Bitcoin segue enfraquecido a US$ 17 mil com caso FTX em aberto e empresa alvo emergencial de reguladores

Congressistas americanos e a Casa Branca se pronunciaram ontem sobre crise na corretora de Sam Bankman-Fried, que já é investigada na Califórnia

Paulo Barros CoinDesk

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O mercado de criptomoedas sustenta a recuperação vista ainda na madrugada de quinta-feira (10), com o Bitcoin (BTC) se mantendo na região dos US$ 17 mil em meio a um noticiário misto envolvendo a FTX, mas sobretudo apoiado pelo cenário macro com a alta das bolsas na esteira de um dado de inflação mais baixo nos Estados Unidos.

Às 7h, o BTC era negociado em alta de 4% nas últimas 24 horas, a US$ 17.390; o Ehereum (ETH) e a Binance Coin (BNB) avançavam 6,4%, para US$ 1.280 e US$ 296. respectivamente. Já a Solana (SOL) e FTT disparavam 24%, porém ainda longe de recuperarem todas as perdas da semana, que seguem entre 40% e 85%. Diante disso, o melhor desempenho entre as criptos mais valiosas é o da Polygon (MATIC), que sobe 16,7% e é a única com ganhos nos últimos sete dias – de 14%.

Investidores ainda digerem a avalanche de notícias sobre o caso FTX, que ontem voltou a liberar saques gradualmente após a empresa anunciar um acordo com o projeto blockchain Tron (TRX), do controverso empresário Justin Sun.

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Pelos termos do negócio, a Tron oferecerá liquidez para saques de clientes da FTX, desde que esses usuários convertam depósitos na corretora em tokens da rede Tron antes de transferir as criptomoedas. No momento de pico das movimentações ainda na quinta-feira, o token TRX, usado para pagar taxas na Tron, chegou a disparar 140%, segundo dados compilados pelo CoinDesk.

A FTX também estaria em tratativas com outros possíveis financiadores. Nesta sexta-feira (11), a corretora Bitget aventou a possibilidade de adquirir ativos da FTX. “Existem muitos ativos e projetos bons no portfólio da FTX e da Alameda que valem a pena apoiar para criar valor para a indústria no longo prazo”, disse a diretora administrativa da companhia, Gracy Chen, em nota.

Apesar dos saques liberados, analistas ainda não veem a crise com a FTX como encerrada, principalmente porque ainda não está claro quais outros players do setor possam ter sido afetados, tampouco se de fato haverá novos investidores para honrar pagamentos a investidores, além de empréstimos tomados e concedidos pelas empresas de Sam Bankman-Fried. A plataforma de crédito cripto Blockfi, por exemplo, que havia tomado um crédito de US$ 400 milhões da FTX, acaba de pausar os saques de clientes.

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“O colapso da FTX trouxe novamente à tona a preocupação das pessoas em relação ao mercado cripto e o funcionamento das exchanges, somado à necessidade de maior controle e fiscalização das mesmas. Nessa linha, espera-se um maior rigor dos reguladores em relação às exchanges, sobretudo em relação a elevação dos parâmetros para obtenção de eventuais licenças de operação pelas plataformas.”, avalia Rodrigo Caldas de Carvalho Borges, advogado e sócio no Carvalho Borges Araujo Advogados.

Alex Buelau, CTO da Parfin, por sua vez, avalia que o caso abala a confiança, principalmente no investidor institucional. “O caso da FTX é uma pedra no caminho da adoção institucional de cripto e blockchain, porque, independente do que aconteça agora, já afetou a confiança de quem está vendo de fora, colocando dúvidas sobre a seriedade das empresas. É negativo para a indústria como um todo. Não foi o primeiro caso de uma exchange que explodiu e, embora espere que seja o último, olhando para o passado, provavelmente não será”.

Enquanto isso, reguladores dos Estados Unidos correm para acelerar as discussões em torno de uma regulação do setor cripto. Congressistas americanos se pronunciaram ontem sobre o caso e se pediram mais velocidade no andamento de um marco regulatório.

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O senador Sen. Patrick Toomey, do membro do comitê bancário do Senado dos EUA, afirmou que “o setor de criptomoedas está operando com muita ambiguidade porque a) os reguladores se recusam a dar orientações claras a atores bem-intencionados e b) os legisladores se recusam a agir”.

Membro do mesmo comitê, a senadora Cynthia Lummis disse que “os eventos recentes que ocorreram entre a FTX e a Binance são o exemplo mais claro até agora de por que precisamos de regras claras para as corretoras de ativos digitais nos Estados Unidos”, e citou manipulação de mercado.

A secretária de comunicação da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse a repórteres durante uma coletiva de imprensa ontem que o governo Biden está “ciente dos recentes desenvolvimentos [na FTX] e continuará monitorando a situação”.

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Na Califórnia, a FTX já virou alvo formal de investigação e, nas Bahamas, onde tem sede do braço global, a empresa teve recursos congelados pelas autoridades.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h10:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 17.390,44 +4,00%
Ethereum (ETH) US$ 1.280,11 +6,40%
Binance Coin (BNB) US$ 296,03 +6,40%
XRP (XRP) US$ 0,394687 +8,20%
Cardano (ADA) US$ 0,363092 +2,70%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Chiliz (CHZ) US$ 0,231388 +25,70%
FTX (FTT) US$ 3,43 +23,70%
Solana (SOL) US$ 17,74 +24,00%
Aptos (APT) US$ 5,16 +21,60%
Litecoin (LTC) US$ 62,97 +16,30%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Huobi (HT) US$ 5,87 -14,20%
Tokenize Xchange (TKX) US$ 9,17 -3,20%
WhiteBit Token (WBT) US$ 6,60 -2,90%
BitDAO (BIT) US$ 0,330898 -1,00%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 16,81 +12,06%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 22,50 +12,61%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 20,25 +15,05%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 20,37 +8,81%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 13,85 -0,28%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 34,02 +0,05%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 5,86 +6,35%
QR Ether (QETH11) R$ 4,85 +15,47%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,23 +3,19%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 5,30 +6,32%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 20,40 +14,28%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 87,10 -17,48%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta sexta-feira (11):

Confusão interna na FTX

Em meio à crise nesta semana na FTX, diversos funcionários da empresa pediram demissão, incluindo o time inteiro do FTX Future Fund, um fundo cripto da corretora focado em filantropia.

“Na medida em que a liderança da FTX pode ter se envolvido em engano ou desonestidade, condenamos esse comportamento nos termos mais fortes possíveis. Acreditamos que ser um bom ator no mundo significa se esforçar para agir com honestidade e integridade”, disseram os integrantes do fundo, em carta.

Além disso, na Austrália, o braço da FTX foi obrigado a designar novos administradores quando o CEO do grupo, Sam Bankman-Fried, faltou a uma reunião do conselho.

Coinbase demite mais 60

A exchange de criptomoedas Coinbase demitiu pouco mais de 60 pessoas, enquanto continua reavaliando seu número de funcionários em meio à desaceleração do setor.

Um porta-voz da Coinbase disse ao CoinDesk que as reduções no quadro ocorreram na equipe de recrutamento e na unidade de integração institucional. “Estas são ações isoladas e direcionadas por duas equipes para ajudar a Coinbase a operar da maneira mais eficiente possível”, disse o porta-voz.

Em junho, a Coinbase demitiu cerca de 1.100 funcionários, ou 18% do corpo de funcionários.

PicPay libera mais duas criptos para negociação

O PicPay liberou mais duas novas criptomoedas no aplicativo: Uniswap (UNI) e Chainlink (LINK).

Com a novidade, a plataforma já conta com sete tokens para negociação.

Além de UNI e LINK, o PicPay oferece Bitcoin, Ethereum, Litecoin (LTC), Polygon e a stablecoin USDP para 30 milhões de usuários.

Bitso facilita pagamentos com cripto para brasileiros na Argentina

De olho no aumento do número de turistas brasileiros na Argentina, a corretora Bitso, de origem mexicana, liberou para brasileiros a funcionalidade de pagamento com QR Code.

Com a novidade, usuários do aplicativo da empresa poderão usar criptos para pagar na maioria dos estabelecimentos no país vizinho – por lá, o QR Code é tão adotado por lojistas quanto o Pix no Brasil.

O uso de criptos é uma das maneiras de contornar as restrições de câmbio argentinas: é possível, por exemplo, comprar dólares digitais (stablecoins de dólar) em reais pelo celular e gastar nos estabelecimentos.

Phemex zera taxas para brasileiros

A plataforma de trading de criptomoedas Phemex vai zerar, até 10 de dezembro, as taxas para as transações à vista (spot trading, em inglês) em todo o mundo, incluindo no Brasil, em comemoração aos três anos da empresa.

A corretora também irá oferecer descontos nas taxas de trading, entre outras vantagens, para quem depositar na carteira e trouxer amigos para negociar.

Paulo Barros

Editor de Investimentos