Direcional (DIRR3): o que o dividendo surpreendente de R$ 1,60 indica para ação?

Analistas reforçaram visão positiva para a companhia depois de provento, com muitos vendo como "queridinha" do setor

Lara Rizério

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Figurando entre as queridinhas dos analistas no segmento de construtoras voltadas à baixa renda, a Direcional (DIRR3) trouxe uma notícia positiva para os investidores nesta semana. Na segunda-feira (1), a construtora aprovou a distribuição de dividendos de R$ 1,60 por ação, totalizando montante a ser distribuído de R$ 277 milhões.

Os dividendos intermediários declarados serão pagos aos acionistas com base em sua posição acionária em 4 de julho de 2024, ficando ex-dividendos a partir de 5 de julho de 2024. O dividendo será pago em 16 de julho.

Analistas de mercado destacaram a notícia como positiva, como foi o caso do Bradesco BBI, que ressaltou o rendimento de dividendos (dividend yield, ou dividendo em relação ao preço da ação) de 6%.

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“Esses são dividendos acima do esperado para a Direcional em 2024, e vemos espaço para mais se a empresa for capaz de continuar a acelerar a velocidade das vendas, como vimos no 1T24”, avalia o banco. De acordo com os analistas, negociando a 7,1 vez o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) estimado para 2025, há espaço para um rendimento de dividendos de dois dígitos em 2025.

O Santander vai além e ressalta que o dividendo anunciado representa quase 100% da sua estimativa de distribuição de dividendos para 2024 e, portanto, vê agora um “risco de alta” das suas estimativas de dividendos para o ano.

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“Acreditamos que a referida distribuição reforça que a equipe de gestão da Direcional está confiante em seus esforços para acelerar a relação de vendas sobre oferta. Este último (juntamente com a estratégia da empresa para diminuir o tamanho do seu balanço através da venda de contas a receber e SPEs) deverá, na nossa opinião, acelerar ainda mais a geração de fluxo de caixa e potencialmente deixar espaço para notícias mais positivas”, avalia o banco, reiterando a Direcional como a sua principal escolha no universo de construção brasileiro. A recomendação é equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 33.

O Bank of America também reiterou compra para a ação e destacou que o dividendo foi acima do esperado (dividend yield de cerca de 5,9%, ante 3,9% esperado pelo consenso para o ano).

Para os analistas do banco americano, dividendos mais fortes neste momento sugerem que o rendimento para 2025 também poderá superar as expectativas atuais (rendimento de consenso de 7,50% em 2025).

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“Os dividendos anunciados reforçam nossa visão de retornos de caixa acelerados, além de um forte crescimento para nomes de ‘qualidade’ em um cenário em que o Minha Casa Minha Vida [MCMV] é reforçado”, aponta.

O banco ressaltou que esperava dividendos mais fortes, mas não tão cedo. A Direcional vem sinalizando a intenção de aumentar o payout (pagamento de dividendo frente o lucro) desde que a velocidade de vendas acelerou no 1T, mas os dividendos só eram esperados ao final do ano, considerando o recente consumo de caixa (relacionado ao crescimento).

A empresa tem dívida líquida/patrimônio líquido de 2,9% e queimou R$ 102 milhões de caixa nos últimos 12 meses. Um indicador de vendas sobre oferta (VSO) mais forte provavelmente aumentará a geração de caixa ao longo do ano.

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“Atualizamos as nossas estimativas para contabilizar um dividendo mais forte do que o previsto em 2024, mas seguimos com as nossas estimativas para 2025 (rendimento de 8%), uma vez que a geração de caixa ainda não foi acelerada”, aponta o banco.
A recomendação de compra foi reiterada uma vez que o segmento contém: (1) crescimento acelerado em meio ao aumento da acessibilidade, (2) concorrência limitada, (3) cenário de inflação baixa e (4) forte apoio governamental. Enquanto isso, a Direcional oferece: (1) crescimento rentável não totalmente precificado e (2) geração robusta de caixa + dividendos (rendimento de 8%).

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.