Disciplina de custo melhora margem da XP (XPBR31); lucro líquido é de R$ 796 milhões no 1º tri 

Excluindo perdas não-recorrentes com Americanas, lucro seria de R$ 927 milhões, com margem antes de impostos (EBT) de 29,6% 

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O ajuste de custos em pessoal e outras despesas realizado no ano passado pela XP Inc (XPBR31) na esteira de seu projeto de eficiência começa a apresentar resultados visíveis no balanço da empresa. A instituição financeira divulgou nesta segunda-feira (15) lucro líquido no primeiro trimestre de R$ 796 milhões, 2% acima do resultado no quarto trimestre de 2022. Se for excluído o efeito não-recorrente de perdas com uma empresa de varejo, o lucro passa a R$ 927 milhões, 8% acima do verificado no primeiro trimestre do ano passado e 18% acima do resultado do quatro trimestre de 2022, apesar do cenário macroeconômico mais fraco no início deste ano.

O InfoMoney apurou que as perdas, de R$ 164 milhões, estão relacionadas a bonds da Americanas (AMER3), que pediu recuperação judicial em janeiro.

Com receita em leve alta e redução nos gastos, a margem bruta da XP no trimestre, excluindo o evento não-recorrente, subiu a 29,6%, com crescimento anual de 641 pontos-base e em linha com o guidance de médio prazo da companhia. O objetivo da XP é alcançar margens entre 26% e 32% no período de 2023 a 2025. Contando com a perda não-recorrente, a margem bruta do XP no primeiro trimestre foi de 26%, ainda assim em linha com o guidance.

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Receita do varejo

Do lado da receita, o destaque foi o crescimento nos ganhos com as operações de varejo, que seguem sendo o carro-chefe da casa. A receita de varejo cresceu 11% em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 2,6 bilhões. Em bases trimestrais, a alta foi de 1%. A linha também foi impactada pelo evento não-recorrente, em R$ 95 milhões. Não fosse ele, a receita de varejo da XP seria de R$ 2,7 bilhões.

“A maior atividade de clientes e uma performance mais forte da rede de assessores de investimento, comparado ao quarto trimestre de 2022 foram os principais fatores que levaram a uma melhora sequencial, ainda que o cenário macroeconômico continue bastante desafiador”, informa a XP.

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A instituição segue investindo com força na ampliação de sua rede de assessores. Ao fim do primeiro trimestre, o número de assessores XP, incluindo próprios e de escritórios, alcançou o número de 13 mil, 21% acima do registrado no mesmo período no ano passado e 6% acima dos 12,3 mil assessores ao fim de 2022. A empresa também chegou em março a 3,966 milhões de clientes (acréscimo de 89 mil clientes no trimestre e alta de 13% na comparação anual) e a R$ 954 bilhões em ativos de clientes (9% de alta em um ano).

“O resultado do primeiro trimestre de 2023, a despeito do cenário macroeconômico desafiador, demonstra a resiliência do nosso modelo de negócio, e que a estratégia de longo prazo está na direção correta.(…) Em paralelo, seguimos diversificando nossos canais de distribuição, e aumentando nossa capacidade de cross sell, de forma que nossos clientes possam concentrar integralmente sua vida financeira no ecossistema XP.”, diz Thiago Maffra, CEO da XP Inc.

No varejo, a companhia tem investido em novas verticais de negócios, apostando na diversificação das receitas e seu efeito anticíclico e na estratégia de fidelização dos clientes. Juntas, quatro novas verticais com foco no varejo – previdência, cartões, crédito e seguros – geraram R$ 405 milhões de receita no primeiro trimestre, com crescimento anual de 64%. No segmento de cartões, por exemplo, o volume total de pagamentos (TVP, na sigla em inglês) foi de R$ 8,6 bilhões, 90% maior que o de um ano antes e 4% acima do quarto trimestre, quando ocorre o Natal (melhor data de vendas do comércio brasileiro).

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Nos 12 meses encerrados em março deste ano, a receita de novas verticais no varejo cresceu R$ 749 milhões em comparação com a obtida em todo o ano de 2021, quase que compensando a redução de R$ 964 milhões nas receitas “core” de varejo no mesmo período. “(…) A expansão dos novos negócios, que são estratégicos para a empresa e que seguem crescendo a taxas elevadas (+64%), ajudam a tornar nosso negócio mais resiliente e anticíclico”, informou Bruno Constantino, sócio e CFO da XP Inc, no release de resultados.

No segmento de investimentos do varejo, a receita de renda fixa foi de R$ 322 milhões. Excluindo o efeito não-recorrente, a receita de renda fixa da XP teria sido de R$ 427 milhões, 8,65% acima do verificado no quarto trimestre. “Renda fixa, conforme o esperado, viu o maior crescimento de demanda enquanto a parte de produtos estruturados, em renda variável, se recuperou de um quarto trimestre atipicamente fraco”, explica a XP.

A receita de renda variável (equities) dos três primeiros meses deste ano foi de R$ 1,069 bilhão, superando os R$ 995 milhões do trimestre imediatamente anterior. Na comparação anual, a cifra sofreu uma retração de 3%.

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Receitas totais e operações de atacado 

No total, a receita bruta da XP no primeiro trimestre do ano foi de R$ 3,3 bilhões, com crescimento de 2% em bases anuais e estável na recuperação trimestral. Excluído o efeito Americanas, a receita teria alcançado R$ 3,5 bilhões, com crescimento de 5% na comparação trimestral e 7% na anual.

No atacado, as receitas institucionais foram impactadas pelo menor volume de negócios nas principais linhas de produto, caindo 39% na comparação anual, para R$ 332 milhões. A XP também veio de uma base comparativa forte, pois o primeiro trimestre de 2022 foi marcado por um pico de demanda por derivativos, em um período de forte volatilidade no mercado.

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A receita do segmento corporativo, por sua vez, cresceu 7% em termos anuais, para R$ 266 milhões (3% abaixo que o do quarto trimestre de 2022.  A XP explica que a contração resultou da atividade fraca no mercado de capitais, seguida pela recuperação judicial da grande varejista em janeiro, que piorou a dinâmica do crédito corporativo no país.

Disciplina no controle de custos 

A redução de custos foi crucial para o crescimento da margem EBT da XP no primeiro trimestre. Mesmo com novas verticais e aumento de clientes, as despesas gerais administrativas caíram 24% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2022, alcançando R$ 1,042 bilhão. A empresa também reduziu o número de colaboradores de 6.928 pessoas no fim de 2022 para 6.146 em março, com impacto nas despesas com salários, bônus e remuneração por ações.

No release de resultados, o CFO Bruno Constantino destacou “a agilidade e a capacidade de execução no ajuste de custos, como deveria ser em uma empresa de donos.”

Recompra de ações e “payout”

No ano passado, a XP lançou um programa de recompra de ações que alcançou R$ 1,8 bilhão, incluindo R$ 600 milhões de papeis que eram detidos pela holding Itaúsa (ITSA4). O volume indica um “payout” (percentual do lucro revertido aos acionistas) de 50%, dado que o lucro líquido da companhia no ano passado foi de R$ 3,58 bilhões.

Em 2023, até março, quando acabou o programa, o volume de recompra de ações atingiu R$ 900 milhões. A empresa indicou que pretende atingir no ano o mesmo patamar de “payout” do ano passado, ou seja, de cerca de 50%. Em seu guidance, a empresa estima um lucro líquido para 2023 entre R$ 3,8 bilhões e R$ 4,4 bilhões. Tomando por base a estimativa mais conservadora, de R$ 3,8 bilhões, haveria ainda espaço para recompra ou distribuição de dividendos na casa de R$ 1 bilhão.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados