Corte de 0,50 pp pode “complicar” Fed para próxima reunião 1 dia após eleição nos EUA

Eleição nos Estados Unidos pode mexer com os mercados e queda forte da taxa de juros nesta quarta (18) coloca mais pressão ao Federal Reserve

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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O Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, volta a se reunir no dia 6 de novembro, um dia após a eleição americana para presidente, uma das mais acirradas dos últimos tempos naquele país.

“Não acho que deveria ter cortado 0,50 ponto percentual (pp). Poderia ter sido 0,25 pp. O Fed poderia ter sido mais prudente (na reunião realizada nesta quarta, 18). Teria mais opções para a próxima reunião que vai acontecer um dia depois das eleições para presidente dos Estados Unidos”, disse Paulo Gitz, estrategista global da XP, no programa especial do InfoMoney, depois desta “Super Quarta”.

Menos opções ao Fed

“A gente tem a possibilidade de não ter um presidente eleito um dia após as eleições, já que pode ter recontagem de votos, judicialização. Então, a próxima reunião (do Fomc) é complicada. Se tivesse dado 0,25 pp, poderia ficar com mais opões (de mexer com os juros)”, disse Gitz.

Caio Megale, economista-chefe da XP, que também participou do programa, acrescentou que “nem só de Fomc vive o dólar”, Para ele, “temos uma eleição presidencial americana e essa eleição pode mexer bastante com a tendência do dólar”.

Catherine Menezes Cruz, CIO da Integrity Wealth Management, outra convidada do programa, apresentado pelo jornalista Mitchel Diniz, crê que o tamanho do corte dos juros nos Estados Unidos foi “muito positivo” para o Brasil, principalmente para o fluxo estrangeiro, e que pode impactar dólar e inflação aqui.

Pontos do Powell

Paulo Gitz destacou três pontos da coletiva de imprensa de Jerome Powell, presidente do Fed, após a decisão do Fomc. “Ele falou que não estava mudando (os juros) para taxas ultrabaixas. E que também não deveria considerar a nova velocidade (de 0,50 pp) o corte do Fed. Além disso, não estavam declarando vitória sobre inflação”, pontuou.

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Mas para o estrategista da XP, corte de “0,25 pp ou 0,50 pp faz pouca diferença”. Para Gitz, “o que faz diferença para o mercado de ações são as expectativas de taxa terminal, ou seja, onde o Fed vai parar (de cortar os juros)”.

O ponto crucial a partir de agora, para o analista, são os dados do mercado de trabalho, que podem ou não dificultar a política monetária.

“O cenário mais benigno para o mercado de ações é esse visto recentemente, com mercado de trabalho morno e a inflação convergindo para a meta”, complementou.

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Real não abaixou tanto

Sobre o aumento dos juros no Brasil de 0,25 pp, decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta, Caio Megale disse ter ficado surpreso de o real não ter se valorizado tanto.

“Por aqui, o BC respondeu de forma firme ao risco de alta da inflação e a nossa expectativa é de que teria alguma valorização do real. Isso aconteceu um pouco hoje (quarta), durante uma parte do dia”, comentou.

Para o economista, o Banco Central está determinado em trazer a inflação para a meta. “A projeção (anterior) era 3,2% e foi para 3,5% (estimativa para o 1º trimestre de 2026). Antes, eles diziam que em torno de 3,2% estava mais equilibrado”, afirma.

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“Agora (pelo comunicado), elevou de 3,2% para 3,5% e disse que em torno desse 3,5% o risco é para cima e não para baixo. Então, não só está fora da meta (de 3%) como mais para cima de 3,5% do que para baixo disso”, explicou.

Atividade econômica em aceleração

“Considerando que a atividade econômica está acelerando, o que a gente sente de debate no mercado e que o risco hoje é da Selic ir além dos 12% (taxa terminal desse novo ciclo de aperto monetário, pelas estimativas da XP) e não ficar aquém desses 12%”, analisou.

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Catherine Menezes Cruz crê que os juros devem se manter altos por mais tempo e em 2026 voltar a cair.

“O comunicado do Banco Central está sendo muito duro com a inflação. E a gente vai ter um novo desafio que vai ser o novo presidente do BC, que vai precisar mostrar credibilidade. E na medida que o mercado vai acreditando, vai ficando mais confortável, o que vai importar é a curva longo (de juros)”, concluiu.