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SÃO PAULO – Muitas histórias de sucesso na bolsa vêm de apostas de investimento de longo prazo, que remetem à famosa estratégia de buy and hold. Grosso modo, acreditando na hipótese de que os mercados são eficientes, fica difícil para o investidor comum bater o retorno médio do mercado, por isso a melhor opção pode ser comprar determinado ativo e segurá-lo por algum tempo.
A ideia do buy and hold partiu dos estudos de Eugene Fama e Kenneth French na Universidade de Chicago. A proposição de racionalidade dos mercados sugere que todas as informações estão incorporadas nos preços, fator que torna os movimentos de curto prazo meramente aleatórios. Por isso a sugestão de apostar no longo prazo.
Na berlinda
Casos de investidores como Warren Buffett tornaram evidente a validade desta estratégia, relacionando até histórias de uma vida de investimento em determinada ação ou setor. Por outro lado, o buy and hold passou a ser questionado recentemente.
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Com os solavancos que a crise embutiu nos gráficos do mercado, muitas blue chips norte-americanas voltaram para patamares de muitos anos antes. Um exemplo extremo é a ação da General Motors, que operava no menor patamar desde 1934 pouco antes do decreto de recuperação judicial da empresa. Experiências como esta, que invalidaram muitas estratégias de longo prazo, colocaram o buy and hold na berlinda.
A estratégia morreu?
De fato, a mudança abrupta na direção dos mercados comprometeu a visão da tradicional estratégia. Lá fora, alguns estrategistas passaram a bater de frente nas proposições do modelo Fama-French. Outros a defendem.
O debate foi aberto pela Motley Fool. “Buy and Hold é um grande slogan de marketing para os fundos que querem tomar seu dinheiro. Nada mais e nada menos.”, acusou milionário norte-americano Mark Cuban. Para ele, os insucessos da crise provaram que a estratégia morreu.
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Um novo buy and hold
Do outro lado, há quem assuma que os casos das blue chips pesam contra, mas ponderam mais a opinião. Os estrategistas da Pimco, que desenvolveram a ideia de que o mercado vive um “novo normal”, acreditam que como o mercado mudou, o buy and hold precisa mudar.
Nos últimos meses, Bill Gross e Mohamed El-Erian vêm afirmando que a recuperação da economia global dará origem a um “novo normal”, no qual o sistema financeiro será desalavancado, desglobalizado e re-regulado. Uma das consequências disso para os investidores é que o acúmulo de riqueza através da alavancagem, como foi feito nas últimas décadas, será muito mais difícil.
Para os estrategistas da Pimco, adaptar o buy and hold ao “novo normal” condiz com uma visão de longo prazo, cíclica e uma administração dos riscos explícita. Em relação ao longo prazo, a recomendação é olhar para frente e não para trás nas decisões, o que inclui a exposição geográfica do ativo em questão. Administração dos riscos, para El-Erian, remete a diversificação.
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“Os saltos [do mercado] constituem um desafio adicional aos investidores, que testam a capacidade do investidor de segurar de fato o ativo – porque quando você experimenta uma grande jornada de saltos, há a tentação para parar de segurar o ativo na hora errada”, afirmou.
4 T’s
Outra opinião que ainda considera a validade da estratégia é de Tom Gardner, um dos três fundadores da Motley Fool. Gardner sugere quatro pontos básicos para o investidor que quer seguir o buy and hold nos dias atuais:
– Questões – | |
Temperamento – “Você aguenta assistir uma perda de 50% no valor de sua carteira por um período de dois ou três anos?” Tempo – “Você consegue administrar dez anos de retorno zero em seus investimentos?” Treinamento – “Você é capaz de investir em companhias públicas, diversificar seu portfólio internacionalmente, conhecendo bem os ativos que possui?” |
Tendência – “Você tem a possibilidade de investir mais dinheiro em sua carteira, particularmente quando os preços estão em queda?” |
Para ele, caso você não passe por esses tópicos, melhor ficar longe da estratégia de buy and hold.
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