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SÃO PAULO – As grandes livrarias brasileiras Cultura e Saraiva devem apresentar nesta quinta-feira (22) ao Sindicado Nacional dos Editores de Livros (Snel) propostas para garantir o fornecimento de livros, uma medida que é vista pelo mercado editorial como “crucial” para que ambas as companhias continuem operando.
Uma matéria publicada pelo InfoMoney mostra que as duas livrarias somam dívidas de R$ 325 milhões com as editoras de livros.
Segundo fontes próximas ao assunto consultadas pelo Valor Econômico, as propostas deverão “envolver prazo muito curto de pagamento e grandes volumes de encomendas” para que sejam consideradas pelas editoras, que estão “sem capital de giro”. A fonte ainda disse ao jornal que o mercado está receoso de voltar a apostar nas livrarias.
O problema: ambas estão quebradas e na beira do abismo. A livraria Cultura entrou com pedido de recuperação judicial em outubro, depois de fechar todas as unidades da Fnac no Brasil, e a Saraiva anunciou que ainda neste ano fechará 20 de suas unidades no país. Juntas, elas respondem por 40% das vendas do mercado editorial.
A falta de pagamento às editoras não é recente: em agosto, as editoras Mythos, especializada em histórias em quadrinhos, e a Bookwire, a maior de livros digitais, deixaram de distribuir seus títulos às gigantes por conta de calote. Segundo o Sindicato, a Cultura vinha refinanciando seus débitos com as editoras desde 2016, suspendendo-os por completo em setembro.
Não faltam tentativas, de ambas as partes, de reverter a situação. No último dia 6, o Snel convocou uma reunião com a Saraiva para tentar renegociar as dívidas, mas acabou recusando o acordo proposto pela livraria, de que 45% da dívida fosse convertida em ações e debêntures, que o restante fosse quitado em 120 parcelas e que cada credor recebesse R$ 15 mil.
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Dois dias depois, no dia 8, o Sindicado propôs à Saraiva o pagamento à vista dos volumes encomendados, entre outras condições. Essa também acabou sendo negada.
Especialistas já comentam que a tendência da Saraiva é de acabar entrando com o pedido de recuperação judicial, como fez a Cultura.
No terceiro trimestre, a varejista registrou um saldo devedor de R$ 164 milhões – sem perspectiva de ser quitado, já que o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da varejista ficou em R$ 49 milhões negativo, 90% maior do que o apresentado um ano antes. As dívidas da Cultura totalizam R$ 285 milhões.
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