Economia brasileira deve desacelerar em 2025, diz Megale, da XP

Economista-chefe da XP crê que esse ano governo bate a meta fiscal com receitas extraordinárias, mas ano que vem “fica o desafio"

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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A XP revisou a estimativa de PIB para 2024, passando de 2,7% para 3,1%. A casa, no entanto, vê desaceleração da economia no ano que vem, prevendo PIB de 1,8% em 2025.

Caio Megale, economista-chefe da XP, participou nesta sexta (6) do programa Morning call da XP. Segundo ele, o dado do PIB do segundo trimestre, anunciado essa semana, indica que o crescimento no ano será maior do que o esperado.

“Ele mostra a atividade doméstica bastante aquecida, com o mercado de trabalho pressionado”, afirmou. Segundo Megale, empresas inclusive reclamam de falta de mão de obra.

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Maiores custos

“As empresas estão também sentindo (maiores) custos por causa do aumento da carga de impostos, salários (mais altos) e a depreciação da taxa de câmbio, que afeta custos de materiais importados”, disse.

Nesse quadro, para ele, o cenário de inflação fica mais preocupante”. “Provavelmente, a inflação não deve ficar acima do topo da banda de 4,5%. Nossa projeção para esse ano é de 4,4% e no ano que vem, de 4%, mas a meta (inflacionária) é de 3%”, lembra.

Para o economista, pelas falas recenters de diretores do Banco Central, o aumento da Selic na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) é dada como certa.

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Aumenta aqui e abaixa nos EUA

“A alta de 0,25 pp na reunião (do Copom em setembro) está consolidada e reforça nossa visão de que o dia em que Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) cortar os juros, o Copom vai subir”, afirmou. A decisão sobre os juros do Fomc, o comitê de política monetária dos Estados Unidos, sai dia 18 de setembro, mesma data de anúncio da nova taxa Selic pelo Copom.

“A verdade é que se a economia está desacelerando nos Estados Unidos, mas aqui a economia está superforte”, acrescentou.

“É uma alta que vem por um bom motivo, que não é uma crise, que o câmbio depreciou como tivemos no passado, mas é um cenário que mostra que a economia está bem aquecida e o juro de equilíbrio deve ser um pouco mais alto”, explicou.

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Para Caio Megale, para 2025, o cenário no Brasil já muda. “Provavelmente vem uma desaceleração”, disse. Os motivos são três, segundo ele.  

Queda das commodities

“Primeiro, por conta da reação aos juros. Além disso, o impulso fiscal para o ano que vem tende a ser menor e isso ajuda o crescimento a não ser tão forte. O terceiro fator tem a ver com o cenário externo”, disse.

Megale vê os preços das commodities importantes para a economia brasileira em queda, incluindo o petróleo, a soja e o milho. “Quando commodities caem lá fora, isso significa menos fluxo de renda no Brasil”, afirmou.

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O economista da XP pontuou que a alta das commodities nos últimos quatro anos ajudou bastante o crescimento econômico no Brasil, e essa virada de preço nas commodities tende a desacelerar o PIB por aqui.

Petróleo em queda é risco

“O petróleo a US$ 72 passa também a ser um risco para a arrecadação. O Brasil virou um exportador muito importante do petróleo e isso vai afetar a arrecadação dos impostos ano que vem”, disse.

“Sobre fiscal, esse ano está começando a encaixar. É provável que o governo bata a meta, com algumas receitas extraordinárias. Mas para o ano que vem fica o desafio”, ressaltou. “A gente equaciona 2024, mas mantém o risco para 2025”, complementou.