Bitcoin falha em superar US$ 17 mil com investidores temendo queda de mais uma exchange

Forbes já zerou fortuna de Barry Silbert, CEO da Digital Currency Group, controladora da corretora Genesis

Paulo Barros CoinDesk

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Investidores que esperavam por uma definição do Bitcoin (BTC) após a divulgação da ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc na sigla em inglês) tiveram que renovar a paciência: apesar de ameaçar um rali, a criptomoeda não conseguiu superar os US$ 17 mil e voltou a ser negociada na mesma faixa dentro da qual vem operando agora há 20 dias.

Às 7h, o BTC registrava leve queda de 0,3%, a exatos US$ 16.805, respondendo de maneira neutra a uma ata do Fomc  mais dura do que esperado, mas que não foi suficiente para impedir uma sessão positiva nas bolsas de Nova York.

O Fed diz que os aumentos de preços teimam em permanecer, e que “se mostram mais persistentes do que o previsto”. As impressões foram dadas na reunião que resultou no aumento de meio ponto percentual dos juros americanos, 0,25 a menos que nos quatro reajustes anteriores.

Diante disso, agentes de mercado estão de olho na possibilidade de os ganhos nas bolsas serem devolvidos nesta quinta-feira (5), com futuros de Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuando 0,20%, 0,21 e 0,30%, respectivamente.

As criptomoedas alternativas ao Bitcoin, conhecidas como altcoins, seguem aproveitando o marasmo da principal cripto do mercado e estendem ganhos nesta quinta, com destaque para o avanço de quase 8% da Chiliz (CHZ), criptomoeda da empresa especializada em fan tokens Socios.com. Além disso, Ethereum Classic (ETC) e Ethereum Pow (POW), “clones” do Ethereum (ETH), sobem 5,6% e 3%, respecitvamente.

Investidores que enxergavam o aumento dos juros como a principal barreira para a recuperação de preços agora se voltam mais para crises internas do setor, de olho nos efeitos da queda do projeto Terra, do hedge fund Three Arrows e da corretora FTX.

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O temor da vez é de um novo evento de cisne negro provocado pela eventual quebra da gigante cripto Digital Currency Group (DCG). Ela é dona da maior gestora de ativos digitais do mundo, a Grayscale, cujos fundos estão com cotas altamente descontadas e poderia ser obrigada a liquidar ativos no mercado para cobrir um rombo supostamente deixado pela corretora Genesis.

A exchange, que faz parte do mesmo grupo e interrompeu saques de clientes em novembro, precisa de mais tempo para resolver a situação financeira da empresa, disse ontem o CEO interino Derar Islim.

A situação da Genesis e de sua controladora Digital Currency Group ganhou um novo capítulo nesta semana após o cofundador da ex-parceira Gemini, Cameron Winklevoss, criticar Barry Silbert, CEO do DCG, por “táticas de má fé” na tentativa de reestabelecer o funcionamento da corretora. Segundo Winklevoss, a Genesis deve US$ 900 milhões aos clientes da Gemini.

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Para a revista Forbes, que falou em dezembro sobre as perdas de bilionários cripto ao longo de 2022, Silbert perdeu completamente sua fortuna. “A Forbes estima que o valor atual da participação de 40% de Silbert na DCG seja de aproximadamente US$ 0. Os investimentos pessoais de Silbert não puderam ser determinados”, disse a publicação.

O DCG também é dono do CoinDesk.

Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 16.805 -0,30%
Ethereum (ETH) US$ 1.247 -0,20%
Binance Coin (BNB) US$ 256 +0,40%
XRP (XRP) US$ 0,340830 -2,70%
Dogecoin (DOGE) US$ 0,072978 +1,00%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Chiliz (CHZ) US$ 0,112345 +7,70%
eCash (XEC) US$ 0,00002438 +7,30%
Ethereum Pow (POW) US$ 3,29 +5,60%
Near Protocol (NEAR) US$ 1,55 +3,70%
Ethereum Classic (ETC) US$ 18,63 +3,00%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Huobi (HT) US$ 4,70 -10,40%
Aptos (APT) US$ 3,72 -6,10%
OKC (OKT) US$ 25,77 -5,90%
Solana (SOL) US$ 13,02 -5,40%
OKB (OKB) US$ 26,92 -4,70%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

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ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 16,24 +2,78%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 21,78 +2,73%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 19,79 +3,99%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 15,73 -0,69%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 12,05 +2,72%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 27,15 +2,49%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 5,61 +2,18%
QR Ether (QETH11) R$ 4,71 +4,66%
QR DeFi (QDFI11) R$ 2,73 +6,22%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 4,84 +1,89%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 16,20 +0,93%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 78,71 +4,51%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta quinta-feira (5):

Binance termina 2022 com 92% de market share

O market share da Binance no volume de negociação de Bitcoin aumentou para 92% até o final de 2022, mostram dados levantados pela casa de análise Arcane Research.

A participação de mercado da bolsa era de apenas 45% no início do ano passado, mas a eliminação das taxas de negociação em junho, sem mencionar o colapso da rival FTX em novembro, serviu para empurrar os usuários para a Binance.

“Não importa como você olhe em termos de atividade de trading, a Binance é o mercado de criptomoedas”, escreveu a Arcane em relatório. “Depois de suspender taxas de negociação para seus pares BTC no spot (negociações à vista), a Binance dominou completamente a participação de mercado”.

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Ações de empresas cripto respiram em Wall Street

Depois de um 2022 marcado por quedas de 80% a 90%, muitas ações relacionadas a criptomoedas iniciam 2023 em terreno positivo após nova sessão de ganhos na quarta-feira (4).

O melhor desempenho ficou com os papeis da mineradora de Bitcoin Marathon Digital (MARA), que dispararam 24% ontem. Já a Riot Platforms (RIOT), também especializada em mineração, subiu 15%.

A exchange cripto Coinbase (COIN) ganhou 12,2%, ajudada pelo rali geral e pelo acordo com autoridade do mercado financeiro de Nova York para encerrar uma investigação sobre falhas no compliance da empresa.

Ex-advogado da FTX colaborou com autoridades, diz Reuters

Um ex-advogado da FTX forneceu detalhes sobre os negócios da empresa durante uma reunião com funcionários do Departamento de Justiça dos EUA (DOJ), do Federal Bureau of Investigation (FBI) e da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (a SEC), informou a Reuters, citando uma pessoa familiarizada com a situação.

A reunião com o advogado Daniel Friedberg e os promotores ocorreu no escritório do procurador do Distrito Sul de Nova York em 22 de novembro, segundo a fonte. A Reuters informou que viu e-mails de agendamento entre os participantes.

Friedberg disse aos promotores o que sabia sobre o uso de recursos de clientes por Sam Bankman-Fried para financiar seu império de criptomoedas, disse a fonte.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas