Conheça o “Warren Buffett europeu”, que faturou com a venda de Pasadena à Petrobras

Albert Frère, de 88 anos, esteve na ponta ganhadora da polêmica venda da refinaria; apelido deve-se ao estilo de investir parecido com Buffett, mas nem de longe o belga é tão comunicativo quanto o "Oráculo de Omaha"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto a Petrobras (PETR3PETR4) amargou um prejuízo de US$ 1,18 bilhão com a compra da refinaria de Pasadena, outros enriqueceram – ainda mais – com o negócio controverso. É o caso do controlador do grupo belga Astra Ascor, que fez um ótimo negócio ao receber um retorno de 1.590%. Com isso, Albert Frère, conhecido como barão belga e o “Warren Buffett da Europa” conseguiu aumentar ainda mais o seu patrimônio.

Frère, 88 anos, é um dos homens mais ricos da Bélgica, possuindo uma fortuna avaliada em US$ 4,9 bilhões, ocupando a 295ª posição no ranking de bilionários da Forbes. Ele é o controlador da Astra Oil, do grupo Astra Ascor, e vem ganhando notoriedade no Brasil após ter comprado a refinaria de Pasadena por US$ 42,5 milhões e no ano seguinte vender 50% dela para a estatal brasileira por US$ 360 milhões. A companhia também recebeu outros US$ 820,5 milhões pelos outros 50% em razão da chamada Put Option, em que se estabelecia que uma das partes deveria comprar a outra metade em caso de conflito entre os sócios. 

As empresas integram a holding CNP (Compagnie Nationale à Portefeuille), que atua na área de investimentos em diversos países, com aporte tanto em energia, telecomunicações quanto bancos. 

E a história do bilionário por trás dessa polêmica transação também é peculiar. Frère é como um “Warren Buffett europeu”. Não terminou os estudos e tomou o controle dos negócios da família com apenas 17 anos, após a morte do pai durante a 2ª Guerra Mundial. Já na década de 1960, transformou o pequeno negócio de sucatas numa grande empresa de investimentos em aço e, na década de 1970, quando o governo da Bélgica resolveu nacionalizar o setor, ele controlava praticamente metade da indústria siderúrgica nacional e quase tudo da região de Charleroi. 

Com a venda de todas as suas operações para o estado, Frère ficou milionário. Ele passou a se dedicar a outros investimentos, como compra e venda de empresas, fundando a holding suíça Pargesa, com o canadense Paul Desmarais, passando a diversificar os seus investimentos ao longo dos anos. Em 2008, houve um dos seus investimentos mais icônicos, ao promover a união da CNP com a Gaz de France, originando uma gigante do setor elétrico na Europa, a GDF Suez. 

Warren Buffett “inacessível”
Frère é conhecido por ser uma espécie de Buffett pelo seu estilo em investir: ele não costuma entrar no gerenciamento das empresas e escolhe setores que sejam boas apostas no longo prazo. 

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Porém, as semelhanças param por aí. Ao contrário do “Oráculo de Omaha”, que usa redes sociais, dá palestras e conversa com investidores em cartas da Berkshire Hathaway, Frère é recluso e não circula em grandes eventos. 

Em 1994, em meio ao seu sucesso no mundo dos negócios, ganhou o título de barão do rei Alberto II. E, como barão, adora vinhos. Ele é sócio de Bernard Arnault da vinícola Château Cheval Blanc, próxima a Bordeaux, além de também ter investido em restaurantes. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.