Bitcoin perde suporte e vai a US$ 38 mil com fuga de ativos de risco; altcoins desabam até 19%

Nova queda acompanha movimento de ações de tecnologia após índice Nasdaq 100 fechar em baixa de 1,34% ontem

Paulo Barros CoinDesk

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O Bitcoin (BTC) voltou a cair forte durante a madrugada, perdeu o suporte de US$ 40 mil e chegou a bater US$ 38.300 em novo selloff que atinge o mercado de criptomoedas como um todo e registra perdas de dois dígitos generalizadas entre altcoins, que recuam até 19% nesta manhã.

Após salto para US$ 39.090, o principal ativo digital do mercado cai 7,3% nas últimas 24 horas e já acumula perdas de 8,2% na semana. A situação é ainda pior com o Ethereum (ETH), que recua 8,5%, para US$ 2.883, e desvaloriza 11,5% nos últimos sete dias. Enquanto isso, rivais como Binance Coin (BNB), Solana (SOL) e Cardano (ADA) cedem na casa dos 9% apenas entre ontem e hoje.

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A queda pegou alguns traders de surpresa, já que o mercado chegou a ensaiar recuperação no final da tarde de ontem com o BTC indo a US$ 43.500. De acordo com a CoinGlass, nas últimas 12 horas, houve quase US$ 600 milhões em liquidações (prejuízo de traders alavancados). Desses, US$ 250 milhões foram em Bitcoin, US$ 163 milhões em Ethereum e US$ 10,9 milhões em Solana.

O movimento é visto como uma continuação da tendência de fuga de capital para ativos considerados mais seguros, em meio ao receio de que os bancos centrais devem começar a incrementar o ritmo de retomada das taxas de juros, aumentando a atratividade de títulos públicos.

Os criptoativos nesse momento apresentam forte correlação com as ações de tecnologias, que vêm de queda com o índice Nasdaq 100 ceder 1,34% na sessão de ontem.

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Em, a casa de análise Delphi Digital avalia que os investidores estão precificando vários aumentos de taxas de juros, o que está impactando significativamente os ativos de risco.

“O assunto da semana é o mais recente salto nos rendimentos dos títulos, principalmente nos títulos do Tesouro dos EUA, já que os investidores continuam se posicionando para um cronograma de aperto monetário acelerado”, diz o relatório.

Para a casa de research, embora o noticiário tenha dado destaque principalmente os os rendimentos nominais, é o recente aumento dos rendimentos reais que importa mais nesse cenário, especialmente para ativos não geradores de renda, como Bitcoin e ouro.

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Para analistas, a chave para a recuperação do Bitcoin é a volta dos investidores institucionais, que vêm realizando lucros desde o último trimestre do ano passado.

“As entradas institucionais ainda não voltaram e, com o suporte de US$ 40.000 do BTC quebrado, o mercado como um todo foi empurrado para baixo”, disse Laurent Kssis, especialista em ETFs e diretor da CEC Capital.

Na sua opinião, a perspectiva de curto prazo é ruim e o preço da criptomoeda deve cair ainda mais, ocasionando possivelmente uma nova onda de liquidações de traders alavancados.

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“Ainda há US$ 100 milhões em posições compradas em aberto, metade dos quais na exchange BitMEX, algo que eu não via há algum tempo”, disse Kssis. “Como o BTC caiu da noite para o dia, essas posições compradas com alavancagem devem ser liquidadas, é apenas uma questão de tempo”.

“Agora esperamos cinco aumentos nas taxas de juros pelo Fed [Federal Reserve] este ano”, disse David Belle, fundador da Macrodesiac.com e diretor de crescimento do Reino Unido no TradingView, à CoinDesk.

No início desta semana, Anna Wong, economista-chefe dos EUA da Bloomberg Economics, disse que um aumento de 50 pontos-base do Fed é garantido na reunião de março.

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O pessimismo no mercado aumenta até a correlação do Ethereum com o mercado de ações. Embora seja mais ligado à adoção de finanças descentralizadas (DeFi) e tokens não-fungíveis (NFTs), a segunda maior criptomoeda do mundo agora apresenta correlação de 0,86 com o índice Nasdaq 100, segundo dados da IntoTheBlock.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h10:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 39.090,69 -7,3%
Ethereum (ETH) US$ 2.883,55 -8,5%
Binance Coin (BNB) US$ 430,41 -8,7%
Cardano (ADA) US$ 1,23 -9,1%
Solana (SOL) US$ 123,81 -9,5%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Leo Token (LEO) US$ 3,78 +3,2%

As criptomoedas com as maiores baixas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Secret Network (SCRT) US$ 7,11 -19,03%
Loopring (LRC) US$ 1,01 -14,06%
Pocket Network (POKT) US$ 1,62 -13,7%
THORChain (RUNE) US$ 4,91 -12,5%
Gala (GALA) US$ 0,247954 -12,4%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 42,85 +1,9%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 55,52 +1,68%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 51,70 +0,89%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 14,67 +1,87%
QR Ether (QETH11) R$ 12,68 +1,68%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta sexta-feira (21):

Mercado Livre anuncia compra de participação na 2TM, dona do Mercado Bitcoin

O Mercado Livre anunciou na noite de ontem que adquiriu participação acionária no Grupo 2TM, controladora da corretora Mercado Bitcoin e outras empresas do setor blockchain. As empresas não revelaram o valor nem o percentual envolvido no negócio.

A gigante do e-commerce na América Latina também realizou um “investimento estratégico” na Paxos, companhia que oferece de infraestrutura de blockchain regulamentada e que faz a custódia das criptomoedas compradas via Mercado Pago no Brasil.

Em comunicado, o Mercado Livre afirma que os investimentos na 2TM e na Paxos reforçam o compromisso da empresa no desenvolvimento e uso de criptoativos e tecnologia blockchain na região. A companhia diz que “pretende estimular o ecossistema regional, permitindo oferecer produtos e serviços cada vez mais relevantes aos empresários e usuários latino-americanos, que estão no centro de sua estratégia”.

Neymar desembolsa US$ 1,1 milhão por dois NFTs

O jogador Neymar comprou dois NFTs da coleção Bored Ape Yatch Club ontem, pelo valor de 349,68 ETH, o equivalente a pouco mais de US$ 1,1 milhão, por meio da plataforma OpenSea.

Um dos NFTs estampa seu perfil do Twitter, onde escreveu: “Sou um macaco”!

De acordo com dados públicos do marketplace de NFTs, Neymar transferiu 474,33 ETH para sua carteira Ethereum, portanto, 124,65 ETH avaliados hoje em cerca de US$ 360 mil ainda restam de saldo.

Mineração vai na contramão e registra máxima histórica na taxa de dificuldade

A dificuldade de mineração na rede do Bitcoin aumentou 9,32% e atingiu um recorde histórico de 26,64 trilhões pouco após a meia-noite de hoje, batendo o recorde anterior estabelecido em 13 de maio de 2021.

O número se refere ao nível de dificuldade para resolver o problema matemático exigido pelo algoritmo do Bitcoin para conseguir gravar dados na rede da criptomoeda. A dificuldade é ajustada automaticamente com base na quantidade de poder computacional (hashrate) na rede, de modo a manter o tempo de mineração de novos blocos em cerca de 10 minutos.

O movimento chama atenção porque o aumento de dificuldade indica um maior interesse em minerar a criptomoeda durante um momento de baixa de preços. Várias empresas do setor, vale lembrar, anunciaram fortes investimentos nessa virada de ano. Além disso, a Intel deve entrar no segmento com um novo processador voltado para máquinas de mineração.

Brasil tem primeira aquisição guilda de jogos NFT por outra

A BAYZ, uma organização especializada em jogos blockchain, anunciou a aquisição da SOMA, outra guilda de jogos NFT e organização autônoma descentralizada (DAO), no primeiro negócio envolvendo empresas de jogos blockchain no país.

Como resultado do acordo, a BAYZ lançará um novo site que servirá como um hub de conteúdo para ajudar a integrar pessoas ao metaverso e apresentá-las às oportunidades oferecidas pelos jogos play-to-earn, modalidade popularizada pelo Axie Infinity (AXS).

Como parte da aquisição, os fundadores da SOMA, Renan Philip e Lucas “Marduk” Rampinelli se juntarão à BAYZ para estruturar as áreas de parcerias e operações, respectivamente. A equipe completa da SOMA, incluindo Lucas Brito, com passagens por Riot Games e Garena, e Mark Ducasble, ex-Rede Globo e Labz Digital, se unirão à rede BAYZ ajudando a desenvolver o conteúdo da BAYZ.gg.

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Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas