CVC (CVCB3) decepciona no 2º trimestre e ações desabam 8%; mercado espera por resultados da nova gestão

A companhia viu seu prejuízo líquido aumentar 76,1% e analistas esperam por resultados das novas iniciativas

Lara Rizério Vitor Azevedo

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Os resultados divulgados pela CVC (CVCB3) reforçaram a cautela do mercado com as ações da companhia de turismo. Os papéis CVCB3 caíram 7,99%, a R$ 2,65, entre os destaques de baixa do Ibovespa na sessão desta quarta-feira (9).

A companhia viu seu prejuízo líquido aumentar 76,1% entre abril e junho de 2023  em relação a igual período do ano passado, saindo de R$ 94,8 milhões para R$ 167 milhões. A empresa explica que o aumento do prejuízo se deve “majoritariamente (i) a provisão de juros de renegociação das debêntures (prêmio PIK) e (ii) juros de antecipação de recebíveis”.

As reservas confirmadas consolidadas aumentaram 2,0% em relação ao ano anterior, mas 7,6% abaixo do esperado, conforme aponta o Bradesco BBI, já que as restrições referentes à Covid-19 já haviam diminuído no 2T22, levando a uma base de comparação mais difícil.

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A receita líquida ficou estável (R$ 269,4 milhões, ou queda de 0,1%) em relação ao ano anterior, como resultado do fraco desempenho nas reservas e uma queda nas comissões.

O Ebitda, negativo em R$ 16 milhões, ficou abaixo da projeção do banco de um número positivo de R$ 27 milhões, devido à receita estável, bem como ao aumento nas despesas com vendas e maiores provisões para clientes B2B.

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Dessa forma, o prejuízo foi 71,3% pior do que sua projeção, explicado pelo Ebitda abaixo do esperado, bem como pelos maiores encargos financeiros.

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“A CVC relatou outro conjunto de resultados fracos. O forte crescimento das vendas no 1T23 não se repetiu no 2T23 e, como resultado, as receitas ficaram estáveis, enquanto o aumento das despesas com vendas levou a um Ebitda negativo”, apontaram os analistas.

Assim, o BBI avaliou que os fracos resultados e o fraco fluxo de caixa operacional provavelmente não seriam um bom gatilho para CVCB3, levando ainda em conta que a empresa tem uma das ações de pior desempenho em sua cobertura de varejo e bens de consumo, com queda de 36% no acumulado do ano.

Sob nova direção

O banco destaca ainda que as recentes mudanças de gestão da empresa.

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A nova alta direção, com Fabio Godinho como CEO e Carlos Wollenweber como CFO, ao lado da família Paulus como um dos novos principais acionistas, mudou o plano estratégico em várias frentes, como relacionamento com franqueados, reestruturação dos principais executivos e uma nova estratégia de crescimento/rentabilidade.

Essas mudanças estratégicas foram seguidas pelo aumento de capital de R$ 550 milhões concluído em 28 de junho, que fornecerá alívio de capital de curto prazo para reativar as estratégias de crescimento que exigiam capital de giro.

“Por enquanto, ainda estamos incertos sobre a recuperação das reservas e receitas da CVC no segundo semestre, que é o principal fator de alavancagem operacional”, avalia. Assim, a equipe de análise do banco mantém as premissas conservadoras e a recomendação apenas neutra, bem como o preço-alvo de R$ 3,00 por ação para o final de 2024 (upside de 4% em relação ao fechamento da véspera).

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O JPMorgan, que tem recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para as ações e também viu os resultados como fracos, também aponta que o foco deve ficar para as iniciativas implementadas pela nova equipe de gestão para melhorar os resultados do curto prazo, bem como a renova estratégia de crescimento.

Isso porque a direção listou as principais iniciativas para a segunda metade do ano e para 2024.

“Resumidamente, a CVC mencionou (1) expansão de vendas e lojas, com foco em produto e precificação, aumentando as vendas nas mesmas lojas e abrindo novas lojas; (2) melhorias do mix de produtos, priorizando aqueles que são mais rentáveis ​​(take rate) e exigem menos capital de giro; (3) racionalização de opex (gastos operacionais) e redução de despesas fixas em projetos não estratégicos; e (5) melhoria da estrutura de capital e redução da alavancagem”, aponta o banco.

Durante a teleconferência de resultados, os executivos da companhia reforçaram esses pontos.

“Todo empenho da companhia, a partir de agora, será em melhorar o take rate. Queremos vender pacotes mais rentáveis, melhorar o relacionamento com fornecedores e melhorar a relação com o cliente”, disse o diretor executivo (CEO), Carlos Wollenweber.

Segundo ele, algumas medidas implementadas pela nova direção já vem dando resultados.

“Descontinuamos, por exemplo, produtos exclusivos e fretamentos sem pouca aderência. Colocamos produtos que são mais a cara da CVC, com a cara do nosso cliente e pricing mais ajustado. O take rate desses produtos, em julho, já veio melhor”, falou. “Não podemos falar quão rápida será a melhora, mas estamos vendo-a”.

A equipe, segundo o CEO, vem também trabalhando no negócio com fornecedores, visando mais competitividade. “Fomos doadores de market share para a concorrência nos últimos anos e esse movimento está sendo revertido. O grupo que está aqui está de olho nisso. Iremos, certamente, voltar a ganhar fatia de mercado”, expôs.

Wollenweber, membro do novo alto comando da CVC que chegou à empresa no segundo trimestre e já implementou mudanças operacionais, disse que não há, no entanto, previsões do quão rápida será essa melhora no indicador ao longo do tempo.

(Com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.