Bitcoin luta para manter US$ 19 mil em meio à alta dos treasuries e pode cair mais 40%, segundo analista

Mercado espera por ata do Fomc amanhã e por dados de inflação dos EUA na quinta em busca de pistas sobre movimento do Fed em relação aos juros

Paulo Barros CoinDesk

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Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) seguem submetendo seus suportes de preço a um teste de fogo após mais um dia negativo em Wall Street e diante de futuros das bolsas de Nova York novamente no vermelho nesta terça-feira (11). Às 7h, o BTC sustenta os US$ 19.052, em queda de 1,5% nas últimas 24 horas, e o ETH demonstra mais fraqueza e recua 2,5% hoje, indo a US$ 1.279.

Os mercados aguardam os dados de inflação dos Estados Unidos para a próxima quinta-feira (13), mas antes estarão atentos à divulgação da ata da reunião de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que o Federal Reserve (Fed) divulgará amanhã, em busca de pistas sobre o direcionamento do banco central dos EUA com relação à taxa de juros.

Como de costume, a ata deve moldar as expectativas para a agressividade do Fomc na próxima reunião, que ocorrerá em novembro. O consenso até aqui é de que o Comitê decida pelo quarto aumento consecutivo da taxa de juros em 75 pontos-base.

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A curva de juros dos títulos do Tesouro de 2 e 10 anos continua invertida desde julho, em comportamento que precedeu recessões em 2008, 2001 e 1990. Investidores, dessa maneira, estão mais cautelosos em alocar mais capital em ativos considerados mais arriscados, como as criptomoedas.

Apesar disso, o mercado cripto majoritariamente estável, também refletindo a ausência de catalisadores que estimulariam um movimento significativo de preços em qualquer direção. Atualmente, os investidores parecem satisfeitos em ficar em compasse de espera a apenas três dias antes da divulgação dos dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) na quinta.

O relatório mais recente do Commitment of Traders, divulgado todas as terças-feiras, mostrou que “grandes especuladores” reduziram posições em Bitcoin e se tornaram neutros na semana passada. A CFTC divulgará o último relatório nesta terça-feira (11). Com o BTC caindo quase 3% na semana em volume abaixo da média, cai a expectativa de que grandes instituições tenham comprado a criptomoeda em grande volume.

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Alguns analistas apontam uma luz no fim do túnel para os criptoativos pela sua resiliência, afinal estão sendo negociados no mesmo nível desde junho – nesse período, os EUA elevaram a taxa de juros três vezes, em 225 pontos-base, o que atingiu fortemente demais ativos de risco.

No entanto, a avaliação de especialistas ainda é mista. Em uma entrevista à CNBC na manhã de ontem, o gestor de hedge funds Paul Tudor Jones moderou seu otimismo com o Bitcoin e admitiu que, atualmente, tem uma “alocação menor” na criptomoeda.

Em participação ontem no Cripto+ (assista à íntegra no player acima), o trader e investidor Vinícius Terranova pontuou que a zona de maior liquidez do Bitcoin atualmente está na região entre US$ 12 mil e US$ 10 mil. “Essa é a zona onde todos estarão comprando. Se chegarmos nela, será um suporte fortíssimo”, explica.

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O trader alerta que o Bitcoin está sendo negociado em uma faixa de preço perigosa no momento, e que, se voltar a cair para os cerca de US$ 17 mil (a mínima do ano), um mergulho mais profundo de cerca de 40% pode vir pela frente. “A possibilidade de perda da zona entre US$ 20 mil e US$ 17.500 pode indicar um forte movimento de queda para perto dos US$ 12 mil. É só lá que começamos a ver um pouco de volume voltando”.

Por ora, no entanto, os indicadores técnicos continuam a mostrar sinais neutros. Um deles é o Índice de Força Relativa (RSI, na sigla em inglês), que busca medir se um determinado ativo está caro ou barato demais. O RSI de 14 dias do BTC acaba de atingir a marca de 44, em neutralidade frente aos 70 (sobrevalorizado) e os 30 (subvalorizado).

Dados de uso obtidos da blockchain do Bitcoin também apontam neutralidade. As taxas de financiamento de posições no mercado futuro, por exemplo, estão próximas de zero após 11 dias consecutivos de leituras positivas. As taxas de financiamento indicam maior ou menor apetite por posições compradas ou vendidas e, por isso, são consideradas representativas do sentimento de mercado entre traders de criptomoedas.

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Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 19.052,07 -1,50%
Ethereum (ETH) US$ 1.279,89 -2,50%
Binance Coin (BNB) US$ 270,80 -1,40%
XRP (XRP) US$ 0,480884 -7,00%
Cardano (ADA) US$ 0,395172 -5,20%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
TerraClassic USD (USTC) US$ 0,053909 +33,10%
Tokenize Xchange (TKX) US$ 12,52 +9,20%
Maker (MKR) US$ 959,05 +5,10%
Chain (XCN) US$ 0,072548 +5,00%
Huobi (HT) US$ 5,23 +1,70%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Ethereum Classic (ETC) US$ 23,89 -8,80%
Terra Classic (LUNC) US$ 0,00028234 -8,40%
Rocket Pool (RPL) US$ 22,25 -8,40%
Near Protocol (NEAR) US$ 3,18 -8,10%
Internet Computer (ICP) US$ 5,29 -7,70%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 17,50 -1,57%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 23,71 -1,41%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 20,00 -1,33%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 20,09 -4,28%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 17,76 -2,47%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 6,33 -0,93%
QR Ether (QETH11) R$ 4,91 -2,38%
QR DeFi (QDFI11) R$ 3,93 +0,76%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 5,04 +0,08%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 25,86 -1,78%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta terça-feira (11):

Rio abre credenciamento de corretoras para IPTU com criptos

A cidade do Rio de Janeiro abre nesta terça-feira (11) o prazo para corretoras de criptomoedas se credenciarem junto ao poder público como intermediadoras de pagamento do IPTU 2023 em ativos digitais, anunciou a prefeitura do Rio hoje.

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Com isso, a capital carioca dá o primeiro passo para se tornar, oficialmente, a primeira cidade brasileira aceitar o pagamento de tributos usando criptoativos.

A partir de 2023, cariocas poderão utilizar os serviços das empresas credenciadas para efetuar o pagamento do tributo utilizando quaisquer criptomoedas. O valor, afirma a prefeitura, será repassado aos cofres públicos integralmente, sem deduções, já convertidos para reais.

Binance: Estrago na BNB Chain seria maior não fossem os validadores

Os validadores em plataformas de criptomoedas estão se tornando, por necessidade, cada vez mais astutos, disse Patrick Hillmann, diretor de comunicações da exchange de criptomoedas Binance.

No fim de semana, a BNB Chain, blockchain ligada à exchange, foi vítima de um hack que acabou drenando US$ 100 milhões em criptomoedas. A exploração, no entanto, poderia ter sido pior, segundo o executivo.

“[O] elefante na sala aqui é quando esses ataques se tornam mais sofisticados … [Se] eles fossem mais organizados, [os hackers] provavelmente poderiam ter conseguido mais dinheiro do ecossistema do que conseguiram”, disse Hillman ao CoinDesk ontem.

Os hackers conseguiram escapar com cerca de US$ 100 milhões, mas o valor potencial poderia ter sido de até US$ 570 milhões, segundo informado pelo InfoMoney.

UE estuda criar supervisão automatizada de ambiente DeFi

A Comissão da União Europeia abriu uma chamada para um projeto que pretende estudar a “supervisão incorporada” dos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) na blockchain Ethereum, sinalizando que uma maior regulamentação está no horizonte.

Em um projeto piloto, o bloco visa “desenvolver, implantar e testar” uma tecnologia integrada para supervisionar as atividades dentro do espaço financeiro descentralizado. Os pesquisadores coletarão dados de supervisão automatizados diretamente da blockchain Ethereum para monitorar a atividade DeFi em tempo real.

O estudo deve custar 250.000 euros e pode levar 15 meses para ser concluído.

Em 10 de outubro, membros do Parlamento Europeu aprovaram o projeto de lei Markets in Crypto Assets (MiCA). A legislação histórica criará uma estrutura regulatória ampla para ativos digitais na região, que inclui fornecer diretrizes de marketing para empresas de criptomoedas e proteções para investidores.

Agência financeira global quer criar regra única para stablecoins

As stablecoins podem ser forçadas a centralizar sua emissão e as principais plataformas de criptomoedas a serem divididas, segundo apontam planos apresentados pelo Financial Stability Board (FSB) nesta terça-feira (11).

O Financial Stability Board é uma agência de vigilância e definidora de padrões para o sistema financeiro global, apoiada por bancos centrais e ministérios das finanças de vários países.

A entidade quer criar um livro de regras internacional para criptos após a recente turbulência no mercado. A FSB visa principalmente mediar conflitos de interesse em operações cripto e stablecoins “algorítmicas”, como a terraUSD (UST), que colapsou em maio.

“O atual ‘inverno cripto’ reforçou nossa avaliação das vulnerabilidades estruturais existentes nesses mercados”, disse Klaas Knot, presidente do banco central da Holanda, que preside o FSB, em carta aos ministros das finanças das 20 maiores economias do mundo.

Ele se refere às preocupações da FSB sobre incompatibilidades de liquidez, alta alavancagem e modelos de negócios inadequados no ecossistema de criptomoedas, conhecido por ser altamente conectado.

Paulo Barros

Editor de Investimentos