Dia de “sell-off” na Bolsa: 10 ações desabam entre 5% e 10%; Oi salta 40% na semana

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa deixou para trás o otimismo visto no início da semana, engatando forte queda nos últimos dois pregões. No pior pregão da era Temer, o índice encerrou essa sexta-feia (10) com queda de 3,03%, a 49.569 pontos, acumulando na semana perdas de 2,07. Nesta sessão, 10 das 59 ações do índice encerraram com queda entre 5% e 10%. 

Nesses dois últimos pregões, o mercado foi puxado principalmente pela forte queda das ações ligadas a commodities, com a Petrobras e Vale afundando mais de 7% nesse período. Na semana, no entanto, as maiores perdas do índice ficaram com as ações da Rumo, Braskem e Fibria – que afundaram mais de 8%. Essas duas últimas afetadas pela queda do dólar frente ao real, que recuou 1,76% na semana. Do outro lado, Estácio foi a maior alta (+10,87%) em meio à notícias sobre possível fusão com Kroton ou Ser Educacional. Na sequência, apareceram as ações da Smiles e Copel.

Fora do Ibovespa, chamou atenção a disparada das ações da Oi – de cerca de 40%. Ontem, a operadora de telefonia enviou comunicado ao mercado em resposta à BM&FBovespa sobre a oscilação de suas ações. Segundo a Oi, não havia fatos ou atos relevantes, além daqueles já divulgados pela companhia, que pudessem justificar as oscilações atípicas do número de negócios e quantidade negociada das ações da companhia. No radar da empresa, uma série de boas notícias, sendo a mais recente a aprovação do projeto de lei 3453, sobre concessões de linha de telefonia fixa. Analistas do BTG Pactual destacam que Oi e Telefônica seriam as mais beneficiadas.

Nesta sessão, os destaques ficaram novamente com as ações de commodities, que lideraram as perdas do Ibovespa. Usiminas, CSN e Petrobras caíram mais de 6% hoje. 

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sexta-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 11,03, -6,13%; PETR4, R$ 8,78, -4,36%)
O mau humor das commodities seguiu pelo segundo dia, derrubando as ações da Petrobras novamente. Lá fora, o preço do petróleo afundou, após dados mostrarem que as empresas de energia dos EUA acrescentaram sondas de exploração de petróleo em atividade pela 2ª semana consecutiva. O contrato Brent recuou 2,8%, a US$ 50,52 o barril, enquanto o WTI caiu 2,9%, a US$ 49,07 o barril.

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No radar da estatal, os petroleiros farão greve de 24 horas, segundo informou Sindicato Unificado. O movimento acontecerá em todas as bases do Sindicato Unificado em todo o país, segundo comunicado no website do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo. A mobilização foi aprovada nas assembleias realizadas pelo sindicato nas duas últimas semanas. Dos 815 trabalhadores presentes, 381 foram a favor da paralisação, 354 contrários e 80 abstenções.

“Foi uma decisão difícil e apertada, mas a maior parte dos trabalhadores entendeu que a única chance que temos de barrar esse retrocesso, que trará em breve graves prejuízos para nossa categoria, é com resistência e mobilização”. “Mesmo diante de uma conjuntura política/econômica complexa e de muitas opiniões divergentes, temos que lutar para manter os nossos empregos, os direitos trabalhistas e garantir que o pré-sal seja nosso e que haja investimentos na educação, que é a base para o desenvolvimento de um país”, diz o sindicato. Os petroleiros devem paralisar parcialmente a produção, disse nesta quinta-feira o SindipetroNF

Além disso, conforme destacou o jornal O Globono Formulário de Referência 2015, elaborado ainda na gestão de Aldemir Bendine, no governo Dilma Rousseff, a Petrobras deixou claro que sofre ingerência da União. No texto, a companhia afirma que o governo federal, por ser o acionista majoritário, “pode perseguir a adoção de certas políticas macroeconômicas e sociais através da Petrobras” e diz ainda que não se pode descartar a volta do controle de preços dos combustíveis.

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“Baseado em decisões do Controlador da Companhia, a Petrobras teve, e pode continuar a ter, períodos durante os quais os preços dos produtos vendidos no Brasil não estavam em paridade com os preços internacionais.” O documento foi enviado à CVM e aos investidores em 30 de maio e fala ainda: “não há garantias de que o controle de preços não será reinstituído.”

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 14,95, -4,80%; VALE5, R$ 11,90, -4,80%) e siderúrgicas engataram o segundo dia de derrocada na Bolsa, em meio ao mau humor externo. Lá fora, as commodities seguem em queda ainda com feriado na China. Acompanharam o movimento também as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 7,72, -2,65%) – holding que detém participação na Vale. 

No setor siderúrgico, todas as ações caíram no Ibovespa: Gerdau (GGBR4, R$ 5,86, -5,18%), Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,05, -5,96%), Usiminas (USIM5, R$ 1,79, -10,05%) e CSN (CSNA3, R$ 6,95, -7,82%). 

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No radar da Vale, a Polícia Federal concluiu inquérito que investigou crimes ambientais decorrentes do rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), em novembro de 2015. Houve o indiciamento da companhia, da Vale, da empresa de engenharia geotécnica VogBR e de oito pessoas, segundo informou o órgão federal na quinta-feira.

Nesta tarde, a força-tarefa montada pelo Ministério Público Federal apurou que a Samarco fraudou documentação e ocultou informações para conseguir junto a órgãos ambientais de Minas Gerais autorização para manter o funcionamento da barragem de Fundão, em Mariana, que rompeu ano passado, segundo informações de O Estado de S. Paulo. As investigações apontaram ainda que não havia licença ambiental para o depósito de rejeitos de minério de ferro da Vale, controladora da Samarco juntamente com a BHP Billiton, em Fundão. .

Sobre as siderúrgicas, a Ternium informou que todas as empresas do Grupo T/T – incluindo Ternium, Siderar e Prosid – exerceram os seus direitos de subscrição de sua parcela correspondente das ações não-subscritas na rodada inicial da emissão previamente anunciada de R$ 200 milhões em ações ON da Usiminas. O comunicado foi enviado por e-mail pela Ternium. 

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Além disso, o BTG Pactual destacou, em relatório, ainda estar underweight/cauteloso com o setor de siderurgia, apesar dos cenários de estabilização da demanda. Os analistas ressaltam a base comparativa baixa para destacar a queda de 10% na demanda doméstica por aço em maio de 2016 frente ao mesmo período do ano passado. A Gerdau é a única recomendação de compra no setor.  

O UBS também divulgou relatório sobre o setor hoje, ressaltando que a elevada oferta de aço continua pesando sobre o setor, com a demanda declinando na China. O banco disse que segue com preferência pelas companhias expostas à América do Norte, com Gerdau (compra) e Ternium (compra), enquanto se afastam de nomes como Usiminas (venda) e CSN (venda). 

Embraer (EMBR3, R$ 17,51, -5,04%)
As ações da Embraer ‘ignoraram’ a alta do dólar e caíram forte nesta sessão, após a fabricante de aeronaves informar ontem que a partir de julho será presidida por Paulo Cesar de Souza e Silva, em substituição a Frederico Curado. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair 4,59%, a R$ 17,60, batendo no menor patamar desde dezembro de 2013. Essa é a 3ª sessão seguida de queda da ação.  

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Silva é atualmente vice-presidente para o segmento de aviação comercial, área responsável pela maior parte da receita da Embraer, e está na companhia desde 1997. A companhia não deu detalhes sobre os motivos da mudança.

Segundo o Credit Suisse, mesmo parecendo um processo natural, o período de transição de CEO será rápido e o anúncio pode ter surpreendido negativamente alguns investidores. “Nós preferiríamos uma transição mais longa para que o mercado tivesse tempo de digerir a notícia”, comentaram os analistas. Além disso, eles apontaram que não descartam que alguns investidores façam uma correlação entre a saída de Frederico Curado e as dificuldades que a empresa tem passado (resultado fraco nos últimos trimestres, guidance de 2016 abaixo do esperado e aumento de competição na divisao de jatos executivos). 

Auto peças
A dinâmica do setor de autopeças no Brasil, provavelmente, continuará sendo desinteressante, com a recente valorização do real frente o dólar – que afeta as margens de exportação e os resultados no exterior – e o fim do incentivo do governo, que também vai bater na rentabilidade das companhias, disse o UBS, em relatório divulgado hoje. Ainda assim, o banco vê duas oportunidades no setor: as ações da Tupy (TUPY3, R$ 12,65, -2,24%) – que são as top picks do banco – e Marcopolo (POMO4, R$ 2,30, -4,17%).   

Por outro lado, os analistas do banco rebaixaram as ações da Iochpe-Maxion (MYPK3, R$ 14,70, -5,16%) e Metal Leve (LEVE3, R$ 25,49, -0,82%), seguindo o recente rali das ações e a valorização do real. Eles seguem com recomendação de compra para as ações da Tupy e Marcopolo e neutro para Randon (RAPT4, R$ 3,07, 0,0%). 

Contax (CTAX3, R$ 12,30, +14,85%)
As ações da Contax viraram para queda, após subirem 22,32% nesta sessão, com forte volume financeiro, após a companhia informar que fechou acordo para vender sua divisão internacional Allus à Konecta, com valor global de avaliação da empresa de US$ 192 milhões. O giro financeiro movimentado com o papel foi de R$ 1,8 milhão hoje, contra média diária de R$ 162,2 mil dos últimos 21 pregões.    

O negócio ocorreu após a Contax afirmar no ano passado que pretendia iniciar um processo de venda da unidade internacional, com o objetivo de melhorar a estrutura de capital da companhia e reduzir seu endividamento, focando-se no mercado brasileiro. A divisão possui operações na Argentina, Peru e Colômbia e tem cerca de 22,3 mil colaboradores. A Allus teve receita de R$ 221,7 milhões no primeiro trimestre de 2016.