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O final de 2021 frustrou investidores de criptomoedas após o Bitcoin decepcionar e não alcançar a valorização esperada. A criptomoeda não só falhou em estabelecer o recorde de US$ 100 mil projetado por diversos analistas, mas sofreu uma correção de mais de 30% desde a máxima de US$ 69 mil, e fechou o ano a menos de US$ 47 mil.
Mas, para Changpeng Zhao, o CEO da Binance, a valorização da moeda digital é inevitável. O executivo concedeu entrevista ao InfoMoney como parte da programação do Onde Investir 2022.
O preço do Bitcoin reagiu mal à expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos e redução do balanço patrimonial do Federal Reserve (Fed), acompanhando o movimento de ativos de risco – títulos americanos já começam a pagar mais, sugando capital da bolsa e das criptomoedas. No entanto, Zhao acredita que os trilhões de dólares despejados pelo Fed na economia ainda não tenham sido absorvidos pelos mercados.
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“Quando você imprime de 30% a 40% mais dinheiro em um ou dois anos e esse dinheiro circula apenas para um número pequeno de players e é usado para resgatar grandes empresas, grandes bancos, esse dinheiro não flui para todas as partes da economia de forma instantânea. Normalmente leva alguns anos para que isso aconteça”, disse o sino-canadense de 44 anos.
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Os estímulos do Fed são apontados como um dos principais responsáveis pelo rali das bolsas e das criptomoedas. O Bitcoin pode ter fechado o ano com retorno de pouco mais de 60%, considerado baixo para seus padrões, mas chegou a registrar alta de mais de 700% desde as mínimas no crash dos mercados em março de 2020.
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O empresário já viu ciclos como esse acontecerem algumas vezes. Ele conheceu o Bitcoin em 2013, após um amigo mencionar a criptomoeda em um jogo de poker. Ao conhecer a tecnologia, ele se convenceu de que aquilo seria o futuro – a ponto de vender seu apartamento para comprar tudo em BTC.
A decisão o fez entrar com tudo nesse mundo até que, em 2017, ele fundou a Binance. Em menos de cinco anos, a empresa se tornou dominante no setor, movimentando US$ 18 bilhões em cripto por dia, quase o quádruplo que a segunda colocada Coinbase. Hoje, Zhao acumula fortuna de US$ 96 bilhões, sem contar suas criptomoedas – ele confessa que mantém “quase tudo em cripto”, mas não revela a quantia.
O executivo não recomenda a ninguém vender a casa para comprar Bitcoin, mas reafirma que o melhor a fazer é comprar e guardar pelo maior tempo possível. “Se você não tem experiência de trade fora de cripto, não entre pensando que é o melhor trader do mundo. Só compre e guarde”, diz.
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Parte do otimismo de CZ, como é conhecido no mundo das criptomoedas, vem do ritmo acelerado de inovação responsável por atrair bilhões de dólares em investimentos em 2021 para projetos de áreas que sequer existam em 2020, como jogos que pagam para jogar e o metaverso, tendência que surgiu com mais força em outubro e impulsionou o preço de diversas criptos.
CZ aposta que 2022 trará ainda mais força para esses segmentos, fortemente favorecidos pela maior facilidade em levantar capital usando ativos digitais.
“A captação de recursos é muito mais fácil usando blockchain globalmente seja ICOs (oferta inicial de moeda), IEOs (oferta inicial de exchanges), é possível emitir moedas e por isso a maioria dos projetos é bem financiada. Não existe uma escassez de dinheiro nesse universo”, aponta Zhao, ressaltando que vê atualmente uma migração em massa de talentos de empresas tradicionais financeiras ou de internet para o setor de blockchain e criptoativos.
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Diante disso, ele acredita que queda de preços atual não deverá frear o amadurecimento da indústria. “No curto prazo, podemos ver flutuações de mercado no preço de tokens ou moedas. Mas isso é o comportamento, as propriedades normais do mercado. E acho que a inovação vai continuar e veremos cada vez mais usuários”.
A quantidade maior de pessoas usando criptos tem relação direta com o preço dos ativos – principalmente no caso de uma criptomoeda escassa como o Bitcoin. Para CZ, como tem oferta limitada, capitalização de mercado da moeda digital tem de aumentar necessariamente para representar o patrimônio líquido ou o valor negociado por todas essas pessoas. Portanto, com mais pessoas entrando e usando, mais o preço tende a subir.
O CEO da Binance não arrisca um palpite sobre o preço da criptomoeda, e se define como avesso a projeções. “Ninguém sabe como será o futuro, e ninguém sabe quais serão os preços futuros. Isso torna essa indústria muito mais interessante do que mercados financeiros tradicionais”, aponta, lembrando que, ao contrário das ações, as criptomoedas são negociadas ao mesmo tempo em diversos países e a todo momento.
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São ingredientes que, na sua visão, tornam ainda mais difícil qualquer projeção. “Não acredite nas previsões de ninguém”, recomenda.
A entrevista na íntegra está disponível no player no início da matéria.
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