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SÃO PAULO – Recentes teorias da conspiração e notícias falsas espalhadas nas redes sociais acerca das vacinas alimentam uma desconfiança geral da população sobre a segurança e eficácia das vacinas – e isso deve atrapalhar a imunização contra a Covid-19.
É o que aponta um recente estudo liderado pela professora Heidi Larson, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. A pesquisa, com 8 mil voluntários nos Estados Unidos e no Reino Unido, mostrou que apenas 54,3% dos entrevistados “certamente” tomariam uma vacina contra a Covid-19. Da mesma forma, 46,7% dos entrevistados não tomariam o imunizante.
Segundo a pesquisadora, o número de pessoas que não aceitariam receber a vacina vem crescendo a cada nova pesquisa. Para Heidi, o aumento de informações falsas e teorias da conspiração envolvendo medicamentos, vacinas e a própria pandemia tem intensificado a desconfiança da população sobre a ciência e a medicina.
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“Vacinas só funcionam se as pessoas as tomam. A desinformação atua sobre receios e incertezas quanto às novas vacinas, além das plataformas que estão sendo usadas para desenvolvê-las”, explicou a professora em entrevista à agência de notícias Reuters.
Heidi afirmou que, historicamente, as vacinas são um dos medicamentos mais seguros e bem sucedidos já inventados pela humanidade. Porém, redes sociais colocam dúvidas perigosas sobre eficácia e segurança dos imunizantes.
A professora criticou duramente os grupos chamados de “antivax”. São organizações que negam veementemente o uso de vacinas e muitas vezes alegam que os imunizantes poderiam causar mal, em vez de proteger contra alguma doença.
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“Esses antigrupos se tornaram bastante sofisticados nos últimos anos e, principalmente, nos últimos meses”, disse a professora, ressaltando que esse tipo de desinformação tem aumentado exponencialmente com os recentes avanços das vacinas contra a Covid-19 no mundo.
“Eles transformam coisas básicas que já foram explicadas e esclarecidas décadas atrás em dúvidas sem sentido. Provocam as pessoas a questionarem, como se houvesse uma conspiração que esconde algo da população”, avalia a pesquisadora.
“Infodemia”
Cientistas do mundo todo estão se preocupando com um efeito colateral da pandemia de coronavírus: a infodemia.
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Neetu Abad, cientista comportamental sênior da Divisão de Imunização Global do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), destacou que o mundo vive uma “infodemia”.
O excesso de informações, incluindo as fake news, está causando confusão, comportamentos de risco e falta de crença nos responsáveis pela saúde. “Quando estamos lidando com uma pandemia como a de covid-19, essa confiança nas autoridades de saúde é o principal elemento que precisamos fortalecer”, disse a pesquisadora também à Reuters. Neetu ressaltou que, embora o grupo que recusa totalmente as vacinas seja menor, a alta de notícias falsas e desinformação assusta os cientistas.
A pesquisadora recomenda que haja total transparência e clareza em relação aos processos de testagem e cuidados com a segurança das vacinas contra a covid-19, assim como sobre incertezas ainda envolvidas.
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“Se tentarmos prometer demais, se tentarmos fazer parecer que não há nenhum problema e que é uma solução milagrosa, vamos ter problemas ao longo do tempo. Vai ser problemático para a confiança”, alertou Neetu, que defendeu que os países precisam estar preparados para investigar e comunicar efeitos adversos.
A OMS já manifestou preocupação sobre a “infodemia” de desinformação. Segundo Tedros Adhanom, diretor-geral da organização, ela “se espalha mais rápido e mais facilmente que o vírus, e é tão perigosa quanto.”
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