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Dasa: Por que DASA3 já caiu 21% desde anúncio de fusão da rede de hospitais com Amil

Movimento de "compre no boato, venda no fato" e alavancagem ainda desafiadora estão entre os motivos

Lara Rizério

Hospital Santa Paula Oncologia, da Dasa (Foto: Divulgação)
Hospital Santa Paula Oncologia, da Dasa (Foto: Divulgação)

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O movimento de “compre no boato, venda no fato” continua para as ações da Dasa (DASA3), que registraram o seu segundo dia de forte queda na B3 após o anúncio da criação de uma joint venture (“JV”) hospitalar com a Amil. Os ativos DASA3 caíram 21,49% apenas nos dois pregões pós-anúncio, com queda de 12,56%, a R$ 3,69, apenas nesta segunda-feira (17).

A parceria, que levará à fusão de hospitais das companhias, foi vista como positiva, sendo que os rumores em si fizeram com que DASA3 saltassem cerca de 40% apenas durante o período especulativo. Após o anúncio oficial, na sexta, as ações chegaram a subir mais de 12%, mas logo amenizaram a valorização, viraram posteriormente para baixo e fecharam em queda de cerca de 10%.

A Dasa anunciou durante a manhã daquela sexta a parceria que levará à formação de uma nova empresa, com 25 hospitais totalizando 4,4 mil leitos e que será controlada em conjunto pelas duas partes. Como parte do acordo, a Dasa transferirá R$ 3,85 bilhões em dívidas para a entidade, reduzindo sua taxa de alavancagem para 3,6 vezes (ou 2,9 vezes para efeito de covenants). A dívida alta é uma das grandes preocupações do mercado com a companhia.

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Além disso, os executivos não descartaram futuros desinvestimentos, o que é positivo, na visão de diversos analistas. “Vemos o acordo como um movimento importante para a Dasa se aproximar de um pagador relevante em um momento em que estamos vendo várias parcerias em todo o setor e o acordo como crucial para a companhia reduzir a alavancagem e se tornar um parceiro mais próximo de um grande pagador”, avalia a XP.

O Bradesco BBI também vê a notícia como positiva para a Dasa uma vez que: (i) deverá fortalecer o negócio hospitalar da empresa com expansões de participação de mercado, especialmente no Rio de Janeiro e São Paulo, e permitirá um relacionamento mais forte com o terceiro maior pagador, Amil, (ii) haverá redução da alavancagem em 0,6 vez a 4,9 vezes (dívida líquida/Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações), e (iii) haverá espaço para sinergias de custos (materiais/medicamentos, serviços de terceiros, despesas gerais e administrativas) e receitas potencialmente mais altas provenientes da Amil nos negócios de diagnóstico da Ímpar e da Dasa.

Contudo, os desafios também seguem sendo colocados e incentivando o mercado a reduzir as exposições em DASA3 após a notícia oficial da parceria. “Acreditamos que a empresa precisará de esforços adicionais para reduzir a alavancagem para um nível mais saudável”, avalia a XP. O Bradesco BBI também vê, além da alavancagem ainda elevada, valuation não tão atrativo e riscos de execução e integração, mantendo assim recomendação neutra para DASA3.

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O Morgan Stanley, por sua vez, tem recomendação equivalente à compra para DASA3. O banco acredita que a alta alavancagem atual da Dasa provavelmente não será resolvida a partir da geração orgânica de caixa; portanto, qualquer evento que pudesse reduzir materialmente a dívida seria bem-vindo. À medida que a Dasa transfere parte da sua dívida (R$ 3,85 bilhões) para a joint venture, compartilhando assim a responsabilidade com a Amil, isso ajudaria a aliviar algumas das altas pressões da dívida da Dasa.

No entanto, a alavancagem não seria confortável ainda na visão do banco, e exigiria a entrada de novos recursos. Durante a teleconferência após o anúncio da operação, a administração da companhia evitou discutir qualquer evento que pudesse trazer recursos adicionais para a Dasa ou para a joint venture, exceto o desinvestimento dos demais hospitais da Dasa.

“Durante a teleconferência, a administração focou em melhorias operacionais, o que acreditamos que não seria suficiente dada a alta alavancagem. Além disso, como a joint venture em si é consideravelmente alavancada, também não acreditamos que ela possa gerar fluxos de caixa significativos para a Dasa, uma vez que ela tem sua própria missão de desalavancagem pela frente. As vendas de ativos são fundamentais para que a desalavancagem continue”, aponta.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.