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SÃO PAULO – O Ibovespa registrou queda pelo segundo mês seguido, encerrando o mês de agosto com perdas de 2,48%. Além dos riscos fiscais que rondam o cenário doméstico, a queda das commodities em meio ao aumento da regulamentação da China e os dados mais fracos do gigante asiático levaram a algumas das maiores baixas do índice no mês.
Já entre as altas, alguns sinais de recuperação de resultados para algumas companhias levaram a ganhos, ainda que mais modestos em relação às baixas. Confira os destaques do Ibovespa no mês de agosto:
Maiores baixas
1. CSN (CSNA3, R$ 34,86, -21,21%)
Ainda que registrando alta ainda expressiva no ano, de cerca de 18%, as ações da CSN acabaram fechando agosto com perdas expressivas, na esteira do sentimento mais negativo do mercado com relação a commodities como minério de ferro e aço, tanto por conta da regulação da China no mercado quanto pelos dados apontando desaceleração da atividade do gigante asiático.
Em agosto, a cotação do minério spot no porto de Qingdao, com pureza de 62%, teve baixa acumulada de 15,4%, segundo dados da Fastmarkets MB, fechando o mês a US$ 153,67 a tonelada. Assim, zerou os ganhos do ano, registrando baixa acumulada de 4,2% no período.
Nesse cenário, analistas passaram a revisar as suas preferências para as siderúrgicas, incluindo a CSN. Em meados do mês, o Itaú BBA revisou as suas projeções para as ações do setor de mineração e siderurgia Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3). Eles também incorporaram os resultados de segundo trimestre, novas projeções de PIB e câmbio e uma expectativa de maior custo de capital para as companhias.
Os analistas apontam que, “apesar da média estimada por eles para o minério de ferro em 2021 ter subido levemente de US$ 150 a tonelada para US$ 170 a tonelada, vemos um cenário desafiador para a commodity, destacando os dados recentes indicando queda na produção de aço na China”. Para eles, as perspectivas de valorização da CSN e da Usiminas não representam proposições atraentes de risco e recompensa. Assim, o banco reduziu a recomendação para ambos os papéis de outperform para market perform (perspectiva de valorização dentro da média do mercado).
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Mas a avaliação não é unânime: o Credit se mantém “seletivamente construtivo” no setor de materiais básicos (que compreende mineradoras, siderúrgicas, papel e celulose), preferindo ações de siderúrgicas como CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5) aos papéis de mineradoras.
2. Via (VIIA3, R$ 10,39, -17,47%)
O ano não está sendo fácil para as ações de empresas expostas ao e-commerce e, dentre elas, está a Via que, por mais um mês, registra queda expressiva de seus ativos, acumulando baixa de mais de 30% no acumulado de 2021.
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Os nomes de e-commerce/tecnologia foram os que mais sofreram no setor de varejo no mês, sendo um grande tópico de discussões com investidores após a temporada de resultados para as companhias. Isso num contexto em que o segmento é altamente correlacionado com o panorama econômico (principalmente taxas de juros) e confiança do consumidor e, neste cenário, os papéis têm tido uma dinâmica desafiadora.
Mas, além do cenário macro, a competição mais acirrada tem sido uma preocupação crescente no segmento, já que os lucros divulgados recentemente mostraram margens pressionadas e comissões menores, aponta a XP, enquanto empresas internacionais como Amazon e Shopee continuam investindo fortemente no país.
No caso da Via, a companhia divulgou seus resultados no último dia 12, com analistas se mostrando divididos entre otimismo e ceticismo com a ação. A dona das Casas Bahia e do Ponto registrou alta de 103% em seu lucro líquido do segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2020, para R$ 132 milhões, sustentada pelo forte crescimento no comércio eletrônico por conta do isolamento social.
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A companhia, dona das redes Casas Bahia e Ponto, teve receita bruta no conceito GMV [volume bruto de mercadorias] de R$ 11,4 bilhões, um avanço de 51% ante o segundo trimestre do ano passado. Segundo a empresa, cerca de 65% do GMV vieram das vendas digitais, que corresponderam a cerca de R$ 7,5 bilhões, incremento de 35,7% na base anual. Contudo, o GMV online cresceu 20% na base anual (decepcionando em 4 pontos a estimativa do Morgan Stanley, por exemplo).
Conforme aponta a XP, a varejista reportou resultados mistos, com uma forte performance no marketplace (3P) , mas lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) pressionado por maiores despesas operacionais.
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Os analistas da XP destacaram como positivos diversas iniciativas e indicadores no seu release de resultados, mas apontaram a concorrência ainda como uma questão, mantendo recomendação neutra para os ativos.
Já o Credit Suisse possui recomendação equivalente à compra para os ativos, com preço-alvo de R$ 24. A equipe de análise aponta que, nesta fase, ainda vê opiniões divergentes dos investidores sobre a disposição para precificar a transformação digital da Via e sua capacidade de amadurecer / dimensionar sua plataforma de mercado. Porém, ressalta que o segundo trimestre de 2021 foi o sétimo consecutivo de resultados decentes, combinando um ritmo de crescimento robusto com níveis saudáveis de lucratividade. Assim, com a combinação de um bom nível de execução e o valuation atual, os analistas do Credit seguem otimistas com o case de investimentos.
3. Ultrapar (UGPA3, R$ 14,44, -17,25%)
Além de um resultado considerado bastante fraco, com os papéis caindo 12% no pregão após o balanço, mais um vetor negativo esteve afetando a cotação da Ultrapar no mês de agosto.
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Sobre o balanço, a companhia registrou lucro líquido ajustado de R$ 290 milhões no segundo trimestre, valor abaixo da projeção dos analistas consultados pela Refinitiv, que, em média, esperavam lucro de R$ 329,6 milhões.
O resultado, porém, não inclui o efeito de uma baixa contábil realizada na rede de farmácias Extrafarma, que teria levado a um prejuízo de R$ 18 milhões. A empresa afirmou no balanço que baixa contábil na Extrafarma registrada no segundo trimestre foi de R$ 395 milhões, sem efeito caixa. O grupo acertou a venda da rede de farmácias para a Pague Menos em maio, por R$ 700 milhões.
Após o balanço, o Bradesco BBI cortou a recomendação da ação para neutra, com redução do preço-alvo de R$ 26 em 2021 para R$ 21 para 2022. “Embora a indústria tenha sido impactada pelas medidas de restrição e aumento do preço do combustível da Petrobras no trimestre, a perda na Ipiranga foi significativamente maior quando comparada ao segundo trimestre de 2021 do seu concorrente”, disseram os analistas.
O volume comercializado na rede de postos apresentou crescimento de 4% em relação ao primeiro trimestre, mas a margem Ebitda ficou bem abaixo do projetado. Também segundo o Itaú BBA, no quesito Ebitda/m3 de combustível, métrica muito usada no segmento, a companhia alcançou R$ 52/m3 em termos ajustados, inferior à estimativa de R$ 93/m3.
Mas, além do balanço, o noticiário mais incerto sobre as consequências de comprar uma refinaria da Petrobras (PETR4;PETR4) estão no radar.
A Ultrapar e Petrobras têm até o final de outubro (prazo estipulado pelas autoridades de defesa da concorrência do Brasil) para negociar os termos finais da aquisição da REFAP (Refinaria Alperto Pasqualini). Até então, o negócio não está fechado, pois a Ultrapar poderia desistir da aquisição sem pagar multas.
Conforme destaca o BBI, a Ultrapar continua comprometida com o processo de aquisição, e os relatos mais recentes da mídia especularam que a companhia compraria a REFAP por US$ 1,2 bilhão (contra a avaliação justa da casa de US$ 1,6 bilhão, que não pressupõe a Ultrapar implementando potenciais melhorias futuras).
Porém, para os analistas, embora tenham argumentado no passado que possuir um ativo de refino no Brasil poderia agregar valor para a Ultrapar, e ainda acreditem na tese, o cenário político está mudando no Brasil e o resultado da eleição presidencial de 2022 permanece altamente incerto, na avaliação deles.
“Dependendo do resultado da eleição, a criação de valor a partir do REFAP pode ser materialmente mais difícil, especialmente se a venda da REPAR (refinaria do Paraná), pela Petrobras, não se concretizar. Se a ‘Petrobras do futuro’ decidir vender mais barato gasolina e diesel no mercado brasileiro, a área de influência da REFAP pode ser afetada, especialmente se a REPAR permanecer sob o controle da Petrobras”, apontam os analistas.
Assim, mesmo se a Ultrapar pudesse negociar os termos pelos quais a “Petrobras do futuro” reembolsaria a REFAP pelos danos causados por dumping, ainda haveria alguma incerteza se um futuro governo honraria tal compromisso.
Na avaliação dos analistas, a menos que esse governo apareça com uma solução sustentável para os preços dos combustíveis no Brasil – dentre elas, a criação de um fundo de estabilização do qual as refinarias são devidamente pagas mesmo em períodos de incerteza -, a aquisição da REFAP trará considerável volatilidade às ações da Ultrapar em 2022. Enquanto isso, uma possível venda bem-sucedida pela Petrobras da REPAR também ajudaria a mitigar riscos potenciais para a REFAP no futuro. Veja mais clicando aqui.
4. Qualicorp (QUAL3, R$ 21,37, -17,01%)
Os resultados tiveram forte impacto para a ação da Qualicorp. No pós-balanço – mais precisamente, no dia 11 de agosto – os ativos despencaram mais de 15%.
A empresa líder no Brasil na comercialização, administração e gestão de planos de saúde coletivos por adesão e empresariais teve queda no lucro do segundo trimestre, refletindo maiores despesas financeiras e com campanhas de vendas. O lucro de abril a junho somou R$ 90,3 milhões, baixa de 28,4% contra um ano antes. Embora tenha tido crescimento de 6,9% ano a ano da receita líquida, a R$ 517,2 milhões, isso veio às custas de maiores despesas com itens como marketing.
Mas o grande destaque ficou para o índice de cancelamento dos clientes (churn), bastante alto: a estimativa dos analistas era de 10,6%, mas o dado efetivo foi de 11,6%. O dado foi consequência do reajuste de planos de saúde aplicado no começo deste ano após a suspensão em 2020, e que resultou em aumento de preços médio de 23% para a base de clientes.
Em teleconferência, a companhia destacou que o reajuste nos planos de saúde por adesão, aplicado no segundo trimestre, levou ao cancelamento de 138,2 mil convênios médicos na Qualicorp, uma alta de 71% na base anual. Da elevação de 23,2%, uma fatia de 14,8% é referente ao reajuste do ano passado, que foi adiado para 2021.
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Ação da Qualicorp teve forte baixa após o resultado do segundo trimestre; o que decepcionou tanto?
Após o resultado, o Credit Suisse reduziu a recomendação para as ações de equivalente à compra para equivalente à neutra cortando o preço-alvo de R$ 34 para R$ 27. Os analistas destacaram que o risco do negócio subiu com as perdas líquidas de beneficiários, apesar das fortes adições brutas e um fluxo de caixa livre surpreendentemente negativo no trimestre (R$ 197 milhões), o que contrastou com a tese do fluxo de caixa.
Além disso, não haveria gatilhos para reverter a perspectiva, já que o churn alto deve prosseguir no terceiro trimestre com os reajustes de preços em função da sazonalidade dos contratos e a normalização a partir dos últimos três meses do ano, que ainda não está clara.
5. Iguatemi (IGTA3, R$ 34,19, -16,26%)
Apesar de registrar números do segundo trimestre relativamente positivos, os papéis da Iguatemi tiveram queda expressiva em agosto.
Sobre os resultados, a companhia, dona de 14 shopping centers, dois outlets e três torres comerciais, apresentou lucro líquido de R$ 279 milhões no segundo trimestre de 2021, montante seis vezes maior do que no mesmo período de 2020.
O Ebitda atingiu R$ 108,9 milhões, recuo de 5,4% na mesma base de comparação. A margem Ebitda diminuiu 7,6 pontos porcentuais, para 63,9%. A receita operacional líquida totalizou R$ 170,3 milhões, aumento de 5,8%.
O Fluxo de Caixa Operacional (FFO) registrado no trimestre foi de R$ 317,7 milhões, que representa um aumento de 279,3% na comparação anual.
“O segundo trimestre de 2021 foi marcado pela retomada das operações dos shoppings do Iguatemi, após o lockdown imposto por conta da segunda onda da pandemia da Covid-19. Com a retomada das atividades em todos os empreendimentos e a ampliação dos horários de funcionamento, a capacidade de utilização aumentou de 16% no final do primeiro trimestre para 92% em junho”, destaca a Levante Ideias de Investimentos.
Segundo os analistas, os resultados mais fortes apresentados pela companhia nos últimos 2 meses do trimestre e o avanço da vacinação ao longo do semestre proporcionam um cenário otimista conforme o alívio das restrições remanescentes em algumas operações como cinemas, restaurantes e praça de alimentação bem como para suportar o aumento no fluxo de clientes ao longo do ano aumentam.
Por outro lado, no último dia do mês, o Bank of America reduziu a recomendação para a ação da Iguatemi de compra para neutra, mesmo destacando o portfolio de alta qualidade da companhia.
Segundo os analistas do banco americano, a reestruturação atual “obscurece” o cenário à frente, em referência ao anúncio em julho de reorganização societária com a Jereissati Participações ([ativo=JPSA3]).
O plano envolve a criação de ações PN e a incorporação da IGTA3 pela holding JPSA3, em uma nova empresa a se chamar Iguatemi SA. O motivo da reestruturação é a perspectiva de fusões e aquisições a serem realizadas no mercado mais adiante, em meio a um cenário de forte potencial de consolidação do setor. Como resultado, a Iguatemi deixará de ser membro do Novo Mercado (que conta com os mais elevados padrões de governança para companhias abertas).
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“A Iguatemi falou ao mercado sobre a ideia de poder fazer aquisições pós-Covid já que o setor de shoppings brasileiro ainda é bastante fragmentado. O processo está previsto para ser concluído em novembro e, até então, conforme novas etapas de negociação sejam concluídas (como, por exemplo, o prêmio a ser pago aos acionistas minoritários), os analistas esperam ver algum overhang [excesso de ações no mercado], também provavelmente relacionado à decisão de sair do Novo Mercado e sobre a nova estratégia de fusões e aquisições”, apontam os analistas.
Confira as maiores baixas do Ibovespa em agosto:
Maiores altas
1. Embraer (EMBR3, R$ 23,42, +25,98%)
A fabricante de aeronaves Embraer já tem tido bons desempenhos na Bolsa há alguns meses, impulsionada por uma recuperação do setor de viagens e turismo após o choque inicial da pandemia em março do ano passado, além de uma mudança de rumo da própria empresa, que desde antes da crise já passava por dificuldades.
A alta de mais de 20% em agosto ocorre em um cenário em que a Embraer tem conseguido mais encomendas, mas também por conta de sua subsidiária Eve, focada em desenvolver veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOL, na sigla em inglês), os chamados “carros voadores”.
Há pelo menos três meses a companhia tem fechado uma série de parcerias importantes, o que também ajuda a impulsionar a Embraer.
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Porém, talvez o principal catalisador este mês tenha sido o resultado do segundo trimestre, que confirmou a visão positiva que o mercado já vinha tendo da empresa, principalmente após ela conseguir seu primeiro lucro líquido ajustado trimestral desde 2018, com R$ 212,8 milhões positivos entre abril e junho deste ano.
O balanço fez os papéis da fabricante saltarem mais de 7% em apenas um pregão. Em comentários após a divulgação dos resultados, analistas ressaltaram os números positivos e acima do esperado, contribuindo para uma manutenção da recomendação de compra por casas como Itaú BBA e Bradesco BBI (veja mais clicando aqui).
De acordo com o time de análise do BBA, a Embraer anunciou uma combinação poderosa de fortes entregas e receitas, diluição de custos fixos e despesas, bem como revisões positivas da base de custos no segmento de Defesa.
Isso levou o lucro antes dos juros e tributos (EBIT), a receita líquida e a geração de fluxo de caixa livre da companhia de volta a um território positivo, marcando o segundo trimestre como um ponto de inflexão, na avaliação dos analistas.
2. CPFL Energia (CPFE3, R$ 29,04, +14,69%)
Considerada uma surpresa na lista de maiores altas de agosto, a CPFL Energia vinha acumulado leve queda no mês até dia 12, quando anunciou um resultado considerado bastante positivo, mas mais do que isso, uma grande remuneração aos acionistas.
A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,126 bilhão no segundo trimestre deste ano, salto de 143,6% ante igual período do ano passado, em meio a uma retomada no consumo de eletricidade no país.
O Ebitda consolidado atingiu R$ 2,054 bilhões, avanço de 70% na comparação anual. “O destaque vem da retomada do consumo de energia, com crescimento de 12,9%, ficando inclusive acima do patamar do segundo trimestre de 2019”, disse em nota o presidente da companhia, Gustavo Estrella.
“Esse crescimento se deu principalmente na classe industrial, que registrou crescimento 27,4%, em função da recuperação da indústria em segmentos relevantes em nossas regiões”, afirmou o executivo, acrescentando que o segmento comercial teve avanço de 14,1% na comparação anual, mas permaneceu com valor negativo ante mesma etapa de 2019.
Na avaliação do Credit Suisse, a CPFL entregou resultados positivos e em linha com as expectativas dado o crescimento de volume robusto nas unidades de distribuição mesmo com um preço de compra de energia mais alto e aumento nas provisões para inadimplência. Dados reportados se beneficiaram de ganhos não recorrentes na área de trading assim como booking VNR e construção de margens.
Além disso, a CPFL anunciou o pagamento de R$ 1,73 bilhão em dividendos, o que animou ainda mais os investidores. O valor será de R$ 1,50 por ação, com base na posição acionária desta terça (31), com o pagamento previsto para ocorrer até 31 de dezembro, sem data definida.
Para os analistas do Itaú BBA, o pagamento também foi uma boa notícia porque poder “sugerir que não há aquisição transformacional a ser anunciada no curto prazo”. Segundo eles, a recente queda das ações poderia ser atribuída de alguma forma a uma percepção dos investidores de risco de M&A com a companhia.
3. Braskem (BRKM5, R$ 65,99, +14,27%)
Fora das maiores altas do Ibovespa até o último pregão, a Braskem conseguiu voltar a figurar entre as melhores mensais do índice após os fortes avanços do primeiro semestre.
A companhia segue sendo muito bem vista pelos analistas, tanto pelo cenário positivo para o setor petroquímico, mas pelo próprio projeto da Braskem. Porém, o principal catalisador dela segue sendo rumores e expectativas sobre a venda que a Novonor, antiga Odebrecht, deve fazer de sua participação na empresa.
Logo nos primeiros dias de agosto, a Braskem teve uma nova boa notícia com seu resultado do segundo trimestre, que foi recorde e interpretado como positivo por analistas.
Diante da combinação de melhores preços para seus produtos químicos e em meio à alta do real ante o dólar, a petroquímica teve lucro líquido de R$ 7,4 bilhões entre abril e junho deste ano, revertendo prejuízo de R$ 2,5 bilhões apresentado um ano antes. Já quando comparado com os primeiros três meses do ano, o lucro triplicou.
A receita líquida, por sua vez, ficou em R$ 26,4 bilhões no período, alta de 136% na comparação anual. Os números animaram os analistas, que enxergam uma continuidade dos bons balanços nos próximos meses.
Para a casa de análise Levante, a Braskem está surfando um “excelente momento de demanda por produtos petroquímicos”. Isso se deve, segundo os analistas, a um cenário de retomada econômica mais forte nos países desenvolvidos, além de uma demanda estrutural maior por derivados petroquímicos no mundo, com maior diversificação no uso de resinas plásticas e outros produtos.
Uma das principais arrancadas da empresa no mês ocorreu no dia 18, quando ela anunciou uma nova parceria de distribuição com a Nexeo Plastics para seus filamentos a base de polipropileno (PP) e pellets (pequenas pelotas) para impressão 3D e fabricação de aditivos. O acordo irá ampliar a distribuição internacional dos produtos da petroquímica para a América do Norte e Europa.
No mesmo dia, o BTG Pactual elevou o preço-alvo para as ações de R$ 63 para R$ 71, com os analistas do banco reiterando recomendação de compra.
Os analistas realizaram webinar com executivos da petroquímica e, segundo eles, foram transmitidas sinalizações positivas sobre a elevação dos spreads petroquímicos, além de projeções de contínua geração de forte fluxo de caixa livre e distribuição aos acionistas em forma de dividendos, além de uma menor percepção de risco nas emissões de Alagoas e México.
“Vemos que há motivo suficiente para um tom mais otimista, independentemente de venda da participação da Novonor (ex-Odebrecht)”, disseram os analistas, ressaltando que a ação está negociando a um desconto de mais de 50% não só frente os seus pares, como frente à sua média histórica.
4. Cemig (CMIG4, R$ 13,51, +13,15%)
Puxada também pelos balanços do segundo trimestre, a companhia elétrica Cemig vinha praticamente estável no mês até dia 16, quando exatamente apresentou seu balanço. Ainda que não tenha disparado, passou a ter sucessivas altas.
A estatal registrou lucro líquido de R$ 1,94 bilhão entre abril e junho desta ano, alta de 80% em relação a igual período do ano anterior.
A variação positiva ocorreu, basicamente, ao reconhecimento dos ganhos com a repactuação do risco hidrológico, à alienação de ativos mantidos para venda (Light) e ao aumento da margem bruta no primeiro semestre de 2021, informa a empresa.
O Ebitda consolidado apresentou um aumento de 38,8% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período de 2020, já o Ebitda ajustado teve elevação de 39,2%. A margem do Ebitda ajustado passou de 17,2% para 18% na comparação anual.
A receita líquida alcançou R$ 7,354 bilhões no período, 33,7% maior que o visto no mesmo intervalo de 2020. A Cemig encerrou junho com R$ 6,99 bilhões disponível em caixa. Ao final do trimestre, a dívida líquida da Cemig era de R$ 6,32 bilhões, queda de 31,4% na comparação anual.
Na ocasião, a XP destacou que o lucro líquido foi impressionante e ficou bem acima da estimativa da casa de R$ 276,9 milhões e do consenso da Bloomberg de R$ 685,0 milhões. O resultado foi impulsionado por R$ 909,6 milhões de ganhos não recorrentes com prorrogações de outorgas (lei 14.052 / 2020) e R$ 618,7 milhões. com variação cambial. Mesmo assim, os analistas mantiveram uma recomendação neutra para os papéis.
5. Suzano (SUZB3, R$ 61,00, +12,82%)
Outra ação que pode ser considerada uma surpresa na lista, a Suzano não teve um evento catalisador para sua valorização mais expressiva este mês, sendo o seu resultado e uma nova alta do dólar dois dos principais fatores para os ganhos.
A companhia de papel e celulose registrou lucro líquido de R$ 10,036 bilhões no segundo trimestre deste ano, revertendo o prejuízo de R$ 2,052 bilhões apresentado um ano antes.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, por sua vez, teve uma alta de 42% na comparação anual, para R$ 5,941 bilhões. Segundo a companhia, o resultado foi recorde nessa linha.
Já a receita líquida de vendas da empresa ficou em R$ 9,844 bilhões entre abril e junho, um avanço de 23% ante os R$ 7,995 bilhões registrados um ano antes.
Mais recentemente, as ações voltaram a subir forte em um cenário de estabilização dos preços da celulose, após alguns meses negativos. Em relatório, o Credit Suisse apontou esse movimento melhor nos preços na China, com os analistas esperando que isso siga nos próximos meses, sugerindo que um potencial de queda parece limitado por enquanto.
Apesar disso, os analistas apontaram que, embora vejam o valuation atual das ações de Suzano precificando uma queda de preço de hardwood (fibra curta) na China para US$ 500- a US$ 550 a tonelada em 2022, o que parece atrativo, veem poucos gatilhos de curto prazo que poderiam levar essas ações a um desempenho superior nos próximos meses.
Além disso, em relatório no início do mês, o Fundo Verde também comentou sobre a Suzano, dizendo ser um dos ativos mais eficientes em custo de produção de celulose, com oportunidades para capturar o crescimento marginal da indústria.
“Nos preços atuais das suas ações, a empresa oferece um ótimo retorno ainda que haja quedas nos valores da celulose ou do dólar. Por ter receita atrelada ao câmbio, a Suzano representa uma boa proteção para o fundo em caso de maior deterioração fiscal do país”, disse a gestora.
Confira as maiores altas do Ibovespa em agosto:
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