Discussão agora é muito mais o que o Trump fará do que o Fed, diz ex-diretor do BC

Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Investimentos, e Carlos Woelz, sócio fundador da Kapitalo participaram do programa Outliers desta semana

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Para o ex-diretor de Política Monetária do Banco Central entre 2004 e 2007, Rodrigo Azevedo, os Estados Unidos seguem sendo uma parte fundamental para montar qualquer cenário de ativo no mundo inteiro. Mas um fato curioso tem ocorrido nas últimas semanas por conta das notícias de interesse econômico que vêm de lá.

“A partir de 2022, a discussão (no mercado) era até onde os juros dos Estados Unidos subiria ou cairia”, diz. “É curioso como esse assunto ficou completamente secundário no final do ano passado para cá. E a discussão esse ano é muito menos o que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) vai fazer e mais o que o Trump vai fazer”, afirma.

O fato é que a eleição de Donald Trump e a posse na presidência em janeiro mudou a forma de olhar o movimento do mercado. Rodrigo Azevedo, hoje sócio, co-CIO e gestor de estratégia macro da Ibiuna Investimentos, e Carlos Woelz, sócio fundador da Kapitalo Investimentos, colocaram seus pontos de vista sobre a questão no episódio 150 do programa Outliers, no Canal XP, em conversa com Clara Sodré, analista de fundos da XP, e Fabiano Cintra, head de análise de fundos da XP.

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Aperto monetário

“Quando houve a eleição americana (em novembro de 2024), a economia dos EUA vinha mostrando uma resiliência de crescimento muito surpreendente e é uma economia que segue crescendo acima de seu potencial mesmo com aperto monetário, o maior visto em 40 anos. E a taxa de desemprego continua baixa. Além disso, a taxa de inflação não está conseguindo chegar à meta, com dúvidas até onde ela vai”, explica Azevedo.

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“É uma situação que a economia americana não está demandando queda de juros à frente, pelo contrário”, ressalta. O sócio da Ibiuna acrescenta ainda que a inflação está indo bem, de qualquer forma, e o dólar está muito forte, com as bolsas americanas com elevada performance.

“Aí entra 2025 e se pergunta: o que muda quando Trump assume. Apesar de haver uma série de incertezas sobre a execução, o programa do Trump é muito claro: baixar os impostos, fazer um milagre para que a dívida americana não cresça muito, trabalhar com uma desregulamentação muito grande, preço de energia mais para baixo e restrição de imigração”, analisa.

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Dólar forte

Nessas condições, ele diz que é muito difícil de o dólar se enfraquecer e, por outro lado, que os juros americanos caiam muito.

Carlos Woelz, da Kapitalo Investimentos, destaca que a grande incógnita do mercado é o que o Trump vai fazer. “Não é claro em absoluto”, afirma. “E o número de possibilidades (de que Trump pode fazer) é gigantesca”, acrescenta.

Ele acha que o governo Trump mistura vários assuntos e demandas ao mesmo tempo e se tem dificuldade de ver um plano coerente. “Como fazer isso, mantendo sua importância no mundo e influência, minimizando os riscos da segurança nacional, mantendo os aliados próximos e os inimigos distantes”, avalia.

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“As medidas (de Trump) têm consequências macroeconômicas gigantescas, que são refletidas em parte nas posições do mercado em geral”, diz. Segundo ele, boa parte das incertezas à frente no governo Trump não está ainda no preço dos ativos, principalmente se as possíveis tarifas de importação a serem adotadas pelo seu governo forem muito altas.