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Na véspera, a elétrica paranaense Copel (CPLE6) informou que o governo do Paraná, seu controlador, fará estudos com o objetivo de subsidiar modelo para potencial operação no mercado de capitais em que se otimize o investimento do Estado na Copel. Segundo o comunicado, o governo paranaense solicitou, no fim de outubro, “informações técnicas” ao Conselho de Controle das Empresas Estaduais.
A notícia, ainda que não explicite o modelo a ser adotado, elevou os indicativos de uma possível privatização da companhia de energia paranaense, o que fez as ações fecharem com alta de 8,92%, a R$ 8,06, na sessão desta terça-feira (1), após saltarem 10,27%, a R$ 8,16, na máxima do dia.
O estado do Paraná possui atualmente 69,7% das ações ordinárias, mas 31,1% do capital total.
“A adoção de eventual modelo, a depender dos estudos que serão realizados para este fim, estará sujeita a determinadas aprovações, de acordo com a lei e os regulamentos aplicáveis”, diz o comunicado do governo paranaense divulgado pela Copel.
Ainda segundo a elétrica, a manifestação do Estado não deve ser considerada ou interpretada como sendo um anúncio de operação no mercado de capitais envolvendo a companhia.
“Com informações limitadas além do press release, esse movimento pode ser interpretado como, pela primeira vez, o Paraná olhando para a possibilidade de privatizar a Copel, ou pelo menos vender partes da empresa (geradoras, por exemplo). Embora o estudo deva contemplar todas as opções possíveis, destacamos que em 2021, buscando rentabilizar seu investimento na Copel, o Estado do Paraná tentou vender parte de suas ações na empresa, mas ainda manter o controle, o que não foi bem recebido pela investidores (a ação desvalorizou-se acentuadamente na época)”, destacam os analistas do Bradesco BBI.
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O banco lembra que o governador reeleito Carlos Massa Junior (também conhecido como Ratinho Junior) agora tem, supostamente, menos restrições para avançar com a privatização, tendo amplo apoio no legislativo estadual e sendo reeleito com cerca de 70% dos votos.
“Obviamente, a privatização da Copel poderia trazer recursos significativos para o estado que poderiam ser investidos em outras áreas de interesse público, alavancando a plataforma política do governador. Por fim, o Paraná, como outros estados do Brasil, perdeu receita tributária significativa, pois o ICMS VAD aplicado nas contas de energia elétrica foi reduzido, provavelmente tornando a venda de ativos uma opção atraente”, ressaltam.
Quanto ao formato de uma potencial venda de ativos, os analistas avaliam estarem mais inclinados a pensar que, se o Paraná decidir vender a Copel, seria por privatização da empresa total (não apenas partes dela). “Embora vender apenas geração e/ou transmissão implicasse em menor oposição eruído por parte dos políticos locais e da população paranaense, manter a distribuidora de margem mais baixa como uma estatal provavelmente seria menos desejável devido aos riscos operacionais (problemas nas companhias privadas como Celg-D, Amazonas-D e Light LIGT3 são exemplos de como esse segmento deveria ser menos atrativo para qualquer governo estadual operar)”, avalia o BBI.
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Já o Itaú BBA avalia que o estado do Paraná analisará a possibilidade de vender as ações em oferta secundária até o limite para manter o controle ou vender o controle da empresa em modelo semelhante ao utilizado pela Eletrobras (ELET3;ELET6).
“Ainda é cedo para dizer se isso pode levar a uma potencial privatização, mas acreditamos que a ação provavelmente reagirá positivamente hoje em reação a esse anúncio”, afirmou o BBA em relatório antes da abertura do mercado. Em 22 de outubro, a Copel subiu 4,5% após uma entrevista em que o governador eleito mencionou que poderia mudar sua visão atual sobre uma potencial privatização.
Os analistas do BBA têm recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para CPLE6, com preço-alvo de R$ 7,40, mesmo fechamento da véspera. Já o BBI possui recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 7 (um valor 5,45 menor frente o fechamento de segunda).