Bitcoin opera a US$ 16.700 após pior semana em 5 meses; mercado segue atento a contágio por caso FTX

Binance tenta liderar movimento de reconstrução da indústria com divulgação de reservas e criação de fundo de resgate

Paulo Barros CoinDesk

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A segunda-feira (14) começa com um gosto amargo para o Bitcoin (BTC), que, embora siga operando acima da mínima de dois anos de US$ 15.500, a US$ 16.780, ainda está longe de recuperar o patamar de US$ 19 mil no qual vinha rondando por quatro meses até a crise envolvendo a corretora FTX, que ficou insolvente, abriu falência e depois sofreu um suposto hack de US$ 600 milhões.

Às 7h10, o BTC opera em alta de 1,4% em relação às últimas 24 horas após ter registrado seu pior desempenho semanal em cinco meses, com desvalorização de 20%. Mesmo avançando 2,7% hoje, a US$ 1.260, o Ethereum (ETH) acompanha o BTC nas perdas semanais. Já a Solana (SOL), umas das criptos mais atingidas pela crise por conta de sua ligação com a FTX, mantém queda de mais de 50% nos últimos sete dias, apesar de subir 5,4% hoje.

Analistas seguem projetando que novas quedas devem vir pela frente. Pesquisadores da Coinbase Institutional dizem que o Bitcoin pode estar preparando nova queda de preço, possivelmente até US$ 13.500.

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Sean Farrell, head de ativos digitais da FundStrat, concorda com a visão mais pessimista. “Devemos esperar por mínimas mais baixas, pois há boas razões para pensar que haverá outras baixas, o que pode levar a vendas forçadas ou, no mínimo, a um risco de noticiário negativo”, avalia.

Para Joe DiPasquale, CEO da BitBull Capital, “embora o BTC tenha estabilizado em cerca de US$ 16 mil por enquanto, a extensão do dano a outras empresas, fundos e exchanges ainda é desconhecida e pode vir à tona nas próximas semanas”.

“Como antes, acreditamos que o BTC abaixo de US$ 20 mil é uma zona de acumulação atraente de longo prazo, mas também permanecemos cautelosos até que a situação atual seja satisfatoriamente resolvida e o sentimento pareça começar a se mover em direção à relativa normalidade”, diz.

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Possíveis novos casos de contaminação já começaram a surgir. No domingo (13), a exchange AAX, com sede em Hong Kong, suspendeu atividades por 10 dias por conta de uma suposta atualização programada em um serviço parceiro cujo nome não foi revelado.

“As retiradas foram suspensas para evitar fraudes e explorações”, disse a empresa. “A AAX continuará nossos melhores esforços para retomar as operações regulares para todos os usuários dentro de 7 a 10 dias para garantir a máxima precisão”.

As atenções também se voltaram para a corretora Crypto.com, acusada de emprestar dinheiro para a exchange Gate.io como forma de maquiar divulgações de reservas. Além disso, as próprias “provas de reserva” divulgadas pela Crypto.com mostraram criptomoedas passando por protocolos de empréstimo, levantando suspeitas de uso de recursos de clientes para operações alavancadas.

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O token da corretora chegou a cair 25%, mas se recuperou em seguida. A Crypto.com nega as acusações.

No entanto, logo surgiram mais casos similares que começaram a colocar em dúvida a saúde financeira de outras empresas. Uma delas é a Huobi, que esteve envolvida em um acordo de um dia para a FTX liberar saques para clientes na semana passada.

O movimento de divulgação de Prova de Reservas foi puxado pela Binance. Além dela, as rivais Kraken e Bitfinex (dona da stablecoin Tether), entre outras empresas, já divulgaram Provas de Reserva publicamente sem levantar suspeitas de insolvência. Já OKX e Kucoin prometem liberar os dados dentro de um mês.

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Changpeng Zhao (conhecido como CZ) tenta liderar um movimento de reconstrução da indústria. Após dar a largada na iniciativa de divulgação de reservas, o fundador da Binance anunciou, nesta segunda-feira (14), um fundo voltado a empresas do setor que passam por problemas de liquidez.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 710:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 16.780,38 +1,40%
Ethereum (ETH) US$ 1.260,28 +2,70%
Binance Coin (BNB) US$ 283,25 +1,90%
XRP (XRP) US$ 0,349067 -2,00%
Dogecoin (DOGE) US$ 0,088615 +2,00%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Ethereum Name Service (ENS) US$ 0,231388 +25,70%
Internet Computer (ICP) US$ 3,43 +23,70%
Solana (SOL) US$ 17,74 +24,00%
Rocket Pool (RPL) US$ 5,16 +21,60%
GMX (GMX) US$ 62,97 +16,30%


Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 16,36 -2,67%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 21,25 -5,55%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 19,95 -1,48%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 20,10 -1,32%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 15,00 +8,30%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 35,02 +2,93%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 5,60 -4,43%
QR Ether (QETH11) R$ 4,76 -1,85%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,30 +2,16%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 5,10 -3,77%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 18,83 -7,69%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 83,57 -4,05%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta segunda-feira (14):

FTX deve US$ 16,5 milhões à cidade de Miami

A prefeitura de Miami e a equipe de basquete na NBA, Miami Heat, anunciaram o término imediato do contrato de naming rights do estádio “FTX Arena”. Fotos nas redes sociais já mostram painéis com o nome da corretora falida sendo retirados do prédio.

O acordo previa um pagamento de US$ 135 milhões ao longo de 19 anos. Pelo contrato, o rompimento por conta de um “caso de insolvência” prevê o cancelamento do negócio e o pagamento de três parcelas adiantadas – a FTX, portanto, deve US$ 16,5 milhões à cidade de Miami.

Token sintético de BTC na rede Solana despenca

Um criptoativo sintético de Bitcoin que roda na rede Solana despencou em meio à crise na FTX, empresa responsável por administrar os BTCs que supostamente davam lastro ao ativo.

Na sexta-feira, após o CoinDesk informar que a FTX US (braço da FTX nos EUA) seria o único local viável para trocar o token por BTC “real”, o token Sollet Bitcoin (soBTC) caiu US$ 10 mil.

Ele chegou a se recuperar temporariamente após a FTX US reabrir saques, mas voltou a desabar no fim de semana. Hoje, enquanto o Bitcoin vale US$ 16.780, a unidade do soBTC é negociada a cerca de US$ 1.500.

Binance bloqueia depósitos de FTT

A Binance anunciou no domingo (13) o bloqueio de depósitos de tokens FTT, da FTX, após uma emissão inesperada de novas unidades da criptomoeda levantar suspeitas de fraude.

“Os implantadores de contrato de FTT movimentaram toda a oferta restante no valor de US$ 400 milhões, que deve ser desbloqueado em lotes. Não tenho muita certeza do que está acontecendo”, disse o CEO da Binance, Changpeng Zhao, pouco antes de a corretora anunciar que não aceitaria mais depósitos da criptomoeda.

Paulo Barros

Editor de Investimentos