Crise que teve início com subprime já consumiu quase oito vezes o PIB brasileiro

Perdas estimadas pelo Bank Of América somam US$ 7,7 trilhões; valor representa mais da metade do PIB dos EUA

Camila Schoti

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SÃO PAULO – As perdas no mercado financeiro global desencadeadas pela crise no segmento de crédito de alto risco nos Estados Unidos, o subprime, já são quase oito vezes superiores ao valor de todos os bens e serviços finais produzidos ao longo do ano no Brasil em 2006.

Estimativas do Bank of America indicam que, desde outubro de 2007, quando do início do aprofundamento da crise do subprime, as perdas no mercado financeiro mundial já somam US$ 7,7 trilhões em termos de valor de mercado das ações. A título de comparação, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 2006, em dólares correntes, somou US$ 1,071 trilhão.

Mais da metade do PIB dos EUA

As preocupações com o subprime começaram a surgir na imprensa no início de 2007, mas até ganharem corpo, em meados de agosto daquele ano, foram relegadas ao segundo plano. Bolsas globais, bancos e empresas gozavam de liquidez elevada, crédito farto e otimismo dos investidores, mas as perdas que começaram a se dissipar a partir do mercado de imóveis norte-americano trouxeram consigo prognósticos preocupantes.

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Os danos decorrentes dos créditos subprime começaram a gerar especulações de prejuízos expressivos de grandes grupos financeiros internacionais. As especulações logo deram lugar à realidade. Renomados bancos como Citigroup, Merrill Lynch, UBS e outros começaram a reportar baixas contábeis e prejuízos bilionários em seus resultados em decorrência da crise.

Os US$ 7,7 trilhões que teriam sido consumidos pela crise que teve seu epicentro nos créditos de alto risco nos EUA já representam mais da metade do PIB real dos Estados Unidos em 2006 e não devem parar por aí. Na última sexta-feira, o UBS estimou que os grandes bancos ainda podem anunciar baixas contábeis no montante de US$ 203 bilhões.

Grandes bancos, prejuízos ainda maiores

A temporada de resultados referentes ao quarto trimestre de 2007 e ao acumulado do ano completou o diagnóstico dos danos causados ao setor financeiro. O Citigroup, maior banco dos EUA, registrou prejuízo de US$ 9,8 bilhões no quarto trimestre, mas conseguiu ainda manter resultado positivo no ano. As perdas com subprime nos últimos três meses do ano superaram US$ 18 bilhões.

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O UBS, por sua vez, anunciou prejuízo de US$ 11,4 bilhões entre os meses de outubro e dezembro. A Merrill Lynch teve prejuízo anual de US$ 8,6 bilhões. O Countrywide Financial reportou prejuízo pela primeira vez em 30 anos. JP Morgan e Credit Suisse anunciaram baixas contábeis de mais de US$ 1 bilhão, cada um. A lista segue.

A percepção inicial de que as dificuldades e perdas se limitariam ao segmento imobiliário e financeiro também cederam lugar ao prognóstico, cada vez mais robusto, de que a economia norte-americana seria afetada como um todo e passaria por uma recessão. Embora esta última expectativa ainda gere algum dissenso, por ora, a melhor das hipóteses sugere que a economia norte-americana passará alguns meses de crescimento bastante limitado.

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