Marfrig com dividendo surpresa, JBS “impressionante” e BRF forte – mas só uma saltou

Principais frigoríficos brasileiros apresentaram resultados que chamaram a atenção do mercado, mas destaque pós-balanço fica para Marfrig

Felipe Moreira

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Os principais frigoríficos brasileiros apresentaram resultados que chamaram a atenção do mercado no terceiro trimestre de 2024 (3T24). A Marfrig (MRFG3) se destacou com a distribuição de dividendos robustos, enquanto a JBS (JBSS3) impressionou com seu desempenho acima das expectativas. A BRF (BRFS3) também mostrou força, dando continuidade aos bons resultados.

Contudo, só uma ação dos frigoríficos saltou após a divulgação do 3T24: a da Marfrig.A ação MRFG3 disparou 8,26%, a R$ 16,90, enquanto JBSS3 caiu 3,38%, a R$ 35,20, e BRFS3 fechou o dia praticamente estável, com leve alta de 0,04%, a R$ 24,95.

O Bradesco BBI avalia que os resultados da Marfrig vieram em linha, mas com distribuição inesperada de dividendos de R$ 2,5 bilhões. Embora essa distribuição de dividendos pareça contraintuitiva ao compromisso da Marfrig com a desalavancagem, o BBI acredita que há um componente pontual relacionado à falta de distribuição de dividendos no ano passado, bem como ao aumento de capital que exigiu que os acionistas controladores injetassem dinheiro na empresa.

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“O aumento de liquidez proporcionado pela alienação de parte de seus ativos na América Latina e as perspectivas de distribuição contínua de dividendos pela BRF devem fornecer condições para que os recentes esforços de gestão de passivos da Marfrig continuem, o que vemos como a melhor maneira de maximizar seu valor patrimonial neste momento”, explica o BBI.

Qualitativamente, segundo o banco, os resultados da Marfrig mais uma vez entregaram praticamente tudo o que precisavam. Ainda assim, o banco manteve classificação neutra e preço-alvo de R$ 17, pois acreditamos que o ciclo negativo do gado na América do Norte continuará a limitar o ritmo autônomo de desalavancagem da Marfrig e se traduzirá em múltiplos mais altos para a empresa no futuro próximo.

Embora os resultados tenham ficado aproximadamente em linha com as estimativas, o Itaú BBA destaca a distribuição de dividendos da Marfrig como positiva.

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O BBA vê o momentum da Marfrig como a principal preocupação para a tese de investimento agora, principalmente porque há incertezas no negócio de carne bovina dos EUA, mas a distribuição de dividendos deve ser vista como um sinal de que a empresa está confiante na sustentabilidade do caminho de desalavancagem à frente.

A equipe do BBA reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14.

Já a XP Investimentos comenta que os número da Marfrig foram sólidos e bem acima dos concorrentes em alguns segmentos, com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 956 milhões, queda anual de 29%, mas 7% acima das projeções da instituição financeira.

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A receita líquida aumentou 16% na comparação trimestral e 3% acima das estimativas da XP, principalmente impulsionada por volumes mais altos, à medida que a companhia se beneficia de investimentos recentes em capacidade, enquanto a forte demanda doméstica e de exportação, juntamente com uma melhor taxa de câmbio, foram ventos favoráveis. 

No curto prazo, a XP vê fatores negativos para ambas as unidades de negócios, com uma sazonalidade mais fraca no 4T24 para os EUA, juntamente com preços mais altos do gado no Brasil, enquanto Uruguai e Argentina continuam atrasados.

A Genial Investimentos, por sua vez, disse que a Marfrig entregou um trimestre razoável, ligeiramente acima das suas estimativas. Excluindo a consolidação dos números da BRF, a corretora ainda manteve a opinião que a companhia carece de catalizadores do ponto de vista fundamentalistas.

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Entretanto, quando analisa os resultados consolidados, puxados pelo forte desempenho de BRF (BRFS3), a situação muda um pouco. Ainda assim, reforça que, segundo análises, o investidor deveria seguir a recomendação de compra em BRF, e não se expor, nesse momento, em Marfrig apenas pelo desempenho superior de sua controlada. Com isso, a Genial reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14,35.

BRF (BRFS3)

A Genial Investimentos disse que o resultado da BRF foi ótimo, mais uma vez entregando números acima do consenso e de suas expectativas.

A companhia realizou uma receita líquida de R$ 15,5 bilhões, 1,4% acima das expectativas da Genial, beneficiada tanto pelo incremento do volume de vendas, justificado pela competitividade das exportações devido à depreciação cambial, quanto pela maior realização de preços.

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Já o Ebitda ajustado foi de R$ 2,9 bilhões, 8,9% acima das estimativas da Genial, impulsionado tanto por (i) ganhos de eficiência operacional unitária, refletido na queda dos custos, quanto no maior peso de produtos processados (70% do portfólio BRF) que, por premissa, condicionam margens mais expansionistas se comparados aos produtos in natura.

Para a XP, a BRF reportou um trimestre principalmente em linha, mas digno de celebração, pois o Ebitda ajustado de R$ 2,968 bilhões foi um recorde para um 3T24.

A XP destaca que o FCFE (fluxo de caixa disponível para os acionistas) foi mais forte do que o esperado, em R$ 1,8 bilhão devido a menor capex (investimentos) e menor queima de caixa, e a companhia anunciou R$ 946 milhões em JCP e uma terceira recompra de ações.

Os analistas ainda apontaram que, caso as ações apresentassem um desempenho negativo (o que aconteceu durante a manhã), isso poderia representar uma oportunidade de compra, pois acredita que outro anúncio de proventos é provável; enquanto (ii) os lucros devem permanecer fortes no 4T24, à medida que a companhia se beneficia de preços mais altos de carne bovina e sazonalidade.

O Itaú BBA comenta que os números foram sólido, como esperado. A margem Ebitda ajustada de 22% no segmento internacional foi recorde mais uma vez, mas a surpresa positiva para os números veio do Brasil, onde a margem Ebitda excedeu a sua previsão em 100 pontos-base (bps).

Embora seja crucial avaliar o rendimento recorrente do fluxo de caixa livre (FCF) da BRF antes de adotar uma visão estruturalmente mais otimista sobre o nome, o banco também vê uma dinâmica equilibrada no setor de aves, juntamente com um amplo fornecimento de grãos, provavelmente implicando em um forte impulso contínuo nos próximos trimestres. O BBA mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 19.

Na mesma linha que as outras instituições, o Bradesco BBI disse que foi um trimestre de alta qualidade, mas o espaço para os resultados continuarem crescendo agora parece menor, enquanto continua sem visibilidade sobre onde as margens do meio do ciclo acabarão se estabilizando. A recomendação permanece neutra.

JBS (JBSS3)

A JBS entregou um impressionante Ebitda ajustado no 3T24 de R$ 11,9 bilhões, 11% acima do esperado pelo Bradesco BBI. O lucro líquido ajustado de R$ 4 bilhões ficou em linha, enquanto a geração de caixa totalizou R$ 5,5 bilhões (rendimento de 7%). A Seara foi o principal destaque, com margem Ebitda recorde de 21%, mas JBS Brasil, US Beef e US Pork também superaram expectativas.

Para o BBI, a JBS oferece a melhor proposta de valor dentro da cobertura de proteínas do banco, com uma combinação de: (i) consistente dinâmica de resultados, (ii) valuation pouco exigente (com um desconto injustificado em relação à sua média histórica e abaixo de seus pares de proteína); e (iii) uma opcionalidade importante caso a listagem nos Estados Unidos avance (o que agora parece mais provável do que nunca). Assim, reiterou recomendação de compra para JBSS3.

O Itaú BBA avalia o resultado da JBS como positivo, puxado por um Ebitda ajustado 11% acima as expectativas, explicado principalmente pelos ganhos do IFRS na divisão de carne bovina dos EUA e margens maiores do que o esperado na carne bovina do Brasil.

Além disso, a empresa anunciou R$ 2,2 bilhões em dividendos (um adicional de 3% do dividend yield). No geral, o BBA manteve a JBS como nossa principal escolha no setor devido ao sólido momento de curto prazo da indústria de frango alinhado com um forte rendimento de FCF de 15% para 2025. O banco manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 46.

Na avaliação da XP, a JBS reportou um trimestre animador, com um sólido resultado no Ebitda ajustado, com sua plataforma multi-geografia e multi-proteínas confirmando sua resiliência. Frango e suínos continuam em destaque, garantindo resultados sólidos na PPC , Suínos nos EUA, e com uma margem recorde para a Seara e ainda com a JBS Brasil (Friboi) com seus 15 minutos de fama com um de seus melhores desempenhos registrados.

A corretora destaca que FCFE foi forte e estritamente em linha com a estiamtiva da XP, em R$ 5,0 bilhões. Com isso, a XP reforçou recomendação de compra e a JBS como Top Pick.

A Genial destaca que a JBS entregou resultados ligeiramente acima das previsões nas principais divisões de negócio, superando perspectivas que já eram otimistas.

Diante da sólida execução operacional, e da diversificação geográfica e de proteínas, superando no consolidado os desafios específicos em algumas unidades, a Genial reiterou recomendação de compra, e elevou preço-alvo de R$ 40 para R$ 42,00.

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