Bitcoin e Ethereum seguem futuros de NY e recuam, mas momento é mais positivo, aponta analista

Analista Glenn Williams diz que preços estão em mesma zona de lateralização de novembro, porém com um viés apontando mais para alta

Paulo Barros CoinDesk

(Dylan Calluy/Unsplash)
(Dylan Calluy/Unsplash)

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Após subir para além dos US$ 18 mil pela primeira vez desde o colapso da FTX, o Bitcoin (BTC) recuou na tarde de ontem e é negociado às 7h desta quinta-feira (15) a US$ 17.685, em  leve queda de 0,7% nas últimas 24 horas.

O movimento negativo iniciou assim que o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, amorteceu o humor dos investidores com um lembrete de que o banco central dos Estados Unidos ainda não deixará de ser agressivo no aumento dos juros, apesar de reduzir o último ajuste do ano para 50 pontos-base.

O BTC havia superado US$ 18.300 na quarta após uma desaceleração inesperada nos dados de inflação de novembro e a antecipação de traders a uma possível guinada do Fed em relação ao aumento da taxa base da economia americana.

Mas, em entrevista coletiva após reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), Powell voltou a mencionar que o aumento dos preços representa maior ameaça à economia do que a alta dos juros. “50 pontos-base ainda é um aumento historicamente grande e ainda temos um longo caminho a percorrer”, disse Powell em entrevista coletiva após o comunicado do Fomc.

Os índices de ações afetados pelos comentários de Powell fecharam em baixa, com o Nasdaq e o S&P 500 caindo 0,8% e 0,5%, respectivamente. Nesta quinta, os futuros de Nova York operam novamente em queda, com Dow Jones Industrial Average, S&P Futures e Nasdaq Futures cedendo 0,91%, 1,18% e 1,43%, respetivamente.

“Com a estabilização dos juros, a gente tende a ter um 2023-2024 levemente mais positivo para os mercados e acredito que uma nova onda de alta, uma nova recuperação e novos topos históricos possam vir em 2025-2026, apenas”, avalia Tasso Lago, gestor de fundos privados de criptoativos e fundador da Financial Move. “Os próximos anos serão para evitar uma possível recessão de mercado, uma possível recessão econômica, que seria pior”.

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Assista: Ethereum tem risco de contraparte similar ao da FTX, diz o maximalista de Bitcoin Jimmy Song

A maioria das demais criptomoedas também opera no vermelho na manhã de hoje. O Ethereum (ETH), segunda maior cripto do mundo, recua 2,6%, para US$ 1.287, e Dogecoin (DOGE) e Binance Coin (BNB) têm os piores desempenhos do top 10, com perdas de cerca de 3%. No top 100, a que mais cai é a Toncoin (TON), do Telegram, que cede quase 10%, mas ainda acumula alta de 30% na semana.

Segundo o analista de criptomoedas Glenn Williams, dados históricos apontam que o mercado não está entrando em um momento do ano de forte desempenho, mas a situação está melhor do que esteve em novembro.

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“Do ponto de vista do gráfico de preços, o nível de aproximadamente US$ 17.900 do Bitcoin move o ativo para uma região de “nó de baixo volume” – possivelmente indicando o potencial para movimentos rápidos de preço”, aponta.

Um nó de alto volume, explica Williams, representa áreas em que há concordância de preço significativa e, por isso, muitas vezes coincide com movimento de preço mais lento. Por outro lado, nós de baixo volume representam áreas de baixa atividade. Os preços tendem a se mover rapidamente por essas áreas até atingirem a próxima área de acordo.

“Uma ilustração disso pode ser vista no declínio de 14% ocorrido em 9 de novembro. O Bitcoin agora entrou nessa mesma zona, mas desta vez para o lado positivo”, comenta o analista.

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Investidores de criptoativos estão de olho no avanço das discussões sobre o incremento da regulação do setor. Os senadores norte-americanos Elizabeth Warren e Roger Marshall apresentaram um projeto de lei para reprimir a lavagem de dinheiro e o financiamento de terroristas e por meio de criptomoedas.

A Lei Antilavagem de Dinheiro de Ativos Digitais traria regras mais duras de verificação de identidade para provedores de carteira e mineradores, e proibiria instituições financeiras de realizar transações com mixers de ativos digitais, que são ferramentas projetadas para ocultar a origem dos recursos.

Edward Moya, analista sênior de mercado da Oanda, fabricante do mercado de câmbio, observa que é improvável que o atual Congresso, que está em suas duas últimas semanas de legislatura, aprove o projeto. No entanto, ressalta que “a lei trataria de algumas preocupações de segurança nacional, pois exige empresas de criptomoedas sigam as mesmas regras que se aplicam a bancos e empresas tradicionais”.

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Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 17.685 -0,70%
Ethereum (ETH) US$ 1.287 -2,60%
Binance Coin (BNB) US$ 266 -2,90%
XRP (XRP) US$ 0,381323 -2,60%
Dogecoin (DOGE) US$ 0,087888 -3,20%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
XDC Network (XDC) US$ 0,02428210 +7,60%
Immutable X (IMX) US$ 0,466237 +5,20%
OKC (OKT) US$ 25,48 +3,60%
Chiliz (CHZ) US$ 0,143348 +2,60%
Algorand (ALGO) US$ 0,227165 +2,20%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

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Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Toncoin (TON) US$ 2,35 -9,90%
Stacks (STX) US$ 0,266502 -7,30%
BTSE Token (BTSE) US$ 2,23 -6,00%
Klaytn (KLAY) US$ 0,174604 -5,50%
Flow (FLOW) US$ 0,901035 -5,40%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 16,71 -1,06%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 22,09 -0,45%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 20,02 -0,39%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 18,23 +1,44%
Hashdex Smart Contract Plataform FI (WEB311) R$ 11,70 -4,48%
Hasdex Crypto Metaverse (META11) R$ 29,09 +0,24%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 5,50 0,00%
QR Ether (QETH11) R$ 4,50 -0,88%
QR DeFi (QDFI11) R$ 2,85 -5,00%
Cripto20 EMPCI (CRPT11) R$ 5,12 -1,34%
Investo NFTSCI (NFTS11) R$ 18,15 +2,25%
Investo BLOKCI (BLOK11) R$ 78,32 0,00%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta quinta-feira (15):

Executivo da FTX alertou polícia sobre fraude

Um alto executivo da FTX disse à polícia das Bahamas que recursos da exchange estavam sendo misturados com os da sua empresa irmã, Alameda Research, em 9 de novembro, dois dias antes da corretora abrir falência nos EUA, mostram documentos do processo.

Ryan Salame, co-presidente executivo da FTX nas Bahamas, chamada FTX Digital Markets, disse à Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas em 9 de novembro que “os ativos dos clientes que podem ter sido mantidos com a FTX Digital foram transferidos para a Alameda Research”, de acordo com um carta ao comissário de polícia das Bahamas divulgada esta semana.

Isso constituiria “apropriação indébita, roubo, fraude ou algum outro crime”, escreveu Christina Rolle, diretora executiva da Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas ao comissário.
Salame disse que havia apenas três pessoas que poderiam ter transferido os recursos: ex-CEO Sam Bankman-Fried, Nishad Singh e Gary Wang.

“Mentiroso patológico”

O deputado norte-americano Ritchie Torres disse ao CoinDesk na quarta-feira que o ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, é um “mentiroso patológico”.

Torres, membro do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, acrescentou que “há evidências que sugerem isso”.

O congressista participou da audiência do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara na terça-feira sobre o colapso da exchange cripto. Esperava-se que Bankman-Fried prestasse depoimento perante o comitê, mas foi preso um dia antes.

Torres disse que os detalhes da falência da FTX que ouviu durante a audiência foram “chocantes”, confirmando sua crença de que o Bankman-Fried “perpetrou um esquema Ponzi”, administrando indevidamente milhões de dólares em fundos de clientes.

Sheik do Bitcoin vira alvo dos EUA

Francisley Valdevino da Silva, que ficou conhecido no Brasil como o “Sheik das Criptomoedas” ou “Sheik do Bitcoin”, virou alvo do Departamento de Justiça dos EUA, afirmou o jornal O Globo na quarta-feira (14).

Francisley foi preso no início de novembro por descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça do Paraná. Ele é acusado de operar um esquema que teria desviado cerca de R$ 4 bilhões de investidores no Brasil e no exterior, entre eles a modelo Sasha Meneghel.

Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas