Criptomoedas podem ajudar a combater a inflação no Brasil, diz secretário de inovação do Rio

Chicão Bulhões, da pasta de Desenvolvimento Econômico e Inovação, concedeu entrevista à CoinDesk nesta quinta-feira (27)

Paulo Barros

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As criptomoedas podem ajudar a combater a inflação no Brasil e evitar que o consumidor perca poder de compra, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação da Prefeitura do Rio de Janeiro, Chicão Bulhões, em entrevista à CoinDesk nesta quinta-feira (27).

Para Bulhões, apesar da volatilidade do Bitcoin (BTC), que caiu quase 50% em cerca de três meses, o caráter deflacionário de alguns criptoativos pode ser um aliado em meio à alta dos preços na economia, e tem um papel importante no combate às desigualdades no país.

“Os últimos quatro anos foram difíceis para o Brasil, com inflação. E sabemos que algumas criptomoedas são deflacionárias e podem ser usadas para as pessoas não perderem poder de compra. Isso deixou as pessoas interessadas na possibilidade de ter alternativa aos bancos centrais, e em ter mais possibilidades de combater a desigualdade”, afirmou.

Eduardo Paes (DEM), prefeito do Rio, anunciou recentemente planos para a adoção de criptomoedas, incluindo formas de estimular o uso de ativos digitais por meio de descontos ao contribuinte, como no pagamento do IPTU, por exemplo. Além disso, a cidade planeja criar a criptomoeda Crypto Rio e aplicar 1% do Tesouro em criptomoedas.

A cidade também quer se tornar um hub de inovação do setor de cripto e blockchain, com investimentos para criação do Porto Maravalley, área do Porto Maravilha com incentivos fiscais para empresas do segmento de tecnologia.

“Nós sabemos que [o Bitcoin] é volátil, que algumas pessoas nos criticam por isso, mas é o futuro, e o Rio quer ser uma referência para o mundo como uma cidade amigável para as criptomoedas, como Miami ou Zug, na Suíça”, disse o secretário de inovação do Rio.

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A experiência de Miami é a principal referência da cidade para o projeto com criptomoedas. Ela foi a primeira dos Estados Unidos a lançar uma criptomoeda própria, a MiamiCoin, que captou US$ 7,1 milhões em investimentos nos primeiros meses.

O prefeito de Miami, o republicano Francis Suarez, recebe salário em Bitcoin, participou do anúncio da iniciativa carioca durante a Rio Innovation Week, realizada na segunda semana de janeiro.

“Acreditamos que somos parecidos com Miami, temos as praias, um bom lugar para viver, a criatividade”, disse Bulhões, que também elogiou a experiência de El Salvador, mas evitou comentar sobre o recente embate entre o país da América Central e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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O secretário admitiu que existe desconfiança entre brasileiros em relação às criptomoedas, especialmente depois que veio à tona o caso do Faraó do Bitcoin, acusado de fraude contra milhares de investidores em Cabo Frio e outras cidades próximas ao Rio. No entanto, adotou tom otimista.

“As pessoas não estão tão confiantes com as criptomoedas por causa desse grande caso no Brasil, mas temos grandes players na cidade, que também têm market share em outros países”, lembrou Bulhões, citando empresas como Hashdex e Transfero, que têm escritórios na cidade e foram fundadas por cariocas.

A prefeitura criou um grupo de trabalho para propor ações relacionadas ao desenvolvimento do mercado cripto com o objetivo de impulsionar a economia carioca nesse universo. O grupo, coordenado pela Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, divulgará o resultado do trabalho nos próximos três meses.

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Paulo Barros

Jornalista pela Universidade da Amazônia, com especialização em Comunicação Digital pela ECA-USP. Tem trabalhos publicados em veículos brasileiros, como CNN Brasil, e internacionais, como CoinDesk. No InfoMoney, é editor com foco em investimentos e criptomoedas