Dafiti é alvo claro da Renner, diz jornal; analistas avaliam que opção é melhor do que Marisa, Hering ou C&A

E-commerce de moda Dafiti seria o principal alvo da aquisição planejada pela Renner com a oferta de ações que pode levantar até R$ 6,5 bilhões

Lara Rizério Priscila Yazbek

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SÃO PAULO – Após confirmar a realização de uma oferta de ações que pode levantar R$ 6,5 bilhões e que teria como objetivo a compra de uma empresa do setor varejista, as Lojas Renner (LREN3) têm levantado especulações no mercado sobre quem será o alvo da aquisição. Na sexta-feira, quando os primeiros rumores surgiram, ações da C&A (CEAB3), Lojas Marisa (AMAR3) e Hering (HGTX3), subiram ao serem vistas como as principais candidatas. Mas, nesta terça-feira (20), um outro player aparece como o principal alvo: o e-commerce de moda Dafiti.

Segundo informações de bastidores do jornal O Estado de S. Paulo, o alvo claro da Renner é a Dafiti, que tem um valor estimado no mercado de R$ 10 bilhões. Por conta do preço estimado da Dafiti, o jornal afirma que a expectativa é de que a transação envolva pagamento em dinheiro e troca de ações. A empresa atua hoje no Brasil, na Argentina, na Colômbia e no Chile. E se a aquisição avançar, a Renner poderá se consolidar como uma das maiores empresas do varejo de moda online no país.

Igor Lima, gestor de renda variável da Trafalgar Investimentos, afirma que a opção pela Dafiti deve ser melhor recebida pelo mercado. “Se a compra da Dafiti se confirmar, seria muito melhor de que seria Hering, C&A e Marisa e deve trazer um alívio para os investidores. Muito em função de que, nesse caso, a Renner que não faria uma aquisição de uma empresa offline pura e simples, seria algo mais estratégico para avançar na via de ecommerce”, diz.

Por mais que um negócio online represente uma alternativa mais estratégica para a Renner, na visão de Lima, ele pondera que esse também não seria o melhor dos mundos. “A pior opção seria a compra de uma empresa baseada em lojas físicas; no meio termo ficaria a aquisição de uma loja online grande; e a melhor opção na nossa visão seria, em vez de comprar uma empresa grande online, comprar várias empresas menores que atuam no e-commerce, para fazer aquisições de forma mais gradual”, diz.

Ainda que o setor de vestuário tenha sido fortemente afetado pela segunda onda da pandemia, o gestor da Trafalgar avalia que as Lojas Renner são um tipo de negócio com forte “goodwill” (valor intangível de um negócio, como marca ou reputação, por exemplo), dado os resultados de décadas de boa execução, e isso justifica sua capacidade de levantar recursos no mercado, mesmo diante de um cenário pouco animador para a economia brasileira e o varejo de forma geral.

“Não é qualquer empresa que anuncia um follow-on e capta mais de R$ 5 bilhões. Ela precisa ter um bom trackrecord para gerar valor. Foi o que a Natura fez também. E aí, elas aproveitam momentos como este, em que estão com ações mais valorizadas que os pares e estão mais capitalizadas, para avançar sobre concorrentes menores. Além disso, o mercado vinha cobrando da Renner uma aceleração na sua transformação para o universo digital”, diz Lima.

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As ações da Lojas Renner, que já estavam em queda durante boa parte da sessão, chegaram a amenizar as perdas para cerca de 2%, mas voltaram a registrar baixa de 3,3%. Os ativos já vinham seguindo o movimento de realização de lucros após a disparada de quase 12% na sexta-feira, em meio às notícias sobre oferta de ações, posteriormente confirmadas pela varejista.

Por outro lado, a ação da C&A intensificou as perdas. Às 15h40, a baixa era de 8,09%, a R$ 12,27. Guararapes (GUAR3), controladora da Riachuelo, tinha perdas de 4,03%, a R$ 16,45. Outras companhias com menos chances de serem adquiridas pela Renner, ou registravam leves perdas de seus papéis, como Lojas Marisa, com baixa de 0,66%, ou ganhos de cerca de 1%, caso da Restoque (LLIS3), controladora da Le Lis Blanc.

A Dafiti já havia sido apontada nesta segunda-feira (19) pela XP como a maior aposta caso a Renner fosse em busca de fortalecer a sua presença no e-commerce por meio de ativos nativos, de forma a reforçar a construção do seus ecossistema de moda e lifestyle.

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Danniela Eiger, analista de varejo da XP, aponta que, apesar de haver outras empresas bem sucedidas no nicho, como a Amaro, existiria uma menor aderência com o público endereçado pelas Lojas Renner.

A Dafiti possui atualmente um portfolio de mais de 6 mil marcas e mais de 400 mil produtos à venda em seu site. O faturamento da companhia totalizou R$ 3,4 bilhões em 2020. A varejista tem operações em diversos países da América Latina, como Brasil, Argentina, Chile e Colômbia, que tiveram início entre 2011 e 2012.

A XP destacou em relatório que a companhia opera através de três marcas: i) Dafiti, com variedade de marcas e produtos através de um mix de nomes internacionais, grifes exclusivas e marcas próprias; ii) Kanui, líder online de streetstyle, focada em lifestyle e esportes e iii) Tricae, com seleção completa de mais de 60 mil produtos para mães, bebês e crianças até 12 anos.

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A Dafiti ainda conta com um serviço de assinatura (Dafiti Prime), em que oferece frete grátis sem valor mínimo de compra e coleta para trocas, e possui um cartão de crédito próprio (Dafiti Card), que pode ser usado em outros estabelecimentos comerciais.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.