Bitcoin contém alta, mas prepara movimento decisivo; crise na mineração e ETF de metaverso na B3

Atividade de mineração teria sido afetada por crise energética na Europa

Paulo Barros CoinDesk

(Getty Images)
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O Bitcoin (BTC) se mantém acima de US$ 40 mil, mas especialistas começam a alertar para uma forte resistência (alto interesse de venda) no patamar atual possivelmente capaz de conter a alta e fazer o preço recuar novamente para US$ 37 mil a US$ 35 mil.

A falta de ímpeto da moeda ocorre em meio ao segundo registro de queda da dificuldade no processo de mineração, o que indica que menor concorrência pela atividade de extração do ativo digital. Embora alarme investidores num primeiro momento, o cenário estaria ligado, segundo analistas, não à falta de interesse dos mineradores, mas à crise energética instalada na Europa pela guerra na Ucrânia e os embargos contra a Rússia.

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“O Bitcoin está lutando para acompanhar o movimento de alta das ações”, disse o analista de mercado sênior da Oanda Americas, Edward Moya, por e-mail, referente ao pregão de ontem. Hoje, vale lembrar, os futuros dos EUA apresentam queda enquanto investidores aguardam pelo encontro entre Joe Biden e o mandatário chinês, Xi Jinping.

Moya disse que investidores estão inclinados a acreditar que as histórias de russos “correndo para os mercados de criptomoedas para evitar sanções e minimizar a exposição a rublos foram exageradas”. O cofundador da Chainalysis, Jonathan Levin, disse que a empresa “não viu evidências” de tal tendência.

Em entrevista ao Cripto+, um brasileiro que mora na Rússia há dois anos, disse que “a vida está normal”, mas que vê as pessoas comprando de tudo para se preparar para a inflação, como carros e stablecoins de dólar. O movimento, no entanto, não seria tão generalizado.

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Apesar disso, Moya projetou um cenário otimista para o Bitcoin, desde que investidores continuem dispostos a aceitar um certo grau de risco. “As perspectivas de longo prazo do Bitcoin ainda são otimistas e devem ser apoiadas se o apetite ao risco não estiver sujeito a movimentos de redução de risco em Wall Street”, disse ele.

De um lado, o cenário parece favorável no longo prazo dada a reação dos agentes de mercado às principais notícias vindas dos EUA, como a assinatura de um decreto sobre regulação de criptos e o primeiro aumento de taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed) desde 2018.

“O aumento da taxa pelo Fed não foi contundente o suficiente para preocupar os investidores de criptomoedas, solidificando um renovado espírito de compra”, escreveu Alexander Mamasidikov, cofundador do banco digital MinePlex, em um e-mail para o CoinDesk. Mamasidikov espera que a pressão de venda diminua no final do segundo trimestre e projeta um alvo de US$ 50 mil para o BTC nesse período.

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De outro lado, a criptomoeda ainda precisa romper de vez a barreira psicológica de US$ 40 mil para desencadear um aumento na atividade de compra. Até agora, a volatilidade não foi particularmente alta “levando em conta uma enxurrada de notícias amplamente negativas nos últimos dias, com o aumento dos casos de Covid-19 e a província chinesa de Shenzhen entrando em bloqueio”, Mikkel Mørch, diretor executivo da ARK36, um fundo de investimento em criptomoedas.

Em termos de análise gráfica, o Bitcoin segue apresentando alto valor em relação ao mercado de criptomoedas como um todo, o que é característico de momentos de baixa (bear market), afirma o analista Damanick Dantes, do CoinDesk.

Segundo o especialista, a criptomoeda enfrenta forte resistência neste momento, o que pode impedir uma nova alta de preço imediatamente. Ainda assim, ele espera que os suportes (zonas com muito interesse de compra) em US$ 35.000 e US$ 37.000 estabilizem uma possível retração.

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Indicadores técnicos mostram que um novo recuo pode acontecer dentro de poucos dias, mas em períodos semanais o preço deve voltar a subir. “Normalmente, o BTC se consolida por cerca de dois meses após uma alta ou tendência de baixa extrema. Isso significa que a faixa de negociação atual entre US$ 30 mil e US$ 40 mil pode persistir até que ocorra uma ruptura ou colapso decisivo”, aponta.

Ainda que o Bitcoin tenha as rédeas do mercado por ora, diversas altcoins disparam nesta manhã, com destaque novamente para a Xido Finance (XIDO), que dispara 70% hoje e já acumula valorização de mais de 200% na semana. O ativo alimenta uma plataforma de finanças descentralizadas (DeFi) que oferece renda passiva em cripto sem precisar emitir tokens a todo momento, como normalmente acontece com soluções rivais.

Outra que sobe bem é a novata ApeCoin (APE), da coleção de NFTs Bored Ape Yacht Club. Ela caiu 80% em sua estreia nas bolsas de criptomoedas ondem, mas apresenta recuperação, somando 43% de ontem para hoje.

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Confira o desempenho das principais criptomoedas às 7h15:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Bitcoin (BTC) US$ 40.600,82 -0,3%
Ethereum (ETH) US$ 2.803,18 +1,5%
Binance Coin (BNB) US$ 387,02 +0,6%
XRP (XRP) US$ 0,786168 +0,1%
Terra (LUNA) US$ 83,46 -6,1%

As criptomoedas com as maiores altas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Xido Finance (XIDO) US$ 63,85 +70,5%
ApeCoin (APE) US$ 14,83 +43,1%
Mina Protocol (MINA) US$ 2,19 +23,4%
Waves (WAVES) US$ 30,10 +8,2%
Aave (AAVE) US$ 153,36 +7,8%

As criptomoedas com as maiores quedas nas últimas 24 horas:

Criptomoeda Preço Variação nas últimas 24 horas
Humans.ai (HEART) US$ 0,03875191 -10,7%
THORChain (RUNE) US$ 7,56 -10,2%
Terra (LUNA) US$ 83,55 -5,9%
Juno (JUNO) US$ 37,06 -4,1%
Basic Attention Token (BAT) US$ 0,826350 -3,4%

Confira como fecharam os ETFs de criptomoedas no último pregão:

ETF Preço Variação
Hashdex NCI (HASH11) R$ 36,50 -2,14%
Hashdex BTCN (BITH11) R$ 49,00 -2,19%
Hashdex Ethereum (ETHE11) R$ 41,70 -0,66%
Hashdex DeFi (DEFI11) R$ 40,75 +3,82%
QR Bitcoin (QBTC11) R$ 13,12 -0,6%
QR Ether (QETH11) R$ 10,45 +2,65%
QR DeFi (QDFI11) R$ 7,00 +0,86%

Veja as principais notícias do mercado cripto desta sexta-feira (18):

Dificuldade de mineração cai pela segunda vez em março

A dificuldade de minerar um bloco de Bitcoin caiu 0,35% ontem, a segunda vez apenas em março após uma alta consistente desde novembro. A primeira vez foi no dia 3 de março, quando a dificuldade caiu 1,5%, mostram dados da plataforma de informações Glassnode.

A dificuldade se ajusta automaticamente em relação ao poder de computação na rede, também conhecido como hashrate (poder de computação), para manter o tempo entre cada bloco minerado relativamente estável em 10 minutos.

“Esta ligeira queda é provavelmente devido a mineradores não lucrativos desconectando ASICs (máquinas especializadas na mineração de criptos). À medida que os preços da energia aumentam globalmente, provavelmente veremos mais ASICs caindo da rede”, disse o fundador e CEO da Compass Mining, Whitt Gibbs, ao CoinDesk hoje.

A crise estaria ligada aos embargos impostos à Rússia e a proibição do próprio país da exportação de petróleo. “Minha aposta é que os mineradores cazaques ficaram offline devido à falta de eletricidade e uma repressão do governo à mineração ilegal causou a queda”, disse Jaran Mellerud, pesquisador da Arcane Research.

B3 terá ETF focado em NFTs e metaverso

A bolsa brasileira terá ainda este mês um novo fundo de índice focado em NFTs e criptoativos relacionados ao metaverso. O ETF NFTS11, da gestora Investo, oferecerá criptomoedas do setor de mídia e entretenimento localizadas nas principais plataformas do metaverso.

O NFTS11 acompanha o índice MVIS CryptoCompare Media & Entertainment Leaders, administrado pela MV Index Solutions (MVIS).

Entre as principais criptomoedas listadas no índice estão a Decentraland (MANA), The Sandbox (SAND), Axie Infinity (AXS), Gala (GALA), Basic Attention Token (BAT), Chiliz (CHZ) e Enjin Coin (ENJ).

O ETF tem taxa de administração de 0,75% ao ano, e terá cotas negociadas inicialmente a R$ 100 cada. Coordenado por BTG Pactual e Nu Invest e com participação de Modal Mais e Vitreo, o produto já está aberto para reservas e tem previsão para ser listado na B3 após o dia 29 de março.

Banco russo mais afetado por sanções recebe licença para negociar ativos digitais

O Sberbank, maior banco da Rússia, recebeu uma licença do banco central do país para emitir e negociar ativos digitais.

A novidade vem apenas dois meses depois que o BC russo defendeu a proibição total de negociação, mineração e uso de criptomoedas.

O Sberbank anunciou recentemente que estava se retirando do mercado europeu após ser atingido pelas sanções contra a Rússia.

Em janeiro, o banco já havia solicitado uma licença para emitir seu próprio token digital para clientes corporativos.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos