CPFL (CPFE3) lucra R$ 1,1 bilhão no 2T24, com queda anual de 11,8%

O balanço da companhia foi impactado diretamente por enchentes no Rio Grande do Sul

Reuters

Divulgação/CPFL
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A CPFL Energia (CPFE3) fechou o segundo trimestre com quedas de lucro e Ebitda, impactados principalmente por prejuízos causados pelas enchentes no Rio Grande do Sul em suas operações locais de distribuição, geração e transmissão de energia, mas a velocidade de recuperação do Estado tem surpreendido, disse à Reuters o CEO da companhia.

A elétrica controlada pela chinesa State Grid anunciou nesta quinta-feira um lucro líquido de 1,1 bilhão de reais no segundo trimestre, 11,8% menor na comparação anual.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por sua vez, recuou 7,1% na base anual, para 2,83 bilhões de reais.

O indicador sofreu principalmente com um impacto negativo de 112 milhões de reais referente às operações no Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes em maio, que resultaram em baixa de ativos e aumento de custos operacionais para lidar com os efeitos da tragédia climática.

Segundo o CEO da CPFL, Gustavo Estrella, os principais desafios para recuperar os negócios no Rio Grande do Sul já foram endereçados nos últimos meses. Na distribuição, os serviços já foram restabelecidos a todos os clientes da RGE, concessionária responsável por 65% da energia consumida no Estado.

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Algumas milhares de unidades consumidoras foram destruídas pelas enchentes e ainda não voltaram a integrar a base da distribuidora, mas o diagnóstico final é bem melhor do que o projetado inicialmente, afirmou o executivo.

“No meio da crise, quando ainda não tínhamos dimensão, disse que poderia chegar de 30 mil a 50 mil (unidades consumidoras destruídas)… A boa notícia é que fechou em 3,5 mil, muito abaixo do que esperávamos, ficou restrito a regiões que já haviam sofrido com devastação anteriormente.”

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Na geração de energia, a CPFL está trabalhando para reconstruir a casa de força da hidrelétrica Monte Claro, enquanto também reconstrói uma parte da barragem da usina 14 de Julho.

Ele destacou ainda o diferimento do reajuste tarifário anual da RGE após um financiamento negociado junto ao BNDES. “É uma solução muito interessante, especialmente para o nosso cliente, que não vai ter esse impacto de tarifa… Era um reajuste em torno de 12%, nesse momento era impossível anunciar um reajuste deste tamanho”, acrescentou.

Segundo Estrella, o Rio Grande do Sul tem mostrado um ritmo de recuperação melhor do que o previsto, o que se reflete no consumo de energia principalmente pela indústria e comércio local. Pelos dados da CPFL, o consumo industrial de energia no Estado cresceu 7% em julho, depois de um queda de 3% em junho e de retração de 14% em maio.

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“É um número surpreendente (em julho)… Deve ter aqui algum impacto de demanda reprimida, formação de estoque, mas mostra sim uma recuperação bem mais rápida do que a gente imaginava. Essa tendência vale para a indústria e para o comércio também”, disse Estrella.

CORTES DE GERAÇÃO RENOVÁVEL

A CPFL teve ainda perdas de 21 milhões de reais no trimestre com os cortes de geração de energia renovável de suas usinas impostos pelo operador ONS, que vem adotando uma postura mais conservadora com o uso das fontes eólica e solar desde um apagão ocorrido em agosto do ano passado.

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“Isso aqui preocupa porque a nossa perspectiva é de que isso (cortes de geração) vai continuar existindo”, disse o executivo.

O ONS pode “cortar” a geração de usinas eólicas e solares quando não há capacidade de escoamento dessa energia pelo sistema de transmissão ou quando a produção supera a carga a ser atendida.

A CPFL registrou 664 GWh de geração eólica no segundo trimestre, abaixo dos 748 GWh apurados em igual período de 2023. Isso ocorreu tanto em função de uma redução dos níveis de vento, quanto das restrições determinadas pelo ONS, que foram responsáveis por uma redução de 33 GWh do volume gerado, disse a empresa.

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“Na semana passada, teve parque eólico meu no Ceará que, com vento, estava parado por restrição do ONS, ao mesmo tempo em que a nossa térmica a óleo combustível estava operando. Precisamos realmente pensar em caminhos e soluções para a geração renovável no Brasil”, finalizou Estrella.