Publicidade
As ações do setor financeiro continuam sendo alvo de revisões por parte de analistas em meio à expectativa de início do processo de flexibilização monetária, com projeções de corte da Selic pelo Banco Central a partir do segundo semestre de 2023.
Desta vez, o Credit Suisse revisou suas recomendações para as ações do setor, trazendo um paralelo com o desempenho dos ativos durante os ciclos de flexibilização das últimas duas décadas, análise relativa sobre os papéis versus o Ibovespa durante esses períodos e uma revisão nos modelos de lucro.
O banco espera que os cortes da Selic, atualmente em 13,75% ao ano, comecem em setembro, com a taxa indo para 12,5% e 10,5% ao final de 2023 e 2024, respectivamente. “É importante observar que a intensidade do ciclo de flexibilização provavelmente dependerá da direção das contas públicas, sem falar nos possíveis impactos dos movimentos das taxas de juros nos países desenvolvidos”, avalia a instituição.
Continua depois da publicidade
Após analisarem 8 ciclos de flexibilização monetária desde os anos 2000, o time destaca que os bancões tiveram um desempenho acima da média frente o Ibovespa em 10,7% (anualizado) em média, com uma forte performance absoluta de 33% por ano, com bancos tendo desempenho acima da média em 5 desses 8 ciclos. Além do mais, ressaltam que os papéis tiveram desempenho em linha com o Ibovespa em seis meses antes do início do ciclo, em -1,2%, em média.
“Porém, quando analisam os retornos dos bancões desde 15 de março de 2023, é possível perceber que estes são superiores aos ciclos em que os bancos tiveram um desempenho acima do Ibovespa nos seis meses anteriores dos últimos períodos de flexibilização monetária. Isso sugere que o mercado parece ter antecipado um pouco a performance esperada”, avalia o banco suíço.
Marcelo Telles, Daniel Vaz e Fernanda Sayão, analistas do Credit, refirmaram o Itaú Unibanco (ITUB4) como a sua primeira escolha entre os grandes incumbentes: o banco elevou o preço-alvo do Itaú de R$ 30 para R$ 33 (potencial de valorização de 22% em relação ao fechamento de sexta-feira) e mantendo a recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra).
Continua depois da publicidade
“Com maior potencial de valorização, menor risco de ganhos e valuation descontado para o que acreditamos ser justo, vemos o Itaú como a melhor opção para navegar nos próximos doze meses. O banco às vezes não é visto como uma boa opção para os ciclos de alívio monetários, mas vemos um mix de fatores conjunturais e estruturais que colocam o banco como uma forte opção”, avaliam, destacando ainda o cenário de forte aposta no digital.
O Bradesco (BBDC4), por sua vez, teve a recomendação elevada de underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra, com o preço-alvo sendo elevado de R$ 15 para R$ 18 (com potencial de valorização de 12% frente o fechamento de sexta). O banco suíço vê o valuation mais justo, principalmente com a taxa livre de risco mais baixa.
Leia mais:
Continua depois da publicidade
- Mesmo com retração do crédito, “bancões” acumulam alta de até 35% na Bolsa em 2023
- Bradesco salta e “queridinho” Itaú fica para trás em maio: hora de mudar as preferências no setor?
“Continuamos a ver os riscos para os ganhos mais altos versus o Itaú (principalmente relacionado à qualidade dos ativos), e esperamos que o ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] do Bradesco fique em linha com o custo de capital apenas em 2025 (ROE de 15,8%)”, apontam os analistas.
Os múltiplos dos dois bancos estão praticamente alinhados em termos de preço sobre o lucro (P/L) esperado para 2024 em 6,5 vezes, o que apoia a preferência dos analistas pelo Itaú dado o menor risco. O preço-alvo para BBDC4 incorpora um upside (potencial de valorização) de 12% em relação ao fechamento de sexta-feira, suportando uma classificação neutra.
Por outro lado, o Banco do Brasil (BBAS3) teve a recomendação reduzida de outperform para neutra, apesar do preço-alvo ser elevado de R$ 51 para R$ 52 (ou upside de 16% frente o fechamento de sexta), principalmente por conta do valuation após uma alta de 35% acumulado do ano e em um movimento de realização após fortes lucros desde dezembro de 2021, esperando-se agora uma desaceleração devido a taxas de juro mais baixas.
Continua depois da publicidade
“O desconto relativo em P/BV ( ou P/VPA – Preço sobre o Valor Patrimonial por Ação) versus pares privados não parece tão atrativo após o desempenho superior no acumulado do ano, apoiando nossa nova recomendação neutra”, avaliam.
Já para o Santander (SANB11), a recomendação seguiu underperform, com preço-alvo sendo elevado de R$ 31 de R$ 33, com a equipe de análise destacando o valuation esticado.
Mesmo com melhor lucratividade esperada à frente e margem financeira (NII) se beneficiando de taxas mais baixas, os analistas veem SANB11 negociando com 17% de prêmio no P/L ante ITUB4, em comparação com uma média dos últimos 7 anos de 6%, o que consideram injustificável considerando o ROE estruturalmente maior do Itaú. “Com upside potencial de 11%, o menor entre os bancos, mantivemos nossa recomendação”, avaliam os analistas.
Continua depois da publicidade
O Nu, controlador do Nubank (NYSE:NU) e que negocia na Nyse, uma das principais escolhas ao lado do Itaú, continua sendo uma história atrativa e uma boa opção de crescimento para navegar no próximo ciclo de flexibilização, avaliam os analistas.
O Credit destaca que, desde novembro de 2022, o Nu tem entregado um desempenho consistentemente acima da média, sendo capaz de (i) atingir o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas antes do esperado, (ii) entregar níveis de lucratividade impressionantes no Brasil (cerca de 40% do ROE) e (iii) ao mesmo tempo em que mantém uma qualidade de ativos decente em comparação com a indústria.
“Depois de incorporar os resultados do primeiro trimestre, aumentar as previsões e incorporar uma taxa livre de risco mais baixa, aumentamos nosso preço-alvo para US$ 8,50, o que implica um potencial de alta de aproximadamente 22% no preço atual da ação, que consideramos conservador considerando as oportunidades da América Latina e, eventualmente, um custo de capital mais baixo no caso de taxas de longo prazo mais baixas nos EUA”, avalia a equipe de análise.
Nas últimas semanas, as revisões para o setor bancário se intensificaram, com o Morgan Stanley cortando recomendação para o Itaú e elegendo o Bradesco como favorito entre “bancões”, de olho na queda da Selic, enquanto o Itaú BBA reforçou sua visão cautelosa com os papéis BBDC4.