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Todos já ouviram falar dos frívolos millennials, que gastam seu dinheiro com torradas de abacate, moram com os pais e “matam” indústrias com seus hábitos. Não há nada de novo no conceito, mas muitos dessa geração dizem que o estereótipo é falso, e com razão: as gerações apresentam muitas mais nuances do que transparecem, especialmente levando-se em conta o grande número de millennials.
Eles completam entre 28 e 43 anos de idade este ano, de acordo com o Pew Research Center (a fonte definitiva sobre gerações que, no entanto, aposentou o conceito de enquadramento geracional). A geração do milênio é definida por eventos econômicos que se estendem desde a bolha pontocom até a Grande Recessão e o advento das mídias sociais. Mas a idade deles quando esses eventos ocorreram de fato depende do período em que essas pessoas nasceram, que foi definido entre 1981 e 1996.
Embora exista debate a respeito da própria existência de microgerações (ou mesmo da própria geração como um todo, nesse caso), não é possível negar que existem subgrupos de millennials que têm experiências muito diferentes nos negócios e em sua cultura. É importante compreender todos os quatro, pois, ame-os ou odeie-os, eles se tornaram uma força econômica.
1981 a 1984: ‘millennial geriátrico’
Você deve conhecer os ditos millennials ‘OG’ (ou seja, os “original gangsta”, gíria que pode ser traduzida como alguém incrivelmente excepcional, autêntico e da velha guarda), que completam de 40 a 43 anos este ano, como os millennials mais velhos ou “geriátricos”. O termo dividiu a internet em 2021, quando a especialista em liderança Erica Dhawan publicou um artigo no Medium sobre a microgeração.
Este grupo, que é do início dos anos 80, na cúspide da Geração X, foi o primeiro a crescer com PCs em casa, mas ele também se sente confortável com o TikTok, escreveu Dhawan. Por se posicionarem na linha divisória entre os nativos digitais e os adaptadores digitais, ela acredita que podem fazer a ponte entre colaboradores mais velhos e mais jovens no local de trabalho, ensinando tanto a linguagem corporativa tradicional quanto as competências digitais.
Jason Dorsey, pesquisador geracional e presidente do Center for Generational Kinetics, disse à Fortune que este grupo ingressou em um mercado de trabalho bastante robusto, mesmo para aqueles que não têm diploma de curso superior e puderam se beneficiar de mais anos no local de trabalho. Era o início dos anos 2000, antes da crise financeira, mas logo depois do estouro da bolha pontocom, no início do milênio, quando ocorreu uma recessão moderada. Mas o desemprego já estava caindo quando a maior parte deste grupo começou a se formar da faculdade.
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Desta forma, a microgeração conhecida como a “geração millennial geriátrica” é um pouco mais parecida com a Geração X “porque eles meio que têm o vento nas costas e têm mais posição de apoio do que o segmento dos millennials que chegaram logo depois”, analisou Dorsey. Embora ainda enfrentassem o desafio do elevado endividamento estudantil, essa base mais sólida os colocou em uma posição financeira melhor para pagar seus empréstimos. Segundo ele, foi naquele ponto que surgiu o “conto de duas cidades” dos millennials.
1985 a 1989: millennials da Grande Recessão
A geração do milênio que hoje tem trinta e poucos anos de idade, que tem formação universitária apesar da crise financeira de 2007 e de suas consequências duradouras, se tornou, indiscutivelmente, a face econômica da geração. E ela percorreu um duro caminho para construir uma carreira e riqueza. A taxa de desemprego atingiu o pico de 10% em 2009, deixando muitos millennials vagando pelo mercado de trabalho, acabando em empregos que não queriam ter ou com uma lacuna no currículo enquanto esperavam para encontrar o emprego certo, ou qualquer emprego que fosse. Segundo Dorsey, isso pode ter adiado as perspectivas de trabalho desses millennials em dois a cinco anos.
“Você não teve o benefício de ingressar no mercado de trabalho que planejou, e agora está competindo com todas essas pessoas que têm mais experiência e, muitas vezes, ‘networks’ melhores. Isso atrapalha de forma muito significativa”, afirma. “E essa é uma ladeira bastante íngreme para escalar. Afinal, a cada ano que passa depois de você se formar, você tem todo um novo grupo de pessoas chegando, e os recrutadores estão conversando com eles, não com você, porque você está desempregado há dois anos.”
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Um estudo publicado pelo Stanford Institute for Economic Policy Research revela que durante pelo menos 10 a 15 anos, aqueles que se formaram em um período de recessão normalmente ganham menos do que os formandos normais e eles podem ficar presos em uma trajetória econômica descendente. O fato de o custo de vida estar aumentando e eles estarem enterrados em dívidas estudantis e não terem a experiência de trabalho para ajudar a pagar essas dívidas não facilitou em nada para os millennials da recessão, enfatiza Dorsey.
“Este é o mesmo grupo a quem foi dito que se você se formasse da faculdade e tirasse boas notas, tudo daria certo, e, então, eles chegaram bem na Grande Recessão”, acrescenta. “Eles ganharam na loteria do azar.”
1990 a 1993: millennial dos ’30 e poucos anos’
Aqueles que fazem de 33 e 34 anos este ano correspondem à maior faixa etária dos Estados Unidos. Havia 4,74 milhões e 4,75 milhões deles em 2022, respectivamente, de acordo com dados do US Census Bureau. Acontece que esses são os millennials nascidos em 1990 e 1991, que Jenna Smialek, do The New York Times, considera a geração millennial “de pico” (para os fins deste artigo, estamos expandindo o nome de forma a abranger todo o conjunto da geração millennial que hoje tem trinta e poucos anos, uma vez que compartilham características semelhantes).
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Eles iniciaram a vida adulta depois da Grande Recessão, quando a economia melhorou muito, observa Dorsey. Mas, acrescenta, muitos não se sentiam assim porque estavam lidando com o efeito bola de neve da dívida estudantil e do aumento do custo de vida, especialmente no que diz respeito à habitação.
O fato de haver tantos deles também não ajudou. Como salienta Smialek, o número descomunal de bebês nascidos em 1990 e 1991 significa que havia mais poder econômico, mas mais competição para entrar na faculdade, conseguir um emprego e comprar casas, como foi possível observar durante o aquecimento do mercado imobiliário na pandemia. Faz sentido, então, que continuem a seguir a tendência mais ampla dos millennials de adiar a aquisição da casa própria, bem como casar e ter filhos, o que poderá impactar a força de trabalho futura.
“Você acaba tendo a tendência, mas tem também a mudança na pressão dos colegas”, diz Dorsey, explicando que se seus amigos também não estão casados, não tiveram filhos ou não compraram uma casa, então você pode não sentir parte da pressão social que as gerações anteriores sentiram quando tinham a mesma idade. Embora os millennials mais velhos tenham sido criadores de tendências no que diz respeito ao adiamento destes marcos importantes, estar no meio ou no meio para o final da geração dá aos millennials de “pico” um poder de retenção diferente, sob o qual decidem se esta mudança deve ser a norma. “Você não precisa ser o pioneiro nessas características geracionais, mas está decidindo quais são as que deseja levar adiante.”
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1994 a 1996: os ‘zillennials’
Os millennials mais jovens têm muito em comum com os millennials mais velhos, na medida em que ambos os grupos abrangem duas gerações, algo frequentemente conhecido como “cúspide”. O grupo de meados da década de 1990 foi apelidado de “Zillennials” por se situar entre o mundo digital pioneiro dos millennials e o mundo digital nativo da geração Z. Mas Dorsey diz que eles não se identificam com os millennials e nem com a geração Z, já que muitos deles nem se lembram dos eventos do 11 de setembro.
Isso confere ao grupo uma identidade desafiadora, acrescenta: “eles sentem que há uma espécie de ponte, ou que estão presos entre esses dois mundos”. Mas, tal como acontece com os seus pares mais velhos, isto cria uma oportunidade para os jovens millennials desenvolverem características únicas que impactam o local de trabalho. Como explica Dorsey, eles frequentemente acabam ocupando funções de gestão e liderança “porque estão habituados a atuarem como ponte entre as pessoas”.
É claro que as microgerações têm mais nuances do que esse termo genérico consegue representar. E elas não são específicas aos millennials, especialmente como o caso de gerações maiores, como os “baby boomers”. Mas as características específicas de cada microgeração muitas vezes tendem a persistir à medida que as pessoas envelhecem, diz Dorsey.
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“Os eventos ou experiências que criaram as microgerações foram tão formativos e impactantes que eles mantêm essas diferenças por muito tempo”, explica. “Você pode perder algumas das arestas com o tempo, mas isso ainda é algo que essas gerações carregam consigo.”