Bitcoin engata nova alta e se aproxima de US$ 29 mil antes de decisão sobre juros nos EUA

O Bitcoin (BTC) amanheceu “andando de lado” nesta quarta-feira (22), mas ganha fôlego no começo da tarde e já se aproxima da casa dos US$ 29.000, marca que não é vista desde 10 de junho. O movimento ocorre antes da divulgação da nova taxa de juros dos Estados Unidos, prevista para ocorrer à tarde, após a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês).

A maioria dos agentes do mercado espera que o Federal Reserve (Fed) continue comprometido com seu aperto monetário e eleve a taxa de juros em 25 pontos-base, mas uma pausa não é descartada. Segundo analistas, se o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, adotar um tom mais dovish (a favor de corte de juros), as criptomoedas devem estender ainda mais o rali nas próximas semanas.

O salto no BTC aconteceu após projeção de Wall Street reforçar a expectativa para um ajuste de 0,25 ponto percentual.

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“O mercado já vem precificando um aumento de 0,25% na taxa atual, e só consigo enxergar quedas nos próximos dias com um aumento maior que este, caso o contrário acredito que é questão de tempo até o BTC passar a região de US$30.000”, disse Fernando Pereira, analista da Bitget.

De acordo com dados do CoinGecko, o BTC é negociado a US$ 28.827 às 12h28 de hoje, com alta de 2,5% nas últimas 24 horas. É a primeira vez que a moeda digital atinge esse patamar em 2023.

As altcoins (termo para identificar qualquer cripto diferente do BTC) apresentam desempenhos mistos. O Ethereum (ETH) opera a US$ 1.827, com alta de 1%, enquanto a Binance Coin (BNB) é cotada a US$ 331, em recuo de 2%. Por outro lado, Cardano (ADA) sobe quase 10% e o Bitget Token (BGB) avança 6,7%.

Longo prazo positivo

Apesar do receio com o aumento de juros nos Estados Unidos, o cenário é positivo para o Bitcoin no longo prazo, segundo alguns analistas. Eles argumentam que a principal criptomoeda do mercado, dona de uma capitalização de US$ 543 bilhões, vestiu a “carapuça” de ativo proteção contra os problemas nos setores bancários dos EUA e da Europa, e está se beneficiando das expectativas de uma política monetária mais frouxa para proteger as economias problemáticas.

“O comportamento do preço durante esta crise vai atrair mais instituições”, disse Cathie Wood, da Ark Investment Management, à Bloomberg, referindo-se ao desmembramento de três credores americanos e à aquisição emergencial do Credit Suisse Group AG pelo rival UBS Group AG.

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Pelo menos três padrões de análise gráfica mostram futuros promissores – ou pelo menos neutro – para o Bitcoin. O “head and shoulders”, um indicativo de análise gráfica frequentemente visto como otimista, por exemplo, indica um preço-alvo de cerca de US$ 35.000 – ou seja, uma disparada na ordem de 25% em relação ao preço atual.

“Há um vento favorável suave apoiando o Bitcoin”, escreveu Tony Sycamore, analista de mercado da IG Australia Pty, em nota à Bloomberg.

A moeda digital líder mercado também saltou para uma área marcada por uma “nuvem de Ichimoku” semanal, um indicador que usa fórmulas matemáticas para ajudar a definir os níveis de resistência e suporte. A quebra na nuvem sinaliza o potencial para novos aumentos. O ativo digital poderia “usar a narrativa como um hedge do sistema” e obter ajuda dos bancos centrais forçados a injetar liquidez para enfrentar as oscilações do setor bancário, escreveu Bendik Schei, chefe de pesquisa da K33, em nota.

Por último, o indicador DeMARK Sequential – um método de análise do momento do preço que tenta antecipar quando uma tendência de mercado terminou – suporta um viés neutro de curto prazo, mas outros padrões gráficos podem em breve apontar para uma “ruptura de longo prazo”, escreveu Katie Stockton, fundadora da Fairlead Strategies LLC, em uma nota.

O Bitcoin disparou 70% desde o início de 2023. O rali da criptomoeda, interrompido nesta semana em meio às expectativas de aumento de juros nos Estados Unidos, ajudou o mercado de ativos digitais a agregar cerca de US$ 390 bilhões em valor em 2023, após uma queda de US$ 1,5 trilhão no ano passado.

A recuperação da moeda resistiu às falências de empresas do mercado cripto, como a da exchange FTX, que um dia já foi uma das maiores do setor; à repressão regulatória dos EUA, que vêm mirando nas stablecoins e nos tokens que usam o algoritmo de prova de participação (proof-of-stake), como o Ethereum; e à desvinculação temporária da USD Coin (USDC), uma das stablecoins mais importante do mercado, de sua paridade ao dólar norte-americano.

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(Com informações da Bloomberg)