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A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou nessa segunda-feira (26) a dissolução da Secretaria de Inteligência e o envio, ao Congresso, de projeto de lei que cria uma agência federal para substituí-la. Ela aproveitou o anúncio da medida, em cadeia nacional de televisão, para rebater insinuações de que seu governo estaria por trás da morte do promotor Alberto Nisman.
Nisman morreu, com um tiro na cabeça, no último dia 18. O promotor tinha acabado de denunciar um suposto complô da presidente com o governo iraniano, para acobertar os responsáveis pelo atentado de 1994 contra o Centro Comunitário Judaico Amia, que matou 85 pessoas.
Nisman era o promotor encarregado das investigações do atentado ao Amia, considerado o pior ataque terrorista da história argentina. Ele culpou o Irã de ter planejado a explosão, que teria sido executada pelo grupo xiita libanês Hezbollah, e pediu a captura de oito pessoas – a maioria, altos funcionários do governo iraniano.
O Irã sempre negou as acusações e rejeitou os pedidos da Justiça argentina de tomar o depoimento dos suspeitos de terem planejado o atentado. A situação mudou em 2013, quando Cristina Kirchner anunciou a assinatura de um memorando de entendimento entre os dois governos, criando uma Comissão da Verdade para investigar o atentado ao Amia.
Nisman condenou o memorando e, uma semana antes de morrer, acusou a presidente de ter negociado secretamente com o governo iraniano para inocentar os acusados e colocar um fim às investigações. O motivo, disse o promotor, seria econômico: a Argentina trocaria grãos e armas por petróleo.
Nisman ia apresentar um relatório de 300 páginas ao Congresso, na segunda-feira (19), com o que considerava serem provas da conspiração. Mas seu corpo foi encontrado horas antes, no banheiro de casa, em Buenos Aires. As perícias iniciais indicam que o autor do disparo foi o próprio Nisman – mas ninguém ainda descarta a possibilidade de o suicídio ter sido induzido.
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A própria Cristina Kirchner, em carta publicada em sua página no Facebook, disse ter a certeza de que a morte de Nisman não foi suicídio e insinuou que foi um golpe contra seu governo. O governo acusa setores descontentes da Secretaria de Inteligência de estar por trás da denúncia feita pelo promotor.
O documento de 300 páginas – tornado público apoós a morte de Nisman – não contém provas contundentes do suposto complô. Segundo Cristina, para o governo teria sido fácil desmentir as acusações de Nisman – mas a morte do promotor, horas antes de seu comparecimento ao Congresso, criou um clima de suspeita.
Nisman baseou suas acusações em escutas telefônicas – algumas delas entre supostos agentes da Secretaria de Inteligencia que, segundo o governo, eram falsos espiões. A presidência decidiu reformar o setor e criar, em seu lugar, a Agência Federal de Inteligência.