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SÃO PAULO – O mercado financeiro tem vivido anos de seguidas turbulências após o grande otimismo apresentado durante 2007 e parte de 2008. Depois que a crise dos títulos imobiliários subprime nos Estados Unidos levou à quebra do Lehman Brothers e à consecutiva crise financeira que ainda se manifesta nas economias, viver dias de pavor como numa sexta-feira 13 tornou-se comum para os investidores.
Em 15 de setembro de 2008, o quarto maior banco norte-americano da época declarou falência e levou as bolsas consigo. No dia seguinte, o índice Dow Jones, um dos principais do país, recuou em 504,48 pontos, ou 4,42%. Segundo Jason Vieira, analista da Cruzeiro do Sul Corretora, essa data se tornou o benchmark do mercado para futuras turbulências. Desde então, os acontecimentos na Europa e nos EUA guiam esses momentos de depressão nas bolsas.
Corte do rating norte-americano
No ano passado, o foco foi a Zona do Euro. As difilcudades das nações em se financiarem em leilões de títulos públicos por causa da alta relação entre dívida e PIB (Produto Interno Bruto) propiciaram um 2011 extremamente volátil. Mas foi um evento relacionado aos EUA que trouxe o Ibovespa para seu menor nível entre janeiro e dezembro, e também o único abaixo dos 50.000 pontos.
Também numa sexta-feira, mas no dia 6 de agosto, a agência de classificação de risco Standard & Poor’s realizou o impensável: cortou a avaliação de crédito do governo norte-americano. O país foi rebaixado de AAA para AA+ pela instituição, por conta do impasse entre republicanos e democratas para elevar o limite de endividamento, bem como pela impossibilidade de demonstrar uma melhor política fiscal.
Se a S&P não esperou a sexta 13 para causar o pânico nos mercados, a reação que começou na segunda-feira seguinte, dia 8 de agosto, também foi de terror. O benchmark brasileiro encerrou em 48.668 pontos, recuando 8,08%. Já o Dow Jones caiu 5,55%.
Europa
O índice dos EUA, porém, não viveu seu menor nível do ano nesta data, e sim em 3 de outubro. E dessa vez, o movimento foi contrário: a depressão veio dos europeus. Esse foi o dia em que a Grécia anunciou que não conseguiria cumprir suas metas de redução do déficit público. O país, o mais endividado do continente e sem nenhum acesso ao mercado de dívida para captações, levou o Dow Jones aos 10.655 pontos.
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Jason Vieira explica que, para outros “momentos sexta-feira 13” ocorrerem nos mercados globais, basta a Europa não apresentar um novo acordo para sua integração fiscal. “Além disso, se algum calote acabar acontecendo, isso seria terrível”, avalia. Ele relativiza, porém, explicando que os investidores já estão “vacinados” contra esses dias tenebrosos. Portanto, novos cortes de rating, ou indicadores ruins, não devem trazer uma volatilidade tão acentuada.
Quem investe deve ficar atento ao noticiário do velho continente. Nos emergentes há problemas, mas o analista afirma que eles são capazes de resolução no curto prazo, com medidas de política monetária. E nos EUA, por exemplo, a recuperação já está se encaminhando, como os últimos dados econômicos mostraram.
De qualquer jeito, Jason diz que as sextas-feiras 13 mais marcantes provavelmente já passaram. Em 2008 e 2009, a tendência claramente foi de baixa, mas em 2010 houve certa recuperação. Em 2011, ninguém apostou em um viés do mercado, segundo ele. “Foram vários dias extremos e de alta volatilidade, tanto para cima como para baixo”, lembra. Agora, o panorama parece até ser de compradores em maioria, e ele aparenta otimismo. “O cenário é complicado, mas há esperança”, conclui.