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SÃO PAULO – Quase um ano após o anúncio oficial, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a fusão entre a BM&FBovespa (BVMF3) e a Cetip (CTIP3), que a partir desta quinta-feira (30) já começam a levar para frente este processo com os papéis da Cetip deixando a Bolsa. Mas o que os analistas tentam entender agora são quais os benefícios reais que esta união pode gerar para os investidores.
E para a equipe do Deutsche Bank, liderada por Tito Labarta e Kaila Lopez, muitos frutos positivos podem surgir no longo prazo. Eles colocam uma recomendação de “manutenção” das ações diante da visão de um negócio inicialmente dilutivo, mas vêem potencial para o futuro. Para os analistas, a modesta diluição do negócio pode ser compensada por benefícios de goodwill (ágio por expectativa de rentabilidade futura).
“Estimamos uma redução potencial de 4% do lucro por ação em 2017, com base na perda de receitas financeiras de R$ 8,3 bilhões que a BM&FBovespa pagará em dinheiro, bem como a emissão de 244 milhões de novas ações”, afirmam em relatório. Por outro lado, eles apontam que isso deve ser compensado pelo lucro líquido esperado da Cetip de R$ 521 milhões para os nove meses restantes de 2017.
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Além disso, a equipe do Deutsche acredita em sinergias potenciais de R$ 16 milhões, com base no guidance da administração de cerca de R$ 100 milhões em sinergias nos próximos três anos. “Apesar disso, pensamos que pode ser um pouco otimista, dada a limitada sobreposição entre a BM&FBovespa e Cetip”, alertam os analistas.
Mesmo estando cautelosos, Labarta e Lopez estimam que a aquisição irá gerar um goodwill de cerca de R$ 11 bilhões, dado o preço de compra de R$ 12,8 bilhões e o patrimônio da Cetip de R$ 1,8 bilhões. “Se a empresa amortizar isso em 10 anos, estimamos um possível benefício fiscal anual de R$ 374 milhões”, reforçam projetando um crescimento gradual da fusão em 6% em 2017 e 18% em 2018.
A fusão das duas empresas foi anunciada em abril do ano passado e foi avaliada em R$ 12 bilhões. O Cade entendeu, porém, que a central depositária, um sistema que é responsável pela guarda de ações e depósitos como pagamentos de dividendos, tem caráter de monopólio. Por conta disso, a aprovação foi feita com restrições pelo órgão.
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Para isso, entre outras coisas, as empresas fecharam um ACC (Acordo em Controle de Concentração) no qual se comprometeram a permitir que outras empresas tenham acesso a infraestrutura da central de depósitos em “condições justas, transparentes e não-discriminatórias”.
Ao término do pregão de hoje, os acionistas da Cetip receberão, para cada ação CTIP3 que possuírem, uma ação ordinária e três ações preferenciais resgatáveis de emissão da Companhia São José Holding. Concluída a operação, a ação preferencial da holding será convertida em 0,93849080 ação ordinária da BM&FBovespa. Já as três ações preferenciais farão jus ao recebimento de R$ 31,83525013 mais o CDI entre o dia 23 de março e hoje.
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