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SÃO PAULO – O Ibovespa foi pressionado nesta quinta-feira (28) pelas ações da mineradora Vale e siderúrgicas, entre queda do minério de ferro, derrocada da Bolsa chinesa e corte de preço-alvo das ações da CSN, que chegaram a cair 8% na mínima do dia. Além delas, ajudaram a trazer mais pressão para Bolsa os papéis dos bancos, que depois do alívio da véspera, voltaram a cair forte. Essa é a sétima queda em nove pregões. Confira abaixo quais foram os principais destaques da Bovespa nesta sessão:
Petrobras (PETR3, R$ 13,61, +0,67%;PETR4, R$ 12,67, +0,96%)
As ações da Petrobras subiram depois de chegarem a cair mais de 1% na mínima do dia. De acordo com informações da agência Broadcast, a companhia está abandonando o reajuste trimestral dos preços do gás natural, que vinha sendo feito até agora, e pretende retirar completamente os descontos que concede para o insumo desde 2011, segundo informações da Abegás.
De acordo com a entidade, as distribuidoras estaduais de gás canalizado associadas foram informadas pela Petrobras na última segunda-feira (25) sobre o novo preço do gás natural para os meses de junho e julho, que terá um aumento de R$ 0,06, o que corresponde a uma elevação de 7,59%. No final de abril, a companhia já havia informado uma alta de 1,59% para maio. Com isso, na prática, a estatal aplica dois reajustes no período de três meses, quebrando a periodicidade trimestral prevista em contrato.
Além disso, a Petrobras pretende fazer uma oferta pública da BR Distribuidora no segundo semestre deste ano. A estatal estuda combinar uma oferta primária com uma secundária, oferecendo uma parte do capital da BR existente (nesse modelo o dinheiro entra no caixa da holding), junto com um aumento de capital da distribuidora, que assim teria uma injeção de recursos no seu caixa.
Vale (VALE3, R$ 20,54, -1,96%;VALE5, R$ 17,20, -2,16%)
As ações da Vale recuaram hoje em meio à queda do preço do minério de ferro do porto de Tianjin, que caiu 0,5%, para US$ 62,30 a tonelada. Essa foi a primeira baixa das ações da mineradora em cinco pregões. Acompanharam o movimento os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 11,27, -1,49%), holding que detém participação na mineradora.
Hoje, o dia foi bastante negativo para as bolsas chinesas, com o índice Shanghai Composite Index fechando com perdas acumuladas na casa dos 6,5% – seu maior recuo em quatro meses, quando registrou perdas de 7,7% (19 de janeiro), após o governo do gigante asiático alterar algumas regras de comércio. Desta forma, o benchmark encerrou a sessão aos 4.620 pontos. O movimento desta sessão foi atribuído aos registros de que o China Central Huijin Investment, unidade de fundo soberano do país, reduziu suas participação nos maiores bancos estatais pela primeira vez. O noticiário abalou a confiança dos investidores e estimulou um forte movimento de venda de papéis, sobretudo no setor bancário.
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Além disso, há no radar expectativas de desinvestimentos da Vale no Canadá, segundo informações do jornal Globe and Mail.
Siderúrgicas
No mesmo sentido das ações da Vale, as ações das siderúrgicas caíram forte hoje: CSN (CSNA3, R$ 6,57, -6,81%), Usiminas (USIM5, R$ 5,14, -4,99%), Gerdau (GGBR4, R$ 8,88, -1,77%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 7,95, +0,13%).
No caso da CSN pesa ainda um relatório do BTG Pactual, que cortou o preço-alvo dos papéis da siderúrgica em 27%, para R$ 5,00. A recomendação também foi revisada para baixo, de neutra para venda.
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Os analistas Leonardo Corrêa e Caio Ribeiro, que assinam o relatório, ressaltaram que o mercado está se deteriorando rapidamente e isso irá pressionar ainda mais as perspectivas para o setor, o que ainda não está precificado. Em relação à CSN, eles apontaram que a ação parece muito “cara” depois do rali da metade de março até o começo deste mês, quando subiu 95%. Para Gerdau, eles mantiveram recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 12,50 por ação, enquanto Usiminas seguiu com neutra e preço-alvo de R$ 5,00 por ação. No caso de Gerdau, o “call” deve-se à empresa ter uma significante base de ativos atrelada ao dólar (que representa cerca de 50% de sua receita).
Eletrobras (ELET3, R$ 6,68, -4,16%; ELET6, R$ 9,85, -1,50%)
As ações da Eletrobras viraram para queda após operarem em alta pela manhã, seguindo a forte alta na véspera. Os papéis andaram entre notícia de que o plano de privatização das distribuidoras do grupo Eletrobras deve ser expandido para ativos de geração e transmissão e novidades após a aplicação de multa à União pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por conflito de interesse em assembleia na estatal.
Segundo informações do Valor, um grupo de acionistas minoritários da Eletrobras estuda ir à Justiça para pedir indenizações ou até mesmo anulação da assembleia da Eletrobras realizada em 2012, quando foi aprovada a renovação antecipada de concessões. Nesta semana, a União foi acusada de violar a lei que impede o voto em casos de conflito de interesses. O governo federal, que controla a Eletrobras, votou pela renovação de contratos feitos com as controladas Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul. No relatório do processo de terça-feira, a diretora da CVM Luciana Dias, mencionou que a Eletrobras foi a mais afetada, uma vez que a questão envolvia 47,7% de seus ativos de geração e 91,2% de seus ativos de transmissão.
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CCR (CCRO3, R$ 15,85, +2,92%)
As ações da CCR figuraram como a maior alta do Ibovespa nesta tarde, em dia de poucas altas no índice. O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou ontem que o governo trabalha para que o programa de concessões seja lançado em duas semanas, mas que a participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ainda não foi definida. Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o receio do fracasso nos leilões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos fez o governo voltar atrás e rever a participação do BNDES. O banco estatal deverá financiar 70% dos investimentos previstos no pacote de concessões de infraestrutura, anteriormente reduzida para até 50%.
Bancos
As ações dos bancos voltaram a cair após a alta da véspera. Ontem, os bancos foram impulsionados pelos dados de crédito do Banco Central referentes ao mês de abril, que mostrou elevação da inadimplência e desaceleração do crédito, mas aumento do spread, que poderia promover um suporte para o lucro líquido das instituições.
Mas, ainda assim, a fraca atividade econômica continua pressionando o crescimento do crédito e a qualidade dos ativos, que seguem mostrando uma fraca tendência e contínuos desafios pela frente, comentou o Detsche Bank, em relatório nesta quarta-feira. Diante disso, os papéis dos grandes bancos voltaram a cair hoje, na sétima baixa em nove pregões, sendo eles: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 35,20, -1,18%), Bradesco (BBDC3, R$ 27,18, -0,84%; BBDC4, R$ 28,99, -0,62%), Banco do Brasil (BBAS3, R$ 23,40, -2,26%) e Santander (SANB11, R$ 16,18, -0,92%).
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No noticiário do setor, o Barclays revisou a sua recomendação para as ações do setor de bancos e elevou de underweight (exposição abaixo da média) para equalweight (exposição em linha com a média) o Bradesco, com um preço-alvo de R$ 32,00. Já o Santander Brasil foi rebaixado de equalweight para underweight, com preço-alvo de R$ 15,30.
Cia Hering (HGTX3, R$ 12,76, -3,28%)
As ações da Cia Hering desabaram pelo quinto pregão seguido depois de dias de alívio após a derrocada que os papéis sofreram após a divulgação do balanço do primeiro trimestre, dia 8 de maio. O resultado, que foi visto como ruim por analistas de mercado, jogou a ação do patamar de R$ 18,00 para níveis próximos a R$ 12,00 e figurando perto das menores cotações desde 2010. Além da avaliação negativa, as perspectivas para os próximos trimestres segue fraca, com a própria companhia apontando retomada apenas no último trimestre deste ano.
Portobello (PTBL3, R$ 3,257, +18,18%)
As ações da small cap Portobello dispararam em meio à notícia de que a companhia pediu autorização da CVM para OPA de recompra para proceder com a recompra de ações de sua emissão em montante superior a 10% das ações em circulação para posterior manutenção em tesouraria ou cancelamento.
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“O objetivo da OPA de recompra é realizar a aplicação eficiente dos recursos disponíveis em caixa de modo a maximizar a geração de valor ao acionista por meio da alocação de capital da empresa, por entender que as ações de sua emissão estão sub avaliadas, não refletindo o seu efetivo valor”, afirma.
A OPA de Recompra contemplará a aquisição entre dez milhões e 15 milhões de ações ordinárias de emissão da companhia, correspondentes, respectivamente, a 6,3% e 9,5% do capital social total da Companhia e 13,7% e 20,6% das ações em circulação de sua emissão.
O preço máximo a ser ofertado pela companhia por meio da OPA de recompra será equivalente a R$ 3,93 por ação ordinária, que representa um prêmio de 25% sobre o preço médio ponderado por volume das ações da Companhia nos últimos 30 dias anteriores ao fechamento do mercado do dia 26 de maio de 2015, inclusive, totalizando o valor da OPA de Recompra entre R$ 39,3 milhões e R$ 58,95 milhões, a depender da quantidade de ações ordinárias a serem adquiridas.
Ser Educacional (SEER3, R$ 13,50, -4,80%)
As ações da Ser Educacional destoaram do restante do setor e desabaram 5% nesta sessão, após disparada misteriosa nos minutos finais do pregão da véspera que levou o papel para alta do 7,34% no dia. Entre as educacionais, Kroton (KROT3, R$ 11,61, -1,94%) tem terceira queda seguida, enquanto Estácio (ESTC3, R$ 17,90, +1,88%) e Anima (ANIM3, R$ 20,91, +1,70%) registraram altas.
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, apesar de já ter um número maior de alunos com contratos de Financiamento Estudantil (Fies) em 2015, o governo federal gastou, até maio deste ano, R$ 2,5 bilhões a menos do que no mesmo período de 2014. A diferença representa uma queda de 42% nos repasses em valores corrigidos pela inflação e é resultado de adiamentos e atrasos nos pagamentos, além da imposição de um teto de reajuste nas mensalidades. Até esta semana, o governo havia gastado com o Fies R$ 3,5 bilhões. Em 2014, já haviam sido pagos R$ 6 bilhões no mesmo intervalo, em valores atualizados.
Magazine Luiza (MGLU3, R$ 4,39, 0,0%)
As ações da Magazine Luiza zeraram os ganhos nesta tarde. Ontem, a companhia aprovou a criação de um novo programa de recompra de ações. Ontem, as ações varejista bateram no intraday o menor patamar histórico, a R$ 4,18, mas recuperaram ao longo do dia e fecharam a R$ 4,39.
Pelo programa, a companhia poderá recomprar até 5 milhões de ações, equivalentes a 2,81% das ações emitidas pela empresa, no prazo de um ano, encerrando-se em 26 de maio de 2016. As operações serão intermediadas pela Itaú Corretora, BTG Pactual Corretora, Credit Suisse e Votorantim Corretora.