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SÃO PAULO — No dia 15 de setembro de 2008, o Ibovespa derreteu 7,59%, a maior queda diária desde os ataques de 11 de setembro de 2001. O Lehman Brothers, na época o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, anunciou sua concordata.
O banco tinha 159 anos e até houve uma tentativa frustrada de outras instituições financeiras para salvá-lo, mas ele tinha um prejuízo de US$ 3,9 bilhões. A quebra do banco trouxe instabilidade para as bolsas do mundo inteiro e os bancos centrais foram obrigados a adotar medidas para conter a volatilidade dos mercados.
Na semana anterior à quebra do LB, o Banco Central do Brasil já havia subido a Selic de 13% para 13,75% ao ano alegando aumento de risco sistêmico global — quando uma instituição financeira não tem dinheiro para pagar a outra e isso gera um efeito dominó. O BCB teve que adotar uma política de intervenções diárias no câmbio.
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A crise do subprime em 2008 é o tema do sexto episódio de Os Pregões que Fizeram História. É possível seguir e escutar o programa pelo Spotify, Google Podcasts, Spreaker, Deezer, Apple Podcats (iTunes), Castbox e Podchaser. Se preferir, faça o download do episódio clicando aqui.
“O mercado já tinha muitos boatos sobre a questão do risco de alguns outros bancos quebrarem, tanto é que o preço das ações dos bancos estavam caindo bastante. Era uma discussão comum nas mesas na época se já era um ponto de compra para determinados bancos americanos, dado a queda que eles já tinham experimentado durante todo o ano de 2008”, disse Rogério Poppe, CEO e gestor da ARX Investimentos.
“Então, quando aconteceu acho que a surpresa veio porque, até então, tinha-se a noção de que você sempre teria aquele salvador de última instância. Que o governo, através do banco central americano, interveria e faria com que o banco fosse capitalizado ou eventualmente, como aconteceu com o Bear Stearns, fosse comprado por algum concorrente”, completou.
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No caso de uma quebra de banco, contou o gestor da ARX, você começa a se preocupar quem tem exposição ao Lehman Brothers, quem tem dinheiro com o Lehman Brothers, quem tinha liquidação financeira com o Lehman Brothers. “Por que? Porque aquela liquidação não iria acontecer. Então, aquilo iria se transformar numa bola de neve no setor financeiro e aí a correria foi tentar entender o impacto e quais os bancos estavam mais expostos.”
Paulo Corchaki, CEO da Trafalgar Investimentos, destacou que o mercado incorporou que o poder que os bancos centrais têm para corrigir a rota dos mercados é infinito. “Isso faz com que as pessoas estejam talvez um pouco mais complacentes com o risco”, disse.
“Junto com essa crise acabaram vindo várias regulamentações que tentavam diminuir a tomada de risco por bancos. Os bancos pós-2008 ficaram muito mais amarrados. As tesourarias, várias regras de compliance, nos Estados Unidos e no mundo. Sim teve complacência, mas por outro lado teve regulamentação. Houve aprendizados práticos de como segurar os riscos dos bancos”, completou.
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Corchaki e Poppe contam os bastidores da crise de 2008 e falam sobre as lições aprendidas em um dos momentos mais emblemáticos da história recente do mercado financeiro. Ouça o sexto episódio acima.
Sobre o podcast
Os Pregões que Fizeram História é o podcast do InfoMoney que conta bastidores de dias emblemáticos para os mercados, seja por uma queda drástica ou por uma disparada, através da voz de quem estava lá — ou de quem entende muito do assunto. Ele vai ao ar toda semana, sempre às sextas-feiras.
O Plano Collor e o congelamento da poupança em 1990, a mudança para câmbio flutuante e a maxidesvalorização do real em 1999, o investment grade do Brasil em 2008, a crise do subprime naquele mesmo ano que colapsou os mercados do mundo inteiro, o Joesley Day e a delação dos irmãos Batista em 2017. Esses e muitos outros momentos marcantes para a Bolsa brasileira estarão na série.