Credit Suisse reduz recomendação para ações de quatro construtoras e vê cenário mais desafiador para o setor

Analistas do banco reduziram recomendação para EzTec, Even, Mitre e Direcional, enquanto mantiveram recomendação de compra para Cyrela e Moura Dubeux

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os analistas do Credit Suisse revisaram a cobertura para o setor de construção, reduzindo a recomendação de outperform (desempenho acima da média do mercado) para neutra das ações das companhias EzTec (EZTC3) e Mitre (MTRE3), por serem dependentes de crescimento, da Even (EVEN3), por falta de catalisador, e da Direcional (DIRR3) por já ser precificada.

Cyela (CYRE3) e Moura Dubeux (MDNE3) tiveram a recomendação mantida em outperform, enquanto houve manutenção de Tenda (TEND3) e MRV (MRVE3) como neutras.

Os analistas Daniel Gasparete, Pedro Hajnal e Vanessa Quiroga apontam que, apesar dos dados ainda indicarem um ambiente favorável para o setor, há maior preocupação com o ambiente macroeconômico, o que torna a assimetria mais inclinada para o lado negativo.

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Eles apontam que o ciclo de aperto monetário pode ser prejudicial, avaliando que a alta da Selic não é “amiga do setor imobiliário”. De acordo com o time de análise, há risco de queda na demanda nos próximos doze meses, pois o ciclo de aperto monetário que está em curso (a projeção do banco é de que a Selic deva chegar a 6,5% até o fim do ano, ante 2% no início de 2021) deve prejudicar a acessibilidade ao crédito.

Apesar de não esperarem que as taxas de juros voltem para dois dígitos no curto prazo, os analistas ressaltam que cada aumento de 100 pontos-base nas taxas de financiamento afeta o poder de compra do comprador em cerca de 10%. “Portanto, concluímos que existe um risco maior de queda para a demanda agora”, destacam.

Os analistas também apontam que existe a preocupação de que a forte concentração de lançamentos no segundo semestre de 2021 possa vir acompanhada de uma possível desaceleração da demanda (ainda que marginal), potencialmente levando a velocidade de vendas para baixo das expectativas do mercado e limitando a capacidade das empresas de aumentar os preços dos imóveis.

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Já do lado de custos, o Credit acredita que gastos com materiais devem continuar altos no curto e médio prazos dada a dinâmica de demanda e oferta. Porém, o principal tema do setor na verdade deve ser o custo de mão de obra, que deve acelerar no segundo semestre e se tornar uma preocupação em 2022 (os canais de checagem do banco indicam aumento de mais de 20%).

“No geral, preferimos os cases de renda mais baixa, mas avaliamos ser melhor esperar ate que a pressão de custo sobre as margens seja aliviada ou esteja melhor precificada”, apontam.

Os analistas possuem os seguintes preços-alvos para as ações do setor: R$ 24 para MRV (potencial de alta de 36% com relação ao fechamento de segunda-feira), R$ 32 para a Cyrela (upside de 31%), de R$ 15 para a Even (upside de 42%), de R$ 19 para Direcional (upside de 32%), R$ 44 para EzTec (upside de 33%), R$ 35 para Tenda (upside de 37%), R$ 14 para Moura Dubeux (upside de 57%) e de R$ 15 para Mitre (potencial de valorização de 33% frente o fechamento da véspera).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.