Debate do Federal Reserve sobre estímulo causa receio no mercado de turbulência de 2013

Na última semana, quatro das 18 autoridades monetárias do Fed levantaram publicamente a possibilidade de debater a redução das compras de títulos

Bloomberg

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(Bloomberg) — Autoridades do Federal Reserve começam a mostrar divisão sobre quando seria necessário começar a retirar o enorme estímulo monetário, o que causa nervosismo entre alguns investidores, que lembram da turbulência causada por medida semelhante em 2013.

Na última semana, quatro das 18 autoridades monetárias do Fed levantaram publicamente a possibilidade de debater a redução das compras de títulos – atualmente em US$ 120 bilhões por mês – até o final do ano. Em contraste, vários outros chamaram o debate de prematuro, e o vice-presidente do Fed, Richard Clarida, o mais graduado a emitir uma opinião, disse que não espera nenhuma mudança antes de 2022.

Investidores, sem querer correr riscos, puxaram a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de duração mais longa, o que ampliou o spread entre os juros da dívida de dois e 10 anos para perto do maior nível em mais de três anos. O mercado pode receber mais sinais nos próximos dias. Clarida e a governadora do Fed, Lael Brainard, falam na quarta-feira, seguidos um dia depois pelo presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, em seus primeiros comentários do ano.

“O Fed precisa esclarecer sua posição ou corre o risco de um ‘taper tantrum’, desnecessariamente”, disse Diane Swonk, economista-chefe da Grant Thornton, em Chicago, em referência ao termo sobre a reação do mercado com a retirada dos estímulos.

Em 2013, os rendimentos aumentaram após a divulgação inesperada do então presidente do Fed, Ben Bernanke, de que as autoridades avaliavam desacelerar as compras de ativos, o que provocou forte volatilidade no mercado financeiro e uma memória amarga entre investidores.

“Os investidores de títulos ficaram todos encurralados”, disse John Herrmann, diretor de estratégia de juros dos EUA na MUFG Securities Americas, acrescentando que, desta vez, o mercado de títulos está preparado para argumentar: “Não seremos enganados de novo”.

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Em dezembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto, em decisão unânime, disse que continuaria a comprar US$ 120 bilhões por mês em ativos – cerca de US$ 80 bilhões em títulos do Tesouro e US$ 40 bilhões em títulos lastreados em hipotecas – até que houvesse “progresso substancial” no cumprimento das metas de emprego e inflação. Powell chamou o guidance de “poderoso”, mas não quis especificar quais métricas o comitê usaria para fazer uma mudança.

Essa vaga definição está aberta a diferentes interpretações por parte de autoridades do Fed e é fonte de possível confusão entre investidores. O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos está perto do nível mais alto desde março, enquanto os juros das notas de dois anos subiram apenas ligeiramente, o que reflete o claro sinal do banco central que as taxas de juros overnight permanecerão próximas de zero até pelo menos 2023.

Presidentes regionais do Fed, como Patrick Harker, Robert Kaplan, Raphael Bostic e Charles Evans, indicaram abertura para debater uma redução gradual em 2021, caso a economia se mostre suficientemente forte. A distribuição das vacinas contra a Covid-19 para a população dos EUA, mais ajuda fiscal e apoio monetário contínuo contribuem para as previsões de uma recuperação sólida no segundo semestre do ano.

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Embora Clarida tenha dito que sua previsão não inclui uma redução gradual em 2021, outras autoridades do Fed consideram as perspectivas ainda nebulosas.

Em conversa online na terça-feira com o Wall Street Journal, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que o objetivo é superar a pandemia e avaliar a situação depois disso e que só então será possível pensar sobre o rumo da política de balanço patrimonial.

Powell fala na quinta-feira em evento virtual organizado pela Universidade de Princeton e deve manter o tom cauteloso, disse Steven Englander, responsável por estratégia macro para América do Norte no Standard Chartered Bank.

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“Acho que o debate é prematuro”, disse.

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