De BRF a Minerva: como tensão entre China e UE está impulsionando frigoríficos na B3

Alta das ações ocorre após notícias de que China lançou investigação antidumping sobre importações de carne suína da UE

Equipe InfoMoney

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As ações das empresas de proteínas e frigoríficos da Bolsa brasileira tiveram mais um dia de ganhos na Bolsa, com a BRF (BRFS3, R$ 20,02, +4,32%), Marfrig (MRFG3, R$ 10,88, +3,03%), Minerva (BEEF3, R$ 6,47, +2,86%) e JBS (JBSS3, R$ 29,41, +1,76%) entre os destaques de alta na sessão desta quarta-feira (19) e acumulando ganhos de até 7% na semana.

O movimento ocorre após notícias de que o Ministério do Comércio da China lançou uma investigação antidumping no início desta semana sobre as importações de carne suína da União Europeia (UE), após uma denúncia apresentada pela empresa estatal China Animal Husbandry Group.

Essa medida surge imediatamente após o anúncio das tarifas da UE sobre os veículos elétricos chineses. Segundo as autoridades chinesas, a investigação vai se centrar principalmente nas importações de carne de porco durante 2023 e pode durar até junho de 2025, com possibilidade de prorrogação por mais seis meses. Entretanto, não estão previstas alterações nas atuais exportações da UE.

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Para o Itaú BBA, embora ainda não esteja claro se as alegações resultarão em medidas anti-dumping e em mudanças no atual fluxo comercial global, poderão levar a um aumento expectativas no curto prazo para as exportações brasileiras de proteínas.

O aumento das exportações de carne suína do Brasil seria um impacto direto, com um potencial aumento de volumes relevantes para os frigoríficos brasileiros em um cenário de alta. Se a China transfere seu fornecimento de carne suína da Europa para outros países, o Brasil pode se beneficiar, aponta.

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Atualmente, o Brasil é o maior exportador de carne suína para a China, respondendo por 26% do volumes, seguido pela Espanha, com 25%. Outros exportadores importantes na União Europeia incluem os Países Baixos, a Dinamarca e a França. Se estes países enfrentarem medidas como tarifas anti-dumping, volumes adicionais poderiam se tornar significativos.

O aumento das exportações de carne suína não seria a única implicação: exportações de outras proteínas também poderiam ocorrer pelo efeito de substituição entre proteínas.

“Neste ponto, não acreditamos que esta notícia seja suficiente para produzir grandes efeitos de substituição como observados na PSA (Peste Suína Africana) em 2019, quando a ordem de grandeza do impacto da oferta foi completamente diferente. Contudo, não descartamos a possibilidade de melhorias marginais na demanda por carne bovina e de frango em meio a um cenário de carne suína mais cara na China”, apontam os analistas do BBA.

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Além disso, destacam também que o consumo de carne suína na China é duas vezes maior que o consumo de carne bovina e de frango juntos. Dados os números relativos de consumo, o banco lembra que pequenas mudanças na dinâmica de importação de carne suína chinesa são suficientes para se espalhar por outras tendências de consumo de proteínas.