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O conglomerado Cosan (CSAN3) anunciou nesta sexta-feira (7) que adquiriu participação correspondente a aproximadamente 4,9% do total de ações ordinárias (ex tesouraria) da mineradora Vale (VALE3).
O valor da fatia adquirida na Vale, com base no preço de fechamento da ação da mineradora de quinta-feira, gira em torno de R$ 17 bilhões.
Segundo apresentação divulgada ao mercado, R$ 8 bilhões serão em empréstimo ponte refinanciado por operação de
equity e os demais R$ 13 bilhões serão financiados via estrutura de derivativos em até 5 anos com garantia das ações da
própria Vale.
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A companhia acrescentou que ainda pretende aumentar sua participação acima do percentual já adquirido, e buscará imediatamente a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Até a deliberação do Cade, a Cosan informou que estará exposta a uma posição adicional e exclusivamente financeira de 1,6% do capital social da Vale, contratada por operação de derivativo diversa da utilizada para a aquisição, posição essa que
poderá ser convertida em participação direta da Vale após autorização da autarquia (levando a uma posição de 6,5%).
Segundo a Cosan, a aquisição foi feita por uma subsidiária e por meio de uma combinação de investimentos diretos (equity) e operação de derivativos.
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Segundo o Credit Suisse, a notícia é inesperada e com grandes impactos para a Cosan. A ação CSAN3 fechou em queda de 8,72%, a R$ 16,65, nesta sexta, sendo a maior baixa do Ibovespa no dia. VALE3, que chegou a subir até 5,15% no intraday, fechou com leve queda de 0,05%, a R$ 75,51.
A exposição de até cerca de 6,5% (total) da Cosan na Vale corresponderia a um valor de mercado de R$ 24,3 bilhões (equivalente a cerca de 70% do market cap da empresa).
“Esse movimento é mais um passo na jornada de diversificação de portfólio da companhia, investindo em ativos irreplicáveis nos setores em que o Brasil tem clara vantagem competitiva. A operação foi financiada por uma combinação de linhas de crédito que incluem a emissão privada de notas comerciais e um financiamento atrelado à instrumentos derivativos”, afirmou a Cosan em comunicado.
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A Eleven destacou que a operação faz parte da estratégia de diversificação da companhia, que já atua nos setores de energia (Raízen RAIZ4), gás natural (Compass), lubrificantes (Moove) e transporte ferroviário (Rumo RAIL3). As ações RAIZ4 caíram 6,05% (R$ 4,19) e 3,53% (R$ 19,11) na sessão.
A Cosan já havia anunciado planos em mineração, tendo feito acordo no ano passado com chinesa CCCC para adquirir 100% do TUP Porto São Luís, ativo importante no Maranhão para a companhia dar prosseguimento a uma joint venture que prevê produzir minério de ferro no Pará.
“Em nossa visão, a operação torna a operação da Cosan ainda mais complexa, sem muita sinergia com os demais negócios da companhia. Ainda, a companhia já está com uma alavancagem de 2,4 vezes o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] e a transação exigirá que a companhia se endivide ainda mais”, apontou a casa de análise. A recomendação da casa para as ações CSAN3 está em revisão.
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Segundo a Cosan, a aquisição da fatia na Vale foi feita por uma subsidiária e por meio de uma combinação de investimentos diretos (equity) e operação de derivativos.
A empresa –que por meio de subsidiárias atua em vários setores, de açúcar a combustíveis, gás a energia elétrica, além de logística– disse que a transação para comprar ações da Vale foi financiada por uma combinação de linhas de crédito que incluem a emissão privada de notas comerciais e um financiamento atrelado a instrumentos derivativos.
Na avaliação do Bradesco BBI, para a Cosan, trata-se de um movimento ousado que confere à empresa uma posição de alavancagem no negócio de minério de ferro, ou seja, em China.
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“Nossa equipe tem uma perspectiva positiva para a atividade chinesa no próximo ano, o que ajuda a reduzir o risco da aquisição. Por outro lado, o PIB da China pode estar em seu pico”, avalia o analista Vicente Falanga, do BBI.
O analista ainda destaca que, após a aquisição, a Cosan vai contar com uma relação entre dívida líquida e Ebitda levando em conta o método de soma das partes (com as consolidações proporcionais de cada negócio) subindo para um pouco abaixo de 3 vezes, ante 2,4 vezes, ao incorporar apenas a parcela de 4,9% da aquisição (lembrando que poderá aumentar para 6,5% no futuro, dependendo da aprovação do Cade).
O principal risco, no entanto, é sobre o que aconteceria se os preços do minério de ferro caíssem significativamente, levando a alavancagem proporcional ainda mais.
“No geral, vemos a aquisição como um aumento do perfil de risco/recompensa da empresa, mas uma aquisição de uma empresa sólida que poderia se beneficiar de alguma forma da equipe de gestão sólida da Cosan com pagamento de muitos dividendos”, aponta.
Os acionistas da Cosan no curto prazo provavelmente se sentirão órfãos da estratégia da empresa de desalavancar e retornar mais capital aos acionistas por meio de proventos e recompras, avalia o analista. “No longo prazo, no entanto, dependendo do preço do minério de ferro e das medidas estratégicas tomadas pela Vale, grandes dividendos seriam um cenário para os acionistas da Cosan”, aponta.
Falanga também destaca que há no radar o argumento de que a empresa se tornará incrementalmente complexa, portanto, o desconto de holding, que tem flutuado entre 10% e 15%, precisaria aumentar ainda mais, para 20%.
“Após a queda do preço das ações da Cosan, vemos o desconto de holding próximo a 15%, já incorporando a aquisição de 4,9% da Vale”, avalia.
São atribuídos os seguintes valores de mercado aos ativos da Cosan (proporcionais à sua participação): R$ 19,5 bilhões para Raízen, R$ 16,5 bilhões para Compass, R$ 3,8 bilhões para Moove, R$ 10,8 bilhões para Rumo, R$ 2,6 bilhões para Radar e Tellus Janus, R$ 2,0 bilhões para Gaspetro, cerca de R$ 720 milhões para a joint venture de mineração com Paulo Brito e R$ 17,8 bilhões para sua participação de 4,9% na Vale.
A dívida líquida consolidada do grupo após a aquisição deve atingir R$ 35 bilhões. O BBI mantém recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de R$ 28 por ativo para 2023. “A Cosan é uma empresa sólida e conta com uma equipe de gestão de alta qualidade”, avalia o analista, ponderando, contudo, que a percepção de risco sobre o negócio consolidado deve aumentar.
Impacto para a Vale
Do ponto de vista da Vale, o analista Thiago Lofiego, também do BBI, avaliou como um desdobramento positivo (ainda que as ações não tenham correspondido num primeiro momento).
A Cosan deve se tornar acionista de referência junto com a Mitsui, potencialmente exercendo maior influência na administração da mineradora, permitindo potenciais melhorias de eficiência estratégica e operacional.
“A nosso ver, uma reconhecida acionista de referência, como a Cosan, poderia levar as ações da Vale a continuarem tendo uma reclassificação maior em relação aos pares australianos, no contexto da estratégia de redução de risco existente da Vale nas barragens de rejeitos e frentes ESG, crescimento do volume de minério de ferro e desbloqueio do valor de segmento de metais”, aponta.
Ao mesmo tempo, na opinião do analista, há duas questões principais que precisam ser avaliadas: (i) a Cosan poderia trazer um mentalidade “expansionista” para a Vale, acabando por impactar a robusta remuneração aos acionistas da empresa e (ii)
alinhamento com outros acionistas importantes como Previ, Mitsui e Bradespar. O BBI reiterou sua recomendação outperform para a Vale.
Com relação a outras empresas do grupo Cosan, o analista do BBI Victor Mizusaki comentou sobre a Rumo, destacando não ver nenhuma mudança material para a empresa, dado que não distribui dividendos. No entanto, levando em consideração
considerando os aumentos de capex esperados com o projeto Lucas do Rio Verde, a empresa pode levantar capital para ajudar o Grupo Cosan mantém a alavancagem em níveis confortáveis, aponta.
(com Reuters)
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