney, recomendam.

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Dividendos ou valuation? Ações de elétricas

Antes de mais nada, importante destacar que o setor de energia deve passar por mudanças nos contratos de distribuição, com foco na revisão da qualidade de serviços.

A minuta do decreto que deve redefinir algumas regras para concessionárias foi entregue no fim de maio e, dentre as possíveis mudanças, traz potencial limite de pagamento de dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP).

Na prática, esse limite poderia acontecer caso houvesse descumprimento de indicadores de qualidade técnica, comercial e econômico-financeiros.

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A renovação das concessões de distribuição envolve grandes grupos do setor elétrico, como Enel, Neoenergia (NEOE3), CPFL (CPFE3), Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3).

Está em jogo a prorrogação de 20 contratos que vencem a partir de 2025, compreendendo 64% do mercado de distribuição de energia do país. A condição para renovação por mais 30 anos é a demonstração de “prestação de serviço adequado”. Os contratos foram prorrogados ao fim de 2022.

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Entre essas companhias, apenas uma está na lista das maiores pagadoras de dividendos do setor. Neste caso, é a CPFL, que tem taxa de retorno em dividendos (dividend yield, em inglês) de 10,21%, de acordo com levantamento realizado pela Economatica.

Qual ação de energia está mais barata?

A mudança nas regras para concessões é apenas um dos pontos enfrentados pelas companhias do setor nos últimos temos. A alta dos juros trouxe impacto para os papéis de energia, considerando a típica utilização de recursos para alavancagem nas operações do setor, de acordo com Arlindo Souza, analista da Levante Inside Corp.

“Todo o setor, à exceção de alguns nomes, está em um valuation bastante interessante, principalmente as distribuidoras de energia”, comenta Souza.

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No segmento de geração e transmissão de energia, o analista destaca que a Eletrobras (ELET3) é uma das escolhas, considerando as recentes melhorias operacionais. O ciclo de preços de energia elétrica mais baixos também deve chegar ao fim e a companhia deve se beneficiar de aumentos.

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Considerando as métricas, a companhia negocia a 18,4 vezes o preço sobre o lucro (P/L), mas apresenta uma das mais baixas relações entre preço sobre valor patrimonial, em 0,7x. Já o dividend yield dos últimos 12 meses, considerando dados até 4 de junho, era de 1,13 vezes.

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Já a renovação das concessões impactaria positivamente a Neoenergia, de acordo com Cruz. O texto do decreto, em sua visão, é positivo e deve alongar a duração das concessões.

Outro aspecto que o analista reforça sobre o papel é a relação de alavancagem, que se apresenta em pico no momento, mas deve ceder no médio prazo (1 ano e meio a dois anos). “A gente acha que a companhia vai mostrar uma curva interessante de desalavancagem”, considera.

O analista destaca que a Auren Energia (AURE3) também está entre as preferências da casa, em especial após a aquisição da AES Brasil (AESB3). O nome também é recordistas de dividendos no setor de energia, com dividend yield de 15,66%. Na análise do preço sobre lucro, a Auren também é uma das mais baratas do setor, com relação negativa em 41,3 vezes.

A CPFL, além dos bons dividendos que deve seguir distribuindo, é considerada “barata” por Vicente Guimarães, CEO da VG Research. “A empresa tem lucros crescentes e consistentes mas em 2024 teve uma queda de 10% no seu preço”, destaca.

Além delas, a Taesa (TAEE11) está entre as maiores pagadoras, com dividend yield de 10,83%, ainda que a relação entre P/L não esteja entre as mais vantajosas (8,7x) e o preço da ação sobre valor patrimonial esteja acima dos 1x desejáveis, em 1,7 vezes.

Confira análise fundamentalistas da elétricas da Bolsa:

NomeP/L
04Jun24
de 12 meses
P/VPA
04Jun24
EV/EBITDA (empresa)
04Jun24
de 12 meses
Div Yld (fim) %
04Jun24
1 anos
Auren (AURE3)-41,31,08,015,66
Taesa (TAEE3)8,71,78,810,89
Taesa (TAEE11)8,71,78,810,83
Taesa (TAEE4)8,81,78,810,80
Cemig (CMIG4)5,31,24,610,53
CPFL Energia (CPFE3)7,11,94,810,21
Cemig (CMIG3)6,41,44,68,69
Tran Paulist (TRPL4)6,20,97,08,62
Tran Paulist (TRPL3)8,01,27,06,64
Copel (CPLE3)11,31,07,65,97
Copel (CPLE6)12,71,27,65,87
Alupar (ALUP4)12,81,28,64,12
Alupar (ALUP3)13,11,28,64,03
Energisa (ENGI11)8,01,46,23,67
Copel (CPLE5)25,42,37,63,45
Equatorial (EQTL3)15,31,67,21,51
Eletrobras (ELET3)18,40,76,11,13
AES Brasil (AESB3)489,81,510,70,66
Eneva (ENEV3)-419,31,69,60,00
Serena (SRNA3)19,61,08,30,00
Fonte: Economatica; estudo realizado em 5 de junho de 2024


Entenda os principais indicadores fundamentalistas

Índice de preço sobre lucro (P/L)

É um índice usado para avaliar se o preço das ações de uma empresa está caro ou barato. O preço analisado é sempre o valor por ação que está divulgado na bolsa em um certo momento. Já o lucro é o ganho líquido por cada uma das ações neste mesmo período.

Um P/L alto pode indicar que a ação está cara em relação ao seu lucro, enquanto um P/L baixo pode indicar que está barata. No entanto, é importante comparar o P/L com o de outras empresas do mesmo setor e considerar o crescimento esperado dos lucros.

Enterprise Value (EV/Ebitda)

O Enterprise Value é a soma do valor de mercado das ações de uma companhia com a dívida líquida dessa empresa. O valor é obtido ao multiplicar o número de ações emitidas pelo preço da ação em determinado momento.

EM síntese, o EV/Ebitda ajusta o valor de mercado da empresa pelo seu endividamento e caixa, oferecendo uma visão mais completa. Um EV/Ebitda baixo pode indicar que a empresa está subvalorizada.

P/VPA

O P/VPA corresponde ao preço de uma ação dividido pelo valor patrimonial correspondente a ela, sendo esse o indicador que diz o quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo patrimônio líquido da empresa.

Assim, quando o P/VPA for inferior a 1, isso significa que a empresa está avaliada abaixo do seu valor patrimonial, sendo considerada barata, enquanto acima de 1 é o contrário. Já se estiver próximo de 1 deduz-se que está com preço preço justo em relação aos seus ativos.

DY (Dividend Yield)

É o retorno sobre o dividendo, em porcentagem, sobre o valor pago pelo papal, calculado pela divisão entre o provento esperado e o preço atual da ação.

De modo geral, pode-se dizer que quanto mais alto é o dividend yield, melhor para o acionista, pois maior será a rentabilidade com dividendos do investimento. Essa análise, no entanto, deve ser feita com cuidado.

Uma ação que esteja muito desvalorizada por apresentar um dividend yield alto, o que não significa que ela será sempre um bom investimento. O indicador, porém, é bastante eficiente para comparar ações de negócios estáveis, como as elétricas.

O que é melhor observar: Dividendo ou Valuation Barato?

Dividendos:

Valuation Barato: