Distribuidoras: as empresas da Bolsa brasileira que podem ganhar com a proibição da exportação de diesel pela Rússia

Competição pode reduzir para as grandes distribuidoras, já que as menores são mais dependentes do diesel russo

Lara Rizério

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O anúncio da Rússia de proibição temporária às exportações de gasolina e diesel para todos os países, exceto quatro ex-estados soviéticos, com efeito imediato, a fim de estabilizar o mercado interno, trouxe repercussão também no mercado brasileiro.

Isso porque, somente em agosto, o diesel russo foi responsável por mais de 70% do volume importado pelo Brasil, que importa entre 25% e 30% de sua necessidade desse combustível.

A visão de analistas de mercado é de que a notícia exigirá um monitoramento ativo por parte do mercado dos fluxos de diesel para o Brasil, o que poderia, em última análise, forçar a Petrobras (PETR4) a aumentar ainda mais os preços do diesel e/ou aumentar suas importações de diesel (de outras localidades).

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Leia também: Petrobras: como a decisão russa de proibir exportação de diesel deve pressionar a estatal, segundo analistas

“Para a Petrobras, acreditamos que o anúncio poderá aumentar a probabilidade de um eventual aumento no preço do diesel. Acreditamos que uma das métricas utilizadas pela Petrobras para definir os preços locais é o preço da oferta alternativa, ou seja, importações (que também incluiriam as importações russas de diesel, comercializadas com desconto em relação aos preços da Costa do Golfo)”, reforça o Goldman Sachs.

Assim, o banco vê que, com a oferta limitada desta fonte, o desconto frente à oferta alternativa aumentaria, conduzindo assim a uma maior probabilidade de um ajustamento dos preços para cima (para evitar escassez no país).

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Enquanto a pressão pode aumentar para a Petrobras, analistas destacam que as distribuidoras de combustíveis maiores, listadas em Bolsa, caso de Vibra (VBBR3), Raízen (RAIZ4) e Ultrapar (UGPA3), podem ganhar com a medida. Elas operam, respectivamente, as bandeiras Petrobras, Shell e Ipiranga de postos.

Isso porque, conforme destaca a Guide Investimentos, sem a opção de comprar combustível da Rússia, as pequenas distribuidoras de combustíveis (bandeira branca) perdem a opção de comprar combustível a preços mais baixos. Elas em sua maioria não têm contratos de longo prazo com a Petrobras para compra de combustível.

Portanto, com essa notícia, a competição reduz para as grandes distribuidoras.

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Na mesma linha, o Bradesco BBI avalia ver a notícia como positiva para os grandes players de distribuição de combustíveis. “Os pequenos distribuidores estão mais dependentes das importações russas e poderão sofrer, pelo menos temporariamente”, avalia.

O Goldman reforça ainda que qualquer preço mais elevado do diesel importado no futuro (mais diesel GC no mix de importação) também poderia tornar as aquisições das refinarias da Petrobras mais lucrativas, o que poderia beneficiar o rentabilidade dos grandes distribuidores de combustíveis. O banco tem preferência relativa por Vibra frente Ultrapar.

“Ainda assim, vale a pena comentar que o banimento da Rússia não tem data final estabelecida. Provavelmente o país não tem intenção de manter o banimento por muito tempo”, aponta a Guide.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.